Produção de mudas sadias de quivizeiro pauta curso na Embrapa de Bento

Nos dias 29 e 30 de novembro aconteceu na Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves, RS, o curso sobre “Produção de mudas de quivizeiro em cultura de tecidos e viveiros”. O evento foi uma promoção conjunta entre a Embrapa, o Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Irrigação do RS (SEAPI), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Secretaria Municipal de Agricultura de Farroupilha e Silvestrin Frutas.

O quivizeiro é uma planta cuja propagação depende de mudas de qualidade, a exemplo de outras frutíferas. A obtenção de plantas sadias e de qualidade a partir de sementes não traz essa certeza, por isso a importância de técnicas de multiplicação vegetativa, indispensáveis para a oferta de material propagativo superior, contornando problemas genéticos e sanitários e contribuindo para o fortalecimento da produção nacional de quivi. Atualmente o cultivo do quivizeiro no Sul do Brasil está em diminuição, principalmente em decorrência de um complexo de doenças, dentre as quais destaca-se a “murcha por Ceratocistys”, cuja principal forma de transmissão é o plantio de mudas contaminadas. Sabe-se que esse é um problema difícil de superar, uma vez que os produtores não têm acesso a mudas sadias, agravando o problema ao longo do tempo. Nesse contexto, o projeto Estabelecimento e implementação de programa de boas práticas agrícolas para produção de quivi mediante rede de parcerias estratégicas em execução e sob coordenação da Embrapa Uva e Vinho, em parceria com outras instituições de pesquisa, ensino e extensão, além de empresas do setor privado, busca aprimorar a produção de mudas de quivi, tanto in vitro quanto in vivo.

Trazendo tecnologias e conhecimentos do Chile, terceiro maior produtor mundial da fruta e detentor de tecnologias de ponta, o curso contou com a presença do engenheiro agrônomo Eusébio Diaz Fonseca, do Viveros Biotecnia em Curico, Chile. O profissional com comprovada experiência na área acredita na possibilidade de adaptação das técnicas chilenas às condições brasileiras, representando avanços expressivos à cultura. Além de palestras, Fonseca ministrou aulas práticas com informações importantes para as técnicas de multiplicação de material sadio, que, segundo ele “são essenciais para produzir plantas saudáveis. Isso se faz a partir de uma planta-mãe de qualidade, que passa por um processo de desinfecção e esterilização a 100%.”. Uma vez obtida essa planta-mãe, somente depois de três ou quatro cortes consecutivos poderíamos afirmar que temos uma planta sadia estabelecida in vitro. Se essa planta estiver crescendo adequadamente, poderemos partir para uma produção em escala. A última etapa será a do enraizamento, semelhante ao que ocorrem no laboratório nas condições in vitro, mas com a possibilidade de finalizar esse processo na condição in vivo. Poderíamos dizer que este é o ciclo resumido da produção in vitro. Primeiro, a planta-mãe, depois o laboratório e, depois do enraizamento in vivo e aclimatação ao mesmo tempo para posterior enxertia.

Gervásio Silvestrin, engenheiro agrônomo da Silvestrin Frutas, acredita que a multiplicação in vitro é um processo que garante a limpeza das mudas: “precisamos dessa tecnologia para obtermos material limpo e iniciar uma nova fase na produção de quivi, principalmente quando consideramos a ameaça do fungo Ceratocistys, que pode ser superado com mudas sadias que tenham origem in vitro”.

Os participantes do evento ainda puderam conhecer os resultados de pesquisa dos mestrandos da UFRGS Francisco Marodin e Leonardo Guasso, que apresentaram os trabalhos com termoterapia visando à inativação do fungoCeratocistys e a relação entre a época de coleta e a dose de reguladores de crescimento promotores do enraizamento das estacas.

Para o organizador do evento, o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Samar Velho da Silveira, “o produtor que for renovar o seu pomar deve ter em mente que o primeiro critério a ser observado é comprar muda de qualidade, com a melhor sanidade possível. A muda deve ser considerada como investimento e não adianta comprar uma muda barata e que vem contaminada, pois em três ou quatro anos o pomar inteiro estará condenado. A importância desse curso foi aprimorar a técnica de produção de muda de quivizeiro de qualidade e com a com a maior sanidade possível, visando a retomada do plantio do quivizeiro em um futuro próximo, por hora estagnado devido à epidemia de Ceratocystis fimbriata que assola a cultura.”

O curso foi direcionado a laboratoristas, responsáveis técnicos, viveiristas e acadêmicos do setor da fruticultura.

A Secretaria de Desenvolvimento Rural de Farroupilha foi parceira neste curso, pois entende ser de extrema importância oportunizar a todos os interessados na área, ampliação de conhecimentos, através de profissionais qualificados, como o pesquisador Eusébio Diaz Fonseca. O secretário Ricardo Bicca Ferrari, salienta que “de posse das informações e troca de experiências, as mesmas poderão ser utilizadas na pesquisa e repassadas aos produtores e interessados na cultura de quivi. Nosso apoio e parceria se mostra positivo diante da possibilidade de crescimento e fortalecimento desta área, fundamental para a sustentabilidade na pesquisa voltada à produção de quivi na região”.

 

Fonte: Embrapa Uva e Vinho

 

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