O salário mínimo, deste ano, passou de R$954,00 para R$998,00 reais. O reajuste autorizado pelo governo de Jair Bolsonaro foi de 4,6% e vai trazer impactos nas contas públicas, mas também na economia brasileira que receberá uma injeção de R$ 27,1 bilhões por conta do aumento, segundo estimativa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), divulgada recentemente.
O departamento estima que 48 milhões de pessoas têm rendimento vinculado ao salário mínimo. O impacto do aumento para as contas da Previdência Social será de R$ 13,3 bilhões ao ano, segundo o Dieese. Porém, o custo “seria totalmente compensado pelo aumento da arrecadação tributária”.
O decreto com o reajuste foi assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 1º. O valor é inferior aos R$ 1.006 aprovados pelo Congresso para o Orçamento deste ano. Isso ocorreu porque a previsão para a inflação de 2018 diminuiu desde a aprovação dos R$ 1.006. A estimativa de inflação entra na conta do reajuste do mínimo.
O economista Roberto Dumas explica que o impacto positivo é o aumento no consumo: “É positivo, dá pra aumentar o consumo sem bater na inflação. Num primeiro momento isso é benéfico. Num segundo momento pode não ser, pelo seguinte – o que está acontecendo desde o ano 2000 é que o salário está sempre aumentando acima da produtividade do trabalhar e isso está prejudicando a margem da empresa”, explica.
Com o novo salário mínimo de R$ 998, seria possível comprar 2,22 cestas básicas. O valor da cesta básica foi estimado em R$ 450 em janeiro. “A quantidade de 2,22 cestas básicas ainda é o maior valor verificado desde o ano de 1995, porém muito semelhante ao valor registrado nos últimos três anos”, apontou o departamento.
O governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, terá que decidir até 15 de abril qual será a regra de reajuste do salário mínimo a partir de 2020. O Ministério da Fazenda sugeriu ao novo governo a revisão da regra atual, que leva em conta a inflação e o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).
Com esse modelo, o salário mínimo costuma ter reajuste real, ou seja, acima da inflação, exceto quando a economia não cresce. Esse modelo de reajuste virou lei em 2011, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, e estabelecia que o aumento deveria seguir a fórmula de inflação mais PIB entre 2012 e 2015. Depois, Dilma editou uma medida provisória, que foi convertida em lei, para manter a mesma regra entre 2016 e 2019. Antes disso, o reajuste era definido ano a ano pelo governo, sem seguir uma regra fixa.
Para o economista Luiz Edmundo de Moraes, o tema é considerado delicado porque afeta as contas públicas, já em crise: “estimativas da equipe econômica mostram que cada R$ 1 de alta no salário mínimo tem impacto de R$ 304 milhões em gastos da União.
O especialista também explica sobre os cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em novembro, por exemplo, o salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 3.959,98. O valor é 4,15 vezes o salário mínimo em vigor, de R$ 954.
O departamento divulga mensalmente uma estimativa de quanto deveria ser o salário mínimo para atender as necessidades básicas do trabalhador e de sua família, como estabelecido na Constituição: moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social.
Moraes aponta que o salário-mínimo é uma referência fundamental no cálculo da previdência, mas o grande problema do aumento é atualizar a conta dos aposentados. “Estamos vivendo um caso de grande déficit de público e uma das prioridades do governo é equacionar a questão da aposentadoria, de certa forma esse aumento moderado do salário-mínimo visa equilibrar as contas públicas e evitar que o déficit aumente”, afirma Moraes.
Um relatório divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Ministério da Fazenda sugere que o novo governo revise a política de reajuste do salário mínimo, após a discussão da reforma da Previdência. Esse documento contém orientações sobre as realizações do atual governo e pontos de atenção para a equipe de transição. O ministério avaliou que a nova política de reajuste do salário mínimo deve ser “condizente com os níveis salariais do setor privado” e “compatível com as restrições fiscais do setor público”.
Fonte: Airton Ferreira/Central de Jornalismo da Rádio Difusora
Dados: Dieese
Reinaugurada a ponte sobre o Arroio Marrecão, em Santa Tereza
Cerca de 20 mil devotos participam da 146ª Romaria de Nossa Senhora de Caravaggio na manhã deste sábado
Secretaria da Saúde monitora pessoas que tiveram contato com animais infectados por gripe aviária