Após três anos de Operação, Polícia Federal cita escritório de Bento como suspeito

Pouco mais de três anos da realização da Operação Carmelina, que desarticulou uma organização criminosa formada por advogados e contadores, que teria lesado cerca de 30 mil pessoas no Rio Grande do Sul, com um prejuízo de R$ 100 milhões, Bento Gonçalves voltou a estar entre as cidades citadas na continuidade da investigação do Ministério Público Estadual e Polícia Federal.

Em 2014, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em escritórios de Passo Fundo e Bento Gonçalves. Era mais uma etapa em busca de provas diante de clientes que eram lesados após ingressarem com ações judiciais contra a Brasil Telecom.

O advogado Maurício Dal’Agnol, de Passo Fundo, chegou a ser preso como o principal suspeito do golpe. Em suas contas, circularam R$ 2,8 bilhões de 2011 e 2015. Porém, um habeas corpus foi concedido e ele foi solto. Pior que isto, é que ninguém foi ressarcido até então.

O caso voltou a ganhar repercussão porque foram cumpridos mandados de busca em escritórios de Porto Alegre, onde se constatou a suspeita do envolvimento do advogado Roger Belle, de Bento Gonçalves, integrando uma suposta organização criminosa.

“O esquema era mais ou menos igual do que foi agora divulgado. Havia acordo entre os advogados da Brasil Telecom, os das vítimas, que recebiam normalmente 40% do valor depositado, para desistir do processo judicial, depois de serem depositados valores vultosos”, disse o delegado da Polícia Federal de Passo Fundo, Mário Vieira.

A defesa de Roger Belle, o advogado André Callegari, informou que “são fatos pretéritos que ocorreram em 2014 e que se encontram sob judicie na Vara Federal de Passo Fundo”, afirmou.

Callegari também representa Vilson Bellé, pai de Roger e contador. Ele acrescentou que “em alguns casos ele era responsável por efetuar os pagamentos de clientes que pertenciam ao escritório do advogado Dal’Agnol, pagamentos que já vinham com cheques nominais e prestação de contas. Portanto ele diretamente se quer tinha competência legal para receber estes valores”, mencionou.

O delegado da Polícia Federal de Passo Fundo, Mário Vieira, informou que haverá responsabilização geral em virtude de que o patrimônio de quem participou do esquema criminoso estaria sendo sequestrado. “Eles serão processados. Não só os de Bento como os mais de os mais de 20 escritórios em nível de RS”, finalizou.

Callegari respondeu que a fase “ainda é prematuro porque não houve contraditório da defesa, sem ainda a defesa técnica e oitiva das testemunhas”.

Ouça a entrevista com o delegado da PF, de Passo Fundo, Mário Vieira:

Ouça agora o advogado André Callegari, da defesa de Bellé:

Entenda o caso:

A Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre, com o apoio do GAECO e da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público, cumpriu, no último dia 08, quatro mandados de busca e apreensão em Taquara e um em Porto Alegre, além do sequestro de veículos e imóveis na capital, litoral e interior.

Nesta ação constatou-se a relação do escritório de Bellé com os advogados de Porto Alegre, de acordo com a Polícia Federal, na entrevista concedida pelo delegado Mário Vieira.

“A Brasil Telecom fazia acordos com os advogados. Neste inquérito havia R$ 12 milhões para as vítimas, e o escritório de Bento pagou R$ 15 mil para cada uma. Era este tipo de acordo que era feito”, encerrou o delegado.

Em muitos dos casos, os dois advogados, em petições conjuntas com os representantes da operadora de telefonia, renunciavam à totalidade das verbas.

 

Fonte: Central de Jornalismo da Difusora

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