Secretário da Saúde de Bento defende isolamento e que não se “pode cometer o mesmo erro da Itália”

Conforme já divulgado pela Rádio Difusora, o nível do debate sobre o isolamento social em meio a pandemia do coronavírus ganhou força nas últimas horas e assim deverá ser nas próximas. Em Bento Gonçalves uma mobilização da classe empresarial liderada pelo CIC (Centro da Indústria, Comércio e Serviços) pede a autorização de retomada da economia a partir do dia 1º (quarta-feira). Entretanto, 0 Decreto Municipal só expira dia 5.

A proposição da entidade é de aplicar o isolamento vertical com separação apenas daqueles que têm risco de evoluírem para casos graves ou óbitos, como idosos e pessoas com doenças crônicas.

O secretário Municipal de Saúde, Diogo Segabinazzi Siqueira, mencionou à Rádio Difusora 890 que o “isolamento horizontal (ou seja, para toda a população) está se demonstrando ser uma ação muito efetiva. A gente respeita a teoria do isolamento vertical, mas não acredito que no Brasil irá funcionar”, referiu.

De acordo com Diogo, um dos problemas é a impossibilidade de aplicar testes para a população, afinal, isto só acontece se um paciente estiver internado e em estado grave. Além disso, o Governo Federal ainda articula como disponibilizar as ferramentas para atendimento aos municípios.

O exemplo do que aconteceu na Itália tem de ser levado em conta na visão do Secretário. Na última semana o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, admitiu ter errado ao apoiar a campanha para que a cidade não paralisasse suas atividades no começo da pandemia.

Em 27 de fevereiro, a Itália havia registrado 14 mortes por Covid-19 e 528 casos confirmados de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Um mês depois o país soma 9.134 mortes e, destas, 5.402 (59%) foram na Lombardia.

“Não dá para achar que a gente é uma ilha diferente de outras regiões do mundo. O que não pode acontecer é cometer o mesmo erro da Itália. Este é um erro que serve de exemplo para não ser copiado”, acrescentou o Secretário sobre a política de isolamento que foi instituída e depois de voltar atrás, teve de ser reativada com mais mortes de pacientes.

Siqueira defende que as “decisões tem de ser baseadas em ciência e evidência. Temos que ter certeza do que estamos fazendo e não temos que voltar atrás a cada semana”, disse.

Bento Gonçalves possui 20 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no município e “estamos tentando manter a população em casa para evitar de ter que escolher entre um paciente e outro a ser internado”, finalizou. Uma campanha está em andamento para mais 40 leitos destinados a pacientes do Covid-19 com a construção junto a UPA 24H.

O prefeito Guilherme Pasin chegou a se posicionar na sua página pessoal do Facebook na última sexta-feira, 27, da necessidade do debate responsável com o foco na preservação da saúde. “É necessário debatermos com ponderação científica, dados da saúde e precaução”. Afirmou ainda que “desde 30 de janeiro não agimos por impulso ou de forma precipitada”.

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Foto: Marcello Casal Jr Agência Brasil

Neste sábado, 28, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta concedeu entrevista coletiva sobre o cenário do coronavírus e voltou a defender o isolamento da população. Ele justificou essa postura advertindo que o sistema de saúde não pode se sobrecarregar, pois aumentaria a letalidade da Covid-19 por falta de vagas em hospitais e UTIs.

“Mais uma razão para gente ficar em casa, parado, até que a gente consiga colocar os equipamentos na mão dos profissionais que precisam. Porque se a gente sair andando todo mundo de uma vez, vai faltar para o rico, para o pobre, para o dono da empresa, para o dono do botequim, para o dono de todo mundo”, afirmou.

A Rádio Difusora repercutiu as declarações do ex-ministro, médico e deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) que foi um dos poucos da área da saúde a mostrar-se contrário a quarentena com o isolamento total da população. Chegou a comparar com outras epidemias superadas como o H1N1 (Gripe A).

Mandetta não citou Terra, mas criticou previsões. “Prestem atenção: essa epidemia é totalmente diferente da H1N1. Não há receita de bolo. Quem raciocinar pensando ‘nesta aqui foi assim’, vai errar feio. Essa não é assim. Essa causou não uma letalidade para o indivíduo, não é esse o nosso problema. Nem daqueles que falam assim: ‘Essa doença vai matar só cinco mil, só 10 mil.’ Não é essa a conta. A conta é: esse vírus ataca o sistema de saúde e ataca o sistema da sociedade como um todo. Ele ataca a logística, ele ataca a educação, ele ataca a economia, ele ataca uma série de estruturas, no mundo”, comentou.

O ministro manteve a posição de neste momento ainda manter o fechamento do comércio, suspensão de aulas e medidas de resguardo a população. Reconheceu a necessidade de encontrar alternativas para com regras acontecer uma retomada.

Até sábado, o Brasil registrava 3.904 casos confirmados de coronavírus e 114 mortes.

 

Fonte: Felipe Machado – Central de Jornalismo da Difusora

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