União da classe e relacionamento comunitário marcam trajetória de 40 anos da AEARV

Entidade comemora quatro décadas de atuação em setembro

A ideia era unir a classe de engenheiros e arquitetos – e a AEARV juntou-a com argamassa, tanto que está solidificada há 40 anos. A Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Região do Vale dos Vinhedos celebrou sua quarta década de vida, no dia 23 de setembro, com foco nos valores que a edificaram como uma das mais longevas instituições da classe da região. É a partir dessa trajetória, revista através do pioneirismo de seus fundadores, que a AEARV sedimenta sua atuação para revigorar seus planos de valorização e de qualificação dos profissionais. “Não há dúvidas de que se trata de uma trajetória de muito sucesso, visto que a representatividade tem crescido muito nos últimos anos, acompanhada pela evolução dos profissionais através do conhecimento, fortalecendo, assim, toda a sociedade”, avalia o presidente da AEARV, Diego Panazzolo.

Até chegar a esse patamar, no entanto, foi necessário muito trabalho. “A gente tirava até dinheiro do bolso para fazer os trabalhos”, lembra o engenheiro civil Cedamir Poletto, sucessor do primeiro presidente e responsável pela organização documental e jurídica da AEARV, o arquiteto Antônio Pasquali. Mas Pasquali fez muito mais do que isso. O Ico, como os amigos o chamavam, foi um dos artífices do que viria ser a associação, muito antes de sua oficialização, no dia 23 de setembro de 1978. Seus primórdios remetem a 1963, quando um encontro reuniu profissionais com formação acadêmica – ele e os engenheiros civis João Carlos Pompermayer, Nelson Tegon e Elias Japur – e outros licenciados com registro junto ao Conselho Regional – os engenheiros Luigi Tielet da Silva, Valter Galvani e Orlando Heneman, do 1º Batalhão Ferroviário.

A AEARV começaria a nascer apenas 13 anos depois desse episódio. Em janeiro de 1976, Pasquali encaminha um ofício ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-RS) a fim de formalizar a ideia de estabelecer uma entidade que tivesse representação no próprio conselho. Assim, colocava em prática o plano de outrora, agora já fortalecido pelo acréscimo de profissionais também de fora de Bento Gonçalves. A AEARV nascia, dessa forma, mais forte do que se supunha, com representantes dos municípios de Garibaldi, Carlos Barbosa, Veranópolis e Nova Prata. “Nós não éramos muitos, mas havia uma participação muito grande de todos”, lembra Poletto.

Essa união – conquistada nos primórdios e até hoje força-motriz da AEARV – levou a entidade a uma escalada rumo à representatividade, ideário que começava a ser construído de modo a alcançar a esperada valorização da classe. Para isso, foi fundamental a presença da associação nas discussões públicas que se faziam pertinentes ao trabalho de engenheiros e arquitetos. E isso não demorou a acontecer. “Desde o começo tivemos cadeira no Conselho Municipal de Urbanismo, que hoje é o Conselho Municipal de Planejamento (Complan), sempre atuando com comprometimento e buscando a valorização do profissional”, diz.

A aproximação com a comunidade alicerça de vez o crescimento da AEARV, e várias atividades passam a ser incorporadas aos afazeres do órgão. Logo, a entidade começa a publicar seu informativo e a congregar a sociedade em torno de suas reuniões-almoço, com convidados que iam do presidente do Crea ao presidente da Câmara de Vereadores.

O reconhecimento de trabalhos como esses fez alastrar a base de relacionamento da AEARV. A aproximação com órgãos como o Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS) e a outras associações de classe, com as quais se inter-relacionava por meio de encontros, foi ampliando a representatividade da associação e amplificando sua voz também em órgãos estaduais.

“É importante de se destacar o trabalho contínuo que sempre houve dentro da AEARV, todos que passaram por ela trouxeram conquistas”, diz Cedamir. Entre elas estão, por exemplo, a vinda da inspetoria do Crea a Bento Gonçalves e os cursos e palestras de qualificação da classe. “Penso que somos privilegiados em contar com uma entidade como a AEARV.

Respaldo conquistado

Através de sua história e de suas diretorias, ela conquistou o respeito e a admiração de todos os conselhos profissionais”, diz o engenheiro civil Vinícius Peruffo, presidente entre os anos 2014 e 2016. A preocupação com a disseminação do conhecimento, que ao longo do tempo passou a ocupar boa parte dos esforços da associação, chegou a 2015 em um formato que consagrou essa busca: o Congresso Estadual da AEARV. Anual e realizado em dois dias de palestras, o encontro notabilizou-se desde a primeira edição por trazer renomados profissionais a debater temas que conversam com as necessidades atuais da arquitetura e da engenharia civil, como construções mais verdes em harmonia com os espaços urbanos.

A ideia do congresso surgiu entre tantas outras em meio à realização do primeiro planejamento estratégico da entidade, tendo como base a visão de a AEARV “ser reconhecida como entidade atuante e inovadora na sociedade”. Mas, assim como nos primórdios da associação, os recursos também eram parcos. Para piorar, 2015 foi o primeiro ano em que uma normativa do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) eliminava os repasses de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) para as entidades de classe. “Sabíamos que o Congresso deveria ser único no Estado, revolucionário, mas também sabíamos que não tínhamos recursos financeiros”, lembra Peruffo, que dirigia a entidade na época.

Mais uma vez foi preciso recorrer à união para suplantar o desafio. Engajados no intuito de levar a proposta adiante, a diretoria da época e membros da comissão do congresso buscaram patrocínios e apoio para trazer a Bento nomes como Roberto Loeb e Tomás de Lara. “Todos trabalharam na idealização desse sonho, e cabe um agradecimento ao CREA-RS pelo apoio e a todos os patrocinadores do evento, que compraram a nossa ideia”, diz.

