Vale dos Vinhedos apresenta primeiros vinhos com D.O. ‘tokenizados’

Vinícolas Dom Cândido e Pizzato, associadas à Aprovale, têm produtos rastreáveis a partir de plataforma de blockchain

Pioneira no enoturismo brasileiro e primeira região reconhecida com Denominação de Origem para vinhos e espumantes no Brasil, o Vale dos Vinhedos alcança um novo marco em sua trajetória vanguardista, com os primeiros vinhos com D.O. rastreáveis do mercado nacional a partir do uso de uma plataforma de blockchain.

A possibilidade de acompanhar o produto desde a sua origem até o consumidor final, apresentada durante a Mercopar, em Caxias do Sul, mostrou o case inédito das vinícolas Dom Cândido e Pizzato Vinhas e Vinhos, como fruto do projeto-piloto Origem RS, que colocou lado a lado a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), o Sebrae-RS e o iCoLab – Instituto de Colaboração em Blockchain. “É mais um instrumento de apoio à nossa D.O. Acredito que, assim como aconteceu com a Indicação Geográfica, o blockchain precisa ser muito bem comunicado à sociedade para que o consumidor entenda seus benefícios e sua importância”, disse o consultor técnico da Aprovale, Jaime Milan.

O blockchain é um conjunto de tecnologias que garante o compartilhamento de informações reunidas numa rede, como se fosse um grande banco de dados transparente e seguro, armazenado em blocos criptografados. Uma ferramenta como essa promete trazer novas oportunidades ao setor. “Ele serve para redução de custos variados, para transparência com privacidade, com maior segurança e eficiência operacional. Além disso, permite a ‘tokenização’, que habilita novos negócios, e isso só ocorre por meio de blockchain”, disse a vice-presidente do iCoLab, Sandra Marlene Heck, se referindo ao registro detalhado de todo o ciclo produtivo do vinho.

Para o procurador da Vinícola Dom Cândido Vicenzo Goelzer, o projeto vai ao encontro do perfil arrojado da marca, dialogando com valores compartilhados por ela ­– a inovação, a transparência e a confiabilidade. “A vinícola está se tornando uma das primeiras do mundo a tokenizar. Esse processo passa a transmitir ao consumidor a confiança e a transparência que ele merece quando consome um produto”, contou. Tudo isso ganha ainda mais relevância para vinícolas reconhecidas pela D.O. “Quando falamos em D.O., estamos falando em cultura engarrafada. É um produto que traz valorização, valorização da cultura e do terroir, um conjunto de fatores que só aquela região tem”, disse Goelzer, que acredita na abertura de um novo relacionamento entre consumidor e vinícola. “Inauguramos a partir daqui uma nova experiência sensorial com o vinho. Para além da experiência degustativa, estamos inaugurando também a experiência intelectual do produto”, constatou.

Isso porque os rótulos’ tokenizados’ recebem um QR code que leva ao NFT – certificado digital de propriedade inviolável – desse produto. Ali estão contidos o registro de todo ciclo produtivo do vinho que está sendo bebido, desde a parcela do solo que originou a bebida, a documentação exigida pela Aprovale, gestora da Denominação de Origem Vale dos Vinhedos, e as características da uva, por exemplo. Para a Pizzato, o uso do blockchain reforça ainda mais a excelência dos vinhos D.O. do Vale. “Além de todo o processo rigoroso da D.O., nós colocamos essa transparência e certificação com o uso do blockchain. Ao mesmo tempo, pensamos também na rastreabilidade garantida quanto a imutabilidade permitida pela ferramenta”, disse o sócio-diretor e enólogo-chefe da Pizzato, Flavio Pizzato.

O projeto Origem RS teve início no departamento de inovação do Sebrae-RS, com a ideia de fomentar no agronegócio o uso de tecnologias. Assim, depois de estudos, a tecnologia escolhida foi a do blockchain, já que a análise apontou para a necessidade de rastreabilidade de produtos agroalimentares. “Entendemos que, dentro do agronegócio, o setor vitivinícola estava maduro para receber um projeto de alta tecnologia, e também tínhamos uma demanda sobre Indicação Geográfica, por isso chegamos à Aprovale”, disse o coordenador de projetos de Agronegócios do Sebrae/RS, André Bordignon. Para munir a nova ferramenta, a Aprovale repassou dados da safra de 2022 e, agora, a expectativa é de que novas vinícolas associadas à Aprovale também integrem essa nova etapa para o futuro dos negócios.

Fonte: Exata Comunicação

Foto: Exata Comunicação | Tiago Garzeira

 

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