Médico do Hospital Moinhos de Vento explica que há uma tendência de melhora nas lesões durante o período de verão
O verão está chegando e traz consigo aquela fase de expor a pele ao sol, de aproveitar a praia e o mar. Mas como fazer isso se você tiver psoríase? Quais são os cuidados necessários? O que é a doença? Como se manifesta? É transmissível? Existe tratamento?
O médico dermatologista, Dr. André Vicente Esteves de Carvalho, responsável pelo Ambulatório de Psoríase do Hospital Moinhos de Vento, esclarece o tema.
Quem tem psoríase pode se expor ao sol e aproveitar o verão?
Dr. André Vicente Esteves de Carvalho: O portador de psoríase não possui nenhuma contradição para se expor ao sol, tomar banho de mar e fazer todas as atividades normais desta época do ano. Inclusive, a exposição solar em horários adequados (das 9h às 10h e depois das 16h) pode ser benéfica para as lesões. Existe até uma tendência de melhora, ou seja, não há nenhum tipo de restrição e pode manter as suas atividades de verão normalmente.
Com relação ao filtro solar e hidratantes, por exemplo, eventualmente alguns indivíduos com psoríase podem reclamar de ardência, durante a aplicação, ou ter um pouco mais de alergia a esses produtos. Então, é preciso manter esses cuidados na hora do uso.
Mas o que é a psoríase?
Dr. André de Carvalho: A psoríase é uma doença inflamatória da pele determinada por fatores genéticos, mas influenciada, também, por fatores ambientais e sociais. Então, a pessoa tem que ter o gene para ter a psoríase, mas para ela se manifestar, às vezes, é necessário um estímulo que pode ser estresse, infecções, alguns medicamentos ou traumas físicos. A característica da doença na pele é o aparecimento de lesões avermelhadas, bem delimitadas, com descamação aderente, prateada, que pode acometer, principalmente, joelhos, cotovelos, couro cabeludo, genital, palmas e plantas, mas pode afetar todo o corpo.
A psoríase pode ser em forma leve, que acomete menos de 10% da superfície corporal e que não afeta áreas nobres, como face, genitais e couro cabeludo. Mas pode ser grave, na qual afeta estas áreas ou mais do que 10% da superfície corporal.
Além disso, a psoríase não é uma doença só da pele. Ela resulta da ativação do sistema imune, que fica causando uma inflamação intensa circulante e acaba afetando outras áreas do corpo, como as articulações, causando artrite psoriásica, também pode estimular o aparecimento de doença inflamatória intestinal, assim como inflamação nos olhos. Existe ainda uma associação da psoríase com alterações cardiometabólicas, principalmente com síndrome metabólica, levando a possibilidade de um infarto agudo de um miocárdio e de eventos cardiovasculares graves em idade precoce.
O que o paciente pode sentir?
Dr. André de Carvalho: Eventualmente, o paciente pode sentir coceira nas lesões e também pode acontecer dor e ardência. Os sintomas são muito variados. Alguns, não sentem nada.
Como lidar com a doença?
Dr. André de Carvalho: O estigma da psoríase, como toda a doença de pele extensa, visível e que altera as relações sociais, ainda é muito grande. Alguns pacientes sabem lidar bem com ela. Outros, independentemente da extensão da sua enfermidade, não conseguem lidar: não têm estrutura de suporte familiar, de amigos ou, eventualmente, até psicológica e psiquiátrica que lhes dê amparo. Portanto, é sempre bom que o paciente tenha à disposição este sistema de apoio.
No Hospital Moinhos de Vento, sempre oferecemos este suporte para aqueles pacientes cujo impacto na qualidade de vida, medido por instrumentos que temos, já é grande o suficiente para que eles tenham alterações do ponto de vista psiquiátrico e psicológico.
A psoríase tem cura?
Dr. André de Carvalho: A psoríase, como toda a doença genética crônica, não tem uma cura definitiva. Entretanto, temos hoje em dia tratamentos que trazem de 90% a 100% de melhora da condição cutânea (da pele), o que é uma resposta muito boa. Atualmente, grande parte dos portadores (entre 75% e 80%) consegue ter uma vida na qual nem se lembra que tem a psoríase. Inclusive, o clareamento completo da pele é conseguido acima de 65% dos pacientes. Do ponto de vista da artrite, esses resultados estão cada vez melhores. Mas, o mais importante, é o diagnóstico precoce desta artrite, para que o paciente possa ser tratado antes que existam danos articulares radiológicos, que depois não têm como reverter.
Na Região Sul a incidência é maior?
Dr. André de Carvalho: No Rio Grande do Sul, nós temos uma quantidade grande de imigrantes alemães, italianos, portugueses e são áreas onde a incidência de psoríase é maior. Então, muito provavelmente, temos dentro da nossa população uma genética mais propensa a psoríase, com a probabilidade de 1,8% da população, enquanto que, no restante do país, este índice é, em média, de 1,3%.
Como funciona o Ambulatório de Psoríase do Hospital Moinhos de Vento?
Dr. André de Carvalho: O Ambulatório de Psoríase do Hospital Moinhos de Vento trabalha em conjunto com a Dermatologia e a Reumatologia. O fluxo é rápido e completo. Quando necessário, outros especialistas são envolvidos para contribuir com o atendimento, como gastroenterologistas, coloproctologistas, oftalmologistas. Também contamos com o apoio da Nutrição e da Fisioterapia. Ou seja, o paciente é completamente amparado e não perdemos tempo, nem para diagnóstico nem para tratamento.
Qual é a mensagem que o senhor deixa para quem tem a doença?
Dr. André de Carvalho: é fundamental o paciente ter ciência de que existe tratamento para a psoríase. No Hospital Moinhos de Vento é oferecido um serviço especializado para fazer o diagnóstico preciso, o tratamento de casos confirmados e o acompanhamento desta doença, que é crônica. Assim, evitamos que ela cause problemas para o paciente e preservamos a sua qualidade de vida.
Fonte: Agência Critério
Crédito foto: Divulgação Hospital Moinhos de Vento
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