“Eu tive uma paciente que, depois de receber novos pulmões, se emocionou com o simples fato de conseguir abaixar-se para lavar os tornozelos durante o banho sem sentir-se sufocada. Eu cheguei no quarto dela justamente enquanto ela contava essa experiência para os pais e pude assistir a família se abraçando feliz. A comparação da qualidade de vida antes e depois do transplante é brutal para quem recebe um órgão”.
Esse foi apenas um dos diversos casos revisitados pelo Dr. José J. Camargo, um dos maiores especialistas em transplante de órgãos na América Latina, durante a palestra realizada na última terça-feira, dia 26, no auditório do Hospital Tacchini. O médico nascido em Vacaria, possui em seu histórico 748 transplantes de pulmão na carreira (40 deles com doadores vivos).
Para um público de quase 100 pessoas, composto por profissionais de saúde e familiares de pacientes transplantados, ele falou sobre alguns dos casos mais marcantes de sua carreira, destacando a importância da humanização de cada um dos passos relacionados à doação e a diferença que isso faz na vida daqueles que recebem um órgão.
“O relacionamento estabelecido entre médico e paciente durante o tratamento é a mais intimista relação entre dois completos desconhecidos, com pouco ou nenhum interesse em comum. Eles jamais teriam se conhecido se não fosse a doença e, de uma hora para outra, o profissional de saúde passa a fazer parte de alguns dos momentos mais marcantes da vida do paciente. O cuidado vai muito além de uma cirurgia tecnicamente bem sucedida”, descreveu o Dr. Camargo.
Inspirador
A visão sobre a importância da humanização do atendimento é compartilhada também por profissionais de saúde que assistiram a palestra.
“Trabalho com reabilitação pulmonar e tenho alguns pacientes pré-transplante. Vejo de perto o quanto a cirurgia é transformadora. Ter conosco um profissional com tamanha experiência relatando não apenas especificidades técnicas, mas sobretudo trazendo a importância de um cuidado humanizado em todos os momentos, desde a captação até o acompanhamento pós-transplante, é inspirador”, descreve a fisioterapeuta líder da UTI Adulto do Hospital Tacchini, Renata Monteiro Weigert.
Como funciona na prática
A confirmação de morte encefálica do doador é o primeiro passo para viabilizar qualquer doação de órgãos (com exceção daquelas realizadas com o doador vivo). Ela é atestada por meio de dois exames clínicos e um exame de imagem, em intervalos de tempo diferentes. O protocolo completo dura até 48 horas para ser concluído.
Após a confirmação da morte encefálica, é preciso buscar a autorização da família para a doação. A definição das pessoas que vão receber cada doação é realizada pela Central de Transplantes do Estado a partir de uma série de critérios técnicos que incluem a tipagem sanguínea, compatibilidade de altura e peso entre doador e estágio da doença do receptor, por exemplo.
Os dados do Tacchini em 2023
Em 2023, até o momento foram captados 36 órgãos de 14 diferentes doadores no Hospital Tacchini. Entre elas, 2 foram doações de múltiplos órgãos, que incluíram rins, fígados, corações, pulmões e ossos. Os outros 12 casos foram doados exclusivamente as córneas.
Cabe lembrar que o Tacchini realiza a retirada das córneas e, no caso de doações múltiplas, a equipe do hospital que vai realizar o transplante no paciente que aguarda o órgão é quem se desloca até o hospital de Bento Gonçalves para fazer a retirada.
Fonte e foto: Imprensa Tacchini – Alexandre Brusamarelo
PG
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