Fomentar ações para a construção de uma sociedade que respeite as diferenças é uma das razões de existir da Secretaria da Cultura (Sedac). Com essa intenção, a Sedac e suas instituições preparam uma programação especial voltada às comemorações do Janeiro Lilás – Mês da Visibilidade Trans.
Em busca de mais reconhecimento para as vivências das populações transexual e travesti, as atividades promovem artistas trans da cena local e trazem à pauta discussões sobre discriminação, resistência e gênero, com dicas de leitura divulgadas nas redes sociais, filmes produzidos ou protagonizados por pessoas trans, projetos artísticos nas áreas de artes visuais, dança, teatro, cinema, literatura e música.
“É gratificante começar o ano de 2023 reafirmando o compromisso com a diversidade humana e cultural. Esse é o propósito do Janeiro Lilás que, desde 2020, mobiliza as instituições da Sedac em prol da visibilidade de pessoas trans”, afirma a assessora de Diversidade da Sedac, Clarissa Lima.
“Nossa intenção é promover o reconhecimento da identidade trans. É combater a baixa escolaridade, os altos índices de assassinatos, a falta de respeito e de inclusão social. O Janeiro Lilás busca a sensibilização da sociedade, a reflexão, o diálogo e, sobretudo, a cidadania completa e irrestrita dessa população muitas vezes marginalizada e prejudicada em seus direitos mais básicos, como o acesso à educação, à saúde, ao emprego, aos salários dignos e ao mais sublime dos sentimentos: o amor”, fala a secretária adjunta da Cultura, Gabriella Meindrad.
“A diversidade e o respeito ao outro são valores éticos que pautam a nossa prática na Sedac desde o início da gestão anterior. Com o Janeiro Lilás, em sua quarta edição, temos a oportunidade de oferecer novas programações artísticas e culturais que chamam a atenção para o tema e provocam reflexões, conscientização e, em especial, comportamentos mais empáticos e tolerantes”, explica a secretária da Cultura, Beatriz Araujo. “Estamos avançando bastante nesse sentido, porém, ainda temos um longo caminho a percorrer até a derrubada dos preconceitos e da discriminação contra pessoas trans.”
Sobre o Janeiro Lilás
O Janeiro Lilás é uma iniciativa que busca a sensibilização da sociedade por mais conhecimento e reconhecimento das identidades de gênero, com o intuito de combater os estigmas e a violência sofridos pela população transexual e travesti. O lilás vem da junção das cores da bandeira trans: rosa, azul e branco. A ação ocorre em alusão ao Dia Nacional da Visibilidade Trans, comemorado em 29 de janeiro.
Programação das instituições da Sedac
- Instituto Estadual do Livro (IEL)
10/1 – O IEL divulgará nas redes sociais (@iel_rs) dicas de leitura de obras de autores trans.
- Theatro São Pedro
19/1, às 18h30 – Show com Viridiana no projeto Mistura Fina, no Foyer Nobre do Theatro São Pedro, com entrada franca. Viridiana é o projeto artístico de Bê Smidt, produtora musical, compositora e performer de Porto Alegre. Por meio de suas canções eletrônicas dançantes, ela reflete sobre seu lugar de mulher trans no Brasil de 2021, encontrando a poesia nesse território tão íntimo e complexo. Foi uma das selecionadas do Edital Natura Musical 2020, pelo qual lançou seu primeiro disco, “Transfusão”, que foi inteiramente produzido e composto pela artista. No disco, dialoga com referências da canção brasileira e gaúcha contemporânea com as sonoridades do pop retrô dos anos 80. O projeto tem um viés de inclusão e ações afirmativas, com uma equipe protagonizada por outros profissionais trans da cultura.
- Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (MuseCom)
20/1 – Cinelista e Cinedrops MuseCom – Visibilidade Trans. Nas redes sociais (@visitemusecom), será disponibilizado um vídeo com cinco indicações de filmes com curadoria do CineClube MuseCom, com destaque para obras produzidas ou protagonizadas por pessoas trans.
27/1 – Podcast MuseCom Versa: episódio especial Janeiro Lilás. O episódio integrará a terceira temporada do podcast do MuseCom Versa, com acesso pelo Spotify, com o pesquisador Caio Souza Tedesco, homem trans, que abordará sua pesquisa “Nós somos complexos: historiografia queer na contemporaneidade – uma análise da operação historiográfica no National Museum: LGBT History and Culture” e falará sobre o Coletivo pela Educação Popular TransEnem POA.
Nas quintas-feiras de janeiro, TBTs nos stories do perfil do Musecom no Instagram (@visitemusecom), com indicação de conteúdos educativos já produzidos no museu ao longo dos últimos anos, em alusão à visibilidade trans.
- RS Criativo
21/1 – Feira da Visibilidade Trans, às 10h, na Travessa dos Cataventos, na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ).
Além disso, o RS Diverso + Mas, bah, que criativo! divulgará semanalmente, ao longo de janeiro, iniciativas e empreendimentos desenvolvidos pela população trans, exaltando seu protagonismo na economia criativa do país. Com a programação do Janeiro Lilás, o RS Criativo busca ