Considerada uma das estratégias mais eficazes em países que conseguiram controlar a pandemia de coronavírus, a ampliação da testagem da população gaúcha com o rastreamento de casos é o foco do Testar RS. O projeto foi lançado pelo governador Eduardo Leite nesta quinta-feira (23/7), em transmissão ao vivo pelas redes sociais.
“A Covid-19 é uma doença nova, que assusta e ensina. Hoje, já sabemos que o seu enfrentamento envolve uma série de ações complementares. Estamos lançando esse amplo programa de testagem e busca ativa de infectados, o Testar RS, que vai ser operacionalizado pelo Estado em conjunto com o Ministério da Saúde e as secretarias municipais de Saúde e com o apoio da iniciativa privada, por meio do programa Todos Pela Saúde, que darão suporte para essa ação pioneira e, tenho certeza, será um bom exemplo para o Brasil”, anunciou o governador.
Atualmente, são feitos 1 mil exames diários do tipo RT-PCR, que detecta a presença do vírus no organismo e é considerado o mais eficiente para diagnóstico da doença, seja pelo Laboratório Central do Estado (Lacen-RS) ou por laboratórios parceiros de universidades. Com o Testar RS, o objetivo é ampliar em mais 7 mil exames por dia – totalizando 8 mil testes no RS.
A ampla testagem em conjunto com a análise do perfil dos casos infectados e sua distribuição geográfica no território gaúcho possibilitarão direcionamento mais eficiente das estratégias de distanciamento social, buscando promover a quebra da cadeia de transmissão do vírus.
“Além de ampliar a testagem, vamos usar o aplicativo Dados do Bem, que vai nos ajudar a acelerar o rastreamento. A intenção é diagnosticar mais rapidamente, fazendo busca ativa pelas pessoas contactantes de casos confirmados para testá-las também. Se confirmar o diagnóstico poderemos fazer rapidamente o isolamento. Com isso, queremos reduzir a transmissão comunitária do vírus e reduzir o crescimento da curva epidêmica de forma a assegurar a capacidade de atendimento hospitalar no RS”, apontou Leite.
Testagem massiva em duas etapas
A estratégia será dividida em duas etapas. A primeira, que começa já nesta quinta-feira (23/7), será aplicada em dois grupos prioritários: as cerca de 800 Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPIs), devido ao alto risco de exposição ao vírus, evidenciado pelos diversos surtos nesses locais, e os estabelecimentos de saúde, que têm muitos profissionais afastados por suspeita e precisam estar seguros para atuarem no combate à pandemia.
Também fazem parte na fase inicial pessoas com sintomas gripais que residam nos 30 maiores municípios com mais de 40 mil habitantes e maior incidência de casos confirmados de Covid-19 (veja lista no final do texto).
“Já na primeira etapa, vamos disponibilizar a realização de mais 1 mil testes diários, uma parte no Lacen e outra no Paraná e em São Paulo. Posteriormente, graças ao envio pelo Ministério da Saúde de um extrator, junto aos kits de insumos, e de mais um que o Estado está adquirindo, teremos mais agilidade na realização dos exames que hoje são feitos de forma manual. Com cada extrator, poderemos dobrar a capacidade de testagem”, afirmou a secretária da Saúde, Arita Bergmann.
Além disso, parte dos testes será feita pelo Lacen e por laboratórios conveniados, e outra parte será enviado a um laboratório autorizado pelo Ministério da Saúde, no Paraná ou em São Paulo. O governo federal já anunciou que o RS terá 500 mil testes para executar esse projeto, possibilitando alcançar os 7 mil exames diários na segunda fase do projeto, além dos 1 mil testes que hoje já são realizados.
Nesta etapa, que será iniciada em agosto e que alcançará todo o Estado, mais dois grupos serão amplamente testados: os casos sintomáticos e os casos suspeitos por serem contactantes próximos de caso confirmado de Covid-19.
Para essa segunda fase, a começar em agosto, a tecnologia e a adesão da população serão fundamentais para poderem ser rastreados e isolados possíveis contaminados e que estão assintomáticos. Serão usados os dados do aplicativo Dados do Bem, desenvolvido pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, para identificar as pessoas que tiveram contato com quem foi testado positivo para o coronavírus.
O aplicativo é gratuito e de acesso universal, sendo possível definir públicos específicos para encaminhamento para testes (ex.: cidades ou número de contatos). Como a plataforma terá os locais de realização de testes, facilita o acesso do usuário, com a disponibilidade de agendar a coleta no local mais próximo da sua residência.
