18/08/2015 - PORTO ALEGRE, RS, BRASIL - Assembléia dos Policiais Civil e UGEIRM sindicato aprovam paralisação de 3 dias e realizam caminhada até o centro. | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Ugeirm denunciará governo Sartori a Comissão de Direitos Humanos

O Sindicato dos Escrivães, Inspetores, Investigadores e Comissários de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm) encaminha nesta quarta-feira, dia 8 de fevereiro, denúncia contra o governo José Ivo Sartori, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos. A representação acusa a violação de direitos de detentos amontoados em delegacias de Polícia, o que tem provocado repercussões diversas, tal como o prejuízo das atividades de segurança pública.

Desde 2015, as delegacias passaram a ficar superlotadas de presos e têm registrado motins, fugas, ameaças à integridade de agentes policiais e depredação de patrimônio. Em diversas oportunidades, sobretudo em Porto Alegre e na região metropolitana, o cumprimento das atribuições constitucionais da Polícia Civil foi suspenso, com prejuízo difuso à sociedade que procura as delegacias, como vítima, para registrar crimes e demandar sua investigação.

A Polícia Civil não tem mandamento constitucional para custodiar presos provisórios ou condenados e as delegacias não são instituições penais. Por isso, não foram concebidas com esse intento. Além de espaço, as delegacias não dispõem de alimentação, chuveiros e atendimento médico. Os presos não têm direito a visitas ou exposição ao sol. Com celas superlotadas, as delegacias não oferecem condições mínimas de higiene e de segurança. De modo rotineiro, o governo tem promovido a violação de direitos de dignidade humana ao amontoar, de modo lamentavelmente inédito, presos em delegacias gaúchas.

No Rio Grande do Sul, a custódia de presos é conferida à Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe). Devido à superlotação, a Justiça tem determinado sucessivas interdições do Presídio Central e de outros estabelecimentos penais. Assim, as delegacias tornaram-se locais de permanente encarceramento, afrontando a legislação vigente e em flagrante descumprimento de ordens judiciais que determinaram a remoção de presos desses locais. Com celas também superlotadas, passou a ser rotina manter presos em corrimão e pátios de delegacias, tornar viaturas e ônibus locais de cárcere e até algemar pessoas em lixeiras em rua de intenso tráfego.

Em dezembro de 2013, a CIDH acolheu denúncia de violação de direitos humanos no Presídio Central de Porto Alegre. Foram concedidas medidas cautelares, inclusive determinando a redução imediata da população carcerária daquele estabelecimento. A República Federativa do Brasil comprometeu-se em promover correções, mas sequer conseguiu estancar a superlotação das instituições penais gaúchas. Em descumprimento das medidas exaradas, o Rio Grande do Sul passou a manter presos em delegacias, o que constitui ilícito com nova violação da dignidade humana de detentos.

Fonte: Ugeirm/Sindicato

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