A preocupação em oferecer a associados, além da representatividade, facilidades de ingresso nas constantes atualizações por meio de encontros de caráter técnico, movem os dias da AEARV. São essas buscas, segundo Peruffo, que fazem da entidade um ente cada vez mais atuante em prol de engenheiros e arquitetos. “Temos que nos voltar às universidades para continuar o trabalho na base e buscar, a cada dia, a renovação de ideias e ideais, respeitando nossa história para avançar para os próximos 40 anos”, avalia.

Poletto destaca a integração promovida pela AEARV entre os profissionais – e desses com a comunidade – um dos maiores legados dos 40 anos da entidade. “A AEARV está no caminho certo”, pondera. Ele também aplaude a qualificação como um dos pontos centrais da atuação da entidade. “Houve um grande progresso na questão de cursos e palestras, contribuindo para o aperfeiçoamento profissional. A AEARV continua sendo fundamental para propiciar conhecimento a todos os associados sem que eles precisem sair daqui”, elogia.

O atual presidente, Diego Panazzolo, reitera que a representação de engenheiros e arquitetos diante da sociedade e dos órgãos municipais e estaduais tem como meta tratar os interesses dos profissionais e buscar a evolução da sociedade. “Nosso principal desafio é manter a união entre profissionais, buscando sempre o aprimoramento da coletividade no setor, além de proporcionar o contínuo aperfeiçoamento”, comenta. E, com a AEARV por trás disso, esse plano fica mais fácil de ser conquistado, beneficiando toda a sociedade, diz Poletto: “Se todos os engenheiros e arquitetos se mobilizarem através da AEARV para as causas de nossa cidade, tem um grande peso. Se tu não tem a entidade, não tem esse peso”.

Conheça os presidentes da AEARV:
1978/1979: Arquiteto Antonio Ernesto Pasquali (in memoriam)
1979/1980: Engenheiro Civil Cedamir Poletto
1980/1981: Engenheiro Agrônomo Loreno Augusto Gracia (in memoriam)
1982/1983: Engenheiro Mecânico Geraldo Hofsetz
1983/1984: Arquiteto e Urbanista Olavo Rossini
1984/1985: Engenheiro Civil Jonis Scomazzon
1985/1986: Engenheiro Civil Paulo Vignatti
1986/1987: Engenheiro Civil Jaime Dall ‘Agnese
1987/1988: Engenheiro Civil Dinarte Antonio Motta
1988/1989: Arquiteto e Urbanista Clóvis Mantovani
1989/1990: Arquiteto Carlos Roberto Pozza
1990/1994: Engenheiro Civil Paulo Sérgio Pompermayer
1994/1995: Engenheiro Civil Ivan Mazzini
1995/1996: Engenheiro Civil Luciano Ozelame Lunelli
1996/1998: Engenheiro Civil Rodrigo Milani
1998/1999: Arquiteta e Urbanista Catia Giacomello
1999/2000: Arquiteto e Urbanista Carlos Scherer Schramm
2000/2001: Engenheiro Civil Jane Zortéa
2001/2002: Engenheiro Civil Rogério Rossi Machado
2002/2004: Engenheiro Civil Rodrigo Cavallet
2004/2005: Engenheiro Civil Rodrigo Cervieri
2005/2006: Engenheiro Civil Aquiles Roberto Pizetti (in memoriam)
2006/2007: Arquiteto e Urbanista Felipe José Truculo
2007/2008: Engenheiro Civil Milton Milan
2008/2009: Arquiteto e Urbanista Marcio de Mendonça Lima Arioli
2009/2010: Engenheiro Civil Samuel Hilgert Pizzetti
2010/2011: Engenheiro Civil Gabriel Baldissera Schuvartz
2011/2012: Engenheiro Civil Marcelo Rodrigo Ticiani
2012/2013: Engenheiro Civil Ricardo Giacomello Cobalchni
2013/2014: Engenheiro Civil Matheus Cenci Vanni
2014/2016: Engenheiro Civil Vinicius Peruffo
2016/2017: Engenheira Civil Daniele Artini Gujel Capellari
2017/2018: Engenheiro Civil Diego Panazzolo

Sócios-fundadores
Antonio Ernesto Pasquali (in memoriam), Carlos Domingos Piccoli, João Carlos Pompermayer (in memoriam), Dirceu Luis Nicoletti (in memoriam), Nelson Paulo Boelter, Vilson Felix Jacques, Aquiles Roberto Pizzetti (in memoriam), Humberto Roman Ross, Loreno Gracia (in memoriam), Noely Barzenki, Antonio Bertolini, Olivar Basso, Alfredo Causadier Filho, Ademar Honorato Facherazzi, Eduardo Humberto Jaconi, Baldomir Simon Lapolli, Luiz Martinelli, Edmar Mattevi, Ciro Pavan, Cedamir Poletto, Angelo Francisco de Piñedo Roman Ross, Olavo Rossoni, Ernesto José Sandrin e Elizabete Valduga.

Base de atuação
Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa, Veranópolis, Nova Prata, André da Rocha, Boa Vista do Sul, Coronel Pilar, Cotiporã, Dois Lajeados, Fagundes Varela, Guaporé, Monte Belo do Sul, Nova Bassano, Protásio Alves, São Valentim do Sul, Serafina Corrêa, Santa Tereza, União da Serra, Vila Flores e Vista Alegre do Prata.
Fonte: Exata Comunicação

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