Ambulatório Pós-Covid: em quase cinco meses mais de 1700 atendimentos foram realizados no espaço

A Secretaria da Saúde tem realizado um trabalho intenso em praticamente dois anos de pandemia. Um dos passos mais importantes foi dado em novembro do último ano, com a criação do ambulatório Pós-Covid, estendendo o atendimento a pacientes que receberam alta hospitalar, e que mesmo em casa, continuam o processo de recuperação das sequelas da doença. Ao longo de pouco mais de quatro meses já ocorreram aproximadamente 1729 atendimentos, divididos entre diversos profissionais. O espaço conta com enfermeiros, médicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas e otorrinolaringologistas. Os atendimentos médicos no tratamento às pessoas em processo de recuperação das sequelas do coronavírus já vinha sendo realizado na Unidade de Pronto Atendimento do bairro Botafogo (UPA 24h).

O ambulatório Pós-Covid conta com 8 horas de psicologia por semana e na média são realizados 7 atendimentos por semana além da reunião de equipe semanal e capacitação mensal.

O início de tudo

Na época em que se discutia a instalação do ambulatório, a então estudante de Enfermagem e estagiária, Camila Barrios Anjos da Mota, estava trabalhando no projeto de conclusão de curso sobre a Covid-19, fazendo um estudo científico e mapeando as sequelas ocasionadas pela doença. No processo de criação do ambulatório, Camila auxiliou com ideias e também com um referencial teórico para o projeto.

O engajamento de uma estudante

Em 2020, antes de iniciar seu TCC, Camila foi diagnosticada com Covid-19, onde cumpriu as exigências do isolamento domiciliar, e sendo acometida com um quadro progressivamente grave, onde necessitou de internação hospitalar e auxílio multiprofissional além de aporte de O2, já que a sua capacidade pulmonar chegou a ser de 50%.

Após o episódio e de progressivamente realizar o trabalho de recuperação, Camila iniciou os estudos sobre a doença.

A pesquisa iniciou-se no início de 2021 obtendo mais de 5000 materiais para análise, dentre eles artigos, jornais e monografia publicados no período de 2020 e 2021. Após a seleção dos materiais foram usados 55 materiais se dando o início da leitura e escrita das categorias e subcategorias bem como os resultados.

Uma das ideias de Camila era poder proporcionar para as pessoas, principalmente para aquelas que dependem totalmente do SUS, a ter um espaço de referência em que pudessem ser atendidas e recuperadas devido a todos os sintomas persistentes, bem como as sequelas posteriores. Ela conta que o auxílio e trabalho em conjunto com a equipe da Saúde do município foi fundamental para colocar em prática o projeto.

“Após metade da escrita pronta, com um bom referencial teórico pude contribuir na construção do projeto da prefeitura juntamente com a Nubia Beche (NUMESC), Melissa Bonato (Coordenadora UPA 24H), Secretaria de Saúde e demais membros que se fizeram presentes nas diversas reuniões até a implementação do Ambulatório. A construção do projeto se deu em conjunto com equipe multidisciplinar, fundamental para a assistência desses sobreviventes. Após diversas reuniões e o projeto finalizado, foi apresentado à Secretaria de Saúde do município e ao Conselho Municipal de Saúde”.

A enfermeira destaca que “sem dúvidas, a implantação do ambulatório não só agrega e tem uma importância relevante para o município como principalmente para os sobreviventes da Covid-19, que tanto quanto eu, necessitam de atendimento especializado e individualizado para sua completa recuperação”.

O estágio hospitalar

No estágio hospitalar Camila trabalhou diretamente com indivíduos positivados, com pacientes pós-extubação, pacientes em recuperação. Ela recorda sobre o período, que descreve como sendo de grande aprendizado e amadurecimento profissional.

“Meu estudo e minha vivência impactaram diretamente nos meus estágios e nas formas de conduta com cada paciente. Especialmente, no estágio realizado na UPA24H, após 6 meses da minha internação pude estar lá de outra forma, do outro lado, auxiliando pacientes Covid-19, realizando trabalho da Enfermagem supervisionado, por ser estagiária, esse sem dúvidas, foi o maior desafio que encontrei frente aos estágios, estar ali trabalhando e auxiliando pacientes na situação em que me encontrara 6 meses antes”, se emociona.

Foi neste período que a jovem teve a ideia de contribuir com um projeto que levasse ainda mais alternativas para pacientes em recuperação.

“Eu sabia que com a implementação de um local de referência, estaríamos redirecionando esses pacientes diretamente para um serviço específico e especializado, com profissionais capacitados, favorecendo os serviços de saúde e suas demandas bem como os pacientes. Acredito que ter sido um acerto indiscutível”.

A Enfermeira e Coordenadora do Núcleo Municipal de Educação em Saúde Coletiva (NUMESC-BG), Núbia Beche Lopes, comentou sobre a importância do trabalho da contribuição de Camila.

“O projeto do ambulatório Pós-Covid foi coordenado pelo NUMESC, e o projeto da Camila foi bem utilizado, assim como o referencial teórico do trabalho dela. O projeto serviu como base para os dados da literatura, onde na época vimos quais os enfoques e profissionais que deveriam ter no ambulatório”.

Núbia recorda ainda da dedicação e empenho da então estudante de enfermagem.

“É uma pessoa super dedicada, que teve toda sua história pessoal envolto a Covid-19, sentiu o estresse de depender do oxigênio, e alguém que levou isso para os estudos. Precisamos de mais exemplos como a Camila, que foi uma excelente estagiária. É uma ex-aluna, atual enfermeira, que eu tive a honra de ser professora e coordenadora do curso. Ela é um exemplo de dedicação”.

A enfermeira Marisete Tereza Basso Zanotto, atuou ao lado de Camila, e também salienta sobre a importância da criação do ambulatório.

“Em primeiro lugar quero parabenizar a colega enfermeira Camila pela excelente ideia de pensar e elaborar um projeto para pacientes com sequelas pos covid 19. Projeto este que deu origem ao nosso ambulatório, todo estruturado, montado, organizado e posto em prática por uma equipe multiprofissional. Hoje conseguimos constatar melhoras significativas nos pacientes atendidos o que nos remete a uma avaliação positiva do nosso trabalho”.

A secretária da Saúde, Tatiane Misturini Fiorio, enalteceu sobre o trabalho e dedicação da então estagiária para a implementação do ambulatório.

“Ela teve uma experiência pessoal e decidiu fazer o trabalho de conclusão sobre a linha de cuidado Pós- Covid. Ela leu, estudou e se interou sobre centenas de artigos científicos publicados. Quando ela trouxe pra gente culminou com a ideia que tínhamos, e foi muito bom, muito positivo. Foi um orgulho e peça fundamental para poder implementar e estabelecer um fluxo de atendimento e pacientes. Nos orgulha muito ela ter participado dessa caminhada e feito o projeto junto com a Secretaria Municipal”.

Ainda sobre Camila

Hoje Camila continua em acompanhamento médico com pneumologista, e conforme ela diz, deve ser ao longo de toda sua vida, devido a um nódulo em lobo inferior direito no pulmão que a grave pneumonia ocasionou e tratamento medicamentoso para tratamento psicológico.

A profissional é formada em Enfermagem pelo Centro Universitário Cnec de Bento Gonçalves e Pós-graduada em UTI Geral e Gestão da Assistência ao paciente crítico- Centro Universitário UniFaveni.

Como procurar atendimento no ambulatório

Pessoas acometidas por infecção pós- Covid e com sequelas, podem procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS), ou unidade da Estratégia da Saúde da Família (ESF), onde passará por consulta médica, e posteriormente encaminhado para atendimento no ambulatório. Dúvidas podem ser sanadas através do telefone 30558518.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social Prefeitura

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