Depois de retornar da agenda em Brasília onde acompanhou a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, além de passar em Ministérios do Governo Federal, o vice-prefeito de Bento, Mário Gabardo, concedeu entrevista para Rádio Difusora.
Gabardo teria sido informado de que teria de assumir o município em um período de férias do prefeito Pasin, conforme versão da Prefeitura. Contudo, na conversa que teve com a reportagem, não confirmou.
Veja a entrevista:
1- Rádio Difusora: Como foi esta agenda em Brasília?
Mário Gabardo: Dizer que efetivamente estive viajando para Brasília na última semana a convite do deputado Alceu Moreira. Nesta viagem acompanhando de perto o processo do impeachment da presidente Dilma e ao mesmo tempo um roteiro de atividades em Ministérios, da Saúde e da Assistência Social, por incumbência do prefeito de Bento Gonçalves. Ao mesmo tempo na Câmara dos Deputados onde as discussões e encaminhamentos se tornaram bastante tensos com o processo do impeachment que hoje está no Senado Federal. Estive me deslocando sempre acompanhado do deputado Alceu e também estive com o deputado Mauro Pereira, em contatos pessoais. No sábado ao meio dia estivemos num almoço com a direção da Confederação Nacional da Agricultura. No domingo estive na Esplanada dos Ministérios e no final da tarde procuramos nos recolher para acompanhar voto a voto dos deputados. No domingo a noite teve ainda outro encontro de avaliação, onde também participei com deputados aqui do Rio Grande do Sul, com o resultado que todos devem estar conhecendo. Ao mesmo tempo estive na segunda-feira na Câmara dos Deputados e além da troca de informações sobre os processos em andamento acompanhado da Assessoria do Deputado Alceu Moreira, no Ministério da Saúde. Procuramos toda a informação necessária para poder informar a comunidade de Bento Gonçalves principalmente de recursos na questão de obras paradas.
Recebi a ligação na semana anterior do líder da comunidade da Rua Lajeadense, dizendo que a obra está parada. Vimos que talvez tinha um problema junto a Caixa Econômica de Caxias. Precisamos nos inteirar. Estou apenas citando um exemplo de que procurei acompanhar, ainda acompanhar a situação de recursos para o ‘Hospital do Trabalhador’. Havia muita discussão e vi que realmente algumas obras estão andando lentamente e vi que é problema de gestão local. Estive ainda no Ministério da Assistência Social e vi que os repasses está sendo normal, embora tudo está um pouco travado. Vi que tem um processo de recursos para a UPA, mas ao mesmo tempo precisa de um orçamento do Governo Federal. Com a possível grande mudança de Ministros, faz com que no momento não tenham avanços novos em termos de recursos para Bento Gonçalves e o próprio País. Além de dialogar com deputados e em Ministérios, quero dizer que estive sim acompanhando por tabela alguns acontecimentos de Bento que me surpreenderam e não sabia o que estava acontecendo. Estou me inteirando.
2- Rádio Difusora: Foram cinco dias em Brasília?
Mário Gabardo: Sim. Viajei para Porto Alegre na quinta-feira pela manhã. Aliás, sexta-feira praticamente todo o dia porque a passagem tem escalas em São Paulo e Cuiabá. Foram cinco dias de efetiva movimentação.
3- Rádio Difusora: A versão divulgada pelo Poder Público Municipal é que o prefeito Pasin sairia de férias e que o senhor teria sido comunicado que assumiria de Prefeito em exercício. Depois o senhor teria enviado uma mensagem ao prefeito dizendo da viagem. Confirma isso?
Mário Gabardo: Sinceramente a bem da verdade não sabia, não fui comunicado que na quinta-feira haveria transmissão de cargo. Tanto é que viajei e comuniquei anteriormente pela manhã ainda da quinta, que iria viajar. Quando recebi do Sr. Prefeito retorno que tratasse e gestionasse junto aos Ministérios. Soube depois que teria ocorrido uma reunião de Secretários. Posteriormente toda a polêmica se desenvolveu. Não assumi e não estava nem na cogitação. Vem mais de ano que não tem transferência de cargo do prefeito para o vice, que tem viajado normalmente para fora do Estado inclusive, sem comunicar e transferir cargo.
4- Rádio Difusora: Se o senhor não tivesse a viagem para Brasília, assumiria a Prefeitura?
Mário Gabardo: Agora, diante dos fatos e dos conhecimentos que tive neste impasse, evidentemente que tenho que refletir. Não sabia que havia esta precipitação de querer dizer que iriam transferir. Me disseram que teria assinado ata de transferência, ou que dispensava qualquer formalidade para assumir. Tenho que refletir com muita cautela e profundidade. Observasse o que existiria por trás disso tudo constatei que há possibilidade de inviabilizar pré-candidaturas a prefeito de Bento, que poderia atingir um processo político de ganhar por WO, como se fala no esporte, quando um processo democrático se trata com lisura.
5- Rádio Difusora: Se viu na legislação que há uma questão envolvendo a próxima eleição e todos tem conhecimento que o César Gabardo, seu filho, é pré-candidato do partido, e que se o senhor assumisse poderia haver a incompatibilidade. Foi uma casualidade ou de fato poderia haver interesse de prejudicar a candidatura?
Mário Gabardo: É difícil julgar quais as intenções deste atropelamento, isso não deveria ocorrer. Deveria ser no diálogo. Posteriormente tomando conhecimento num possível impedimento de pré-candidatos, a esta altura temos que ter cautela, saber da nossa responsabilidade, sem prejuízo de uma eleição que tem que ser clara, sem manobras numa eventual candidatura.
6- Rádio Difusora: No dia 31 de março o PMDB deixou o Governo Municipal. O senhor tem mandato até 31 de dezembro. O Mário continua e o que mudou com a saída do partido do Governo?
Mário Gabardo: Quem me elegeu foi o povo de Bento Gonçalves como vice prefeito. Evidentemente que houve um rompimento do PMDB com a Administração Municipal. Isto não significa que houvesse um rompimento de relação e de diálogos para o bem da comunidade. Os secretários do PMDB se afastaram e não sou nomeado por um canetaço, como se diz, e sim eleito pelo povo. E com o compromisso de prestar contas ao partido que me indicou. Fui vereador durante seis mandatos, por 24 anos, e hoje como vice prefeito procurei me ater na minha função com toda a discricionalidade sem disputa de poderes e procurando observar o que vinha acontecendo. Também atender diariamente a população que me procura junto a Prefeitura Municipal ou nos diversos pontos. Continuo nesta função e devo responder a população. Continuo servindo a comunidade. Algumas vezes a figura do vice-prefeito não era citado em cerimoniais. De ser indicado para representar Secretários e deixando de lado o vice, mas isso não me leva nenhuma mágoa. Penso que temos que valorizar o voto do povo e a quem foi atribuída esta representação.
7- Rádio Difusora. O PMDB saiu porque quer ter seu candidato e discorda de algumas situações. Isto é o partido e o vice Mário também?
Mário Gabardo: O partido tem o seu direito de decidir sobre a participação ou não em um governo e seu afastamento ou não. Sou uma pessoa do PMDB, mas sou vice-prefeito de toda a comunidade bento-gonçalvense. Concordamos em muita coisa e discordamos de outras coisas. Prezo pelo diálogo, pela participação. Procuro participar de todos os eventos, quando convidado. A agenda do prefeito faz mais de ano que não é repassada ao vice-prefeito, mas mesmo assim tento me informar. Não tenho conhecimento de tudo, sou uma pessoa simples, humilde. Na minha simples função tenho a responsabilidade de estar atento. Discordar e concordar faz parte. Nem todos pensam iguais. Se me questionar sobre obras paralisadas, não concordo. Sobre o serviço de saúde, que tem muitas falhas, poderia ser melhorado. Quer junto aos Postos, fornecimento de medicamentos, exames, cirurgias. Precisamos dar uma resposta. Poderíamos discordar da falta de atenção maior na segurança publica, mas também tem muita coisa correta que anda bom para a comunidade. Temos que analisar com parcialidade.
8- Rádio Difusora: O senhor não está a vontade e vai ficar até dezembro. Como é isso?
Mário Gabardo: Isto não depende do vice-prefeito. O prefeito decidiu centralizar o Poder nele. Tínhamos um diálogo principalmente na época das eleições e nos primeiros tempos. Posteriormente, não de minha parte, procurei sempre manter o diálogo. Quando se procura retaliar a participação entendo que não é o melhor processo. Vai depender dos encaminhamentos de quem tem o Poder hoje. Numa mudança de envolvimento podemos alcançar um diálogo, no entendimento que podemos administrar melhor a nossa comunidade.
9- Rádio Difusora: O prefeito retoma as atividades após viagem para o exterior. Neste encontro do vice com o prefeito, qual vai ser a primeira situação a ser tratada. O senhor gostaria de colocar as claras as situações?
Mário Gabardo: Procurei por diversas vezes conversar com o prefeito. Infelizmente para conseguir uma agenda dentro do próprio Palácio, se tornou difícil. Quem sabe agora sejamos melhores ouvidos. Evidentemente estou a disposição. Não sei se ele quer nos atender ou não. Nas diversas considerações, da minha viagem da Brasília, de prestar contas, do que podemos melhorar ou não. Vai depender do chefe do executivo que é o prefeito.
Ouça aqui a entrevista com o vice-prefeito Mário Gabardo
Ouça aqui a segunda parte da entrevista com Gabardo
Fonte: Felipe Machado – Central de Jornalismo da Difusora
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