• Clique aqui para baixar o aplicativo Dados do Bem.
Para que todas as pessoas com sintomas gripais possam fazer o teste, o governo organiza uma central de recebimento, triagem, acondicionamento e envio de amostras para centros de triagem regionais, que serão criados. Além disso, o Estado contará com a parceria de municípios para criar centrais municipais. O transporte será feito para laboratórios de fora do RS por meio do Ministério da Saúde e, no Estado, está sendo organizada uma estrutura com apoio das Coordenadorias Regionais de Saúde e do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), prevendo inclusive o uso de ônibus intermunicipal.
“Acreditamos que hoje dando um passo muito importante na identificação de pessoas potencialmente, não só com risco de vida, mas com possibilidade de contaminação de Covid-19 e, a partir disso, fechar o cerco para que não haja disseminação do vírus e que menos pessoas tenham adoecimento por conta da doença”, concluiu a secretária da Saúde.
ENTENDA O TESTAR RS
O programa tem quatro objetivos:
● Diminuir a transmissão comunitária identificando, oportunamente, as pessoas infectadas, mantendo o isolamento domiciliar
● Conhecer a real incidência da Covid-19 no RS
● Traçar o perfil dos casos confirmados para Covid-19 direcionando estratégias de distanciamento social
● Reduzir o crescimento da curva epidêmica assegurando a capacidade de atendimento hospitalar
A população foi dividida em quatro grupos de testagem:
GRUPO 1 – ILPI: a partir do primeiro caso confirmado por RT-PCR para Covid-19, testar trabalhadores e residentes da instituição, sintomáticos e assintomáticos, com o rastreio de contactantes próximos. No RS, existem cerca de 800 ILPIs, sendo que 59 apresentaram surto e estão distribuídas em 27 municípios, com registro de 85 óbitos.
GRUPO 2 – Estabelecimento de Saúde: a partir do primeiro caso confirmado por RT-PCR para Covid-19, testar trabalhadores, sintomáticos e assintomáticos, com o rastreio de contactantes próximos (setor ou andar etc.). É um grupo prioritário para enfrentamento da pandemia, pela importância do trabalho e pela exposição, já com grande número de profissionais confirmados com Covid-19.
GRUPO 3: todas as pessoas que buscarem atendimento e preencham a definição de síndrome gripal.
GRUPO 4: contactantes próximos dos casos confirmados de Covid-19 por RT-PCR, por meio do uso do aplicativo Dados do Bem.
A execução do projeto foi dividida em duas etapas:
ETAPA 1
Data: 23 de julho de 2020
Grupos de testagem por municípios:
• Em todos os municípios do RS: Grupos 1 e 2 de testagem
• Para os 30 municípios acima de 40 mil habitantes com maior incidência acumulativa de casos confirmados de Covid-19 (que representam cerca de dois terços dos casos e dos óbitos e 44% da população gaúcha): Grupo 3 de testagem
Os 30 municípios são os seguintes:
1. Alvorada
2. Bento Gonçalves
3. Cachoeirinha
4. Campo Bom
5. Canoas
6. Carazinho
7. Caxias do Sul
8. Charqueadas
9. Cruz Alta
10. Erechim
11. Estância Velha
12. Esteio
13. Farroupilha
14. Ijuí
15. Lajeado
16. Marau
17. Montenegro
18. Novo Hamburgo
19. Osório
20. Passo Fundo
21. Porto Alegre
22. Santa Maria
23. Santana do Livramento
24. Santiago
25. Santo Ângelo
26. São Gabriel
27. São Leopoldo
28. Sapucaia do Sul
29. Vacaria
30. Venâncio Aires
Central de triagem: Central Estadual de Triagem – Lacen/RS
ETAPA 2
Data: a partir de agosto
Grupos de testagem por municípios:
• Ampliação para todos os municípios: Grupo 3 (casos sintomáticos)
• Testagem de casos suspeitos e contactantes próximos de caso confirmado de Covid-19 por meio do uso do aplicativo Dados do Bem: Grupo 4
Centrais de triagem: Laboratórios regionais de Santa Maria, Caxias do Sul, Cachoeira do Sul, Santa Cruz do Sul e Passo Fundo e Centrais Municipais de Triagem (por adesão).
Texto: Vanessa Kannenberg
Edição: Marcelo Flach/Secom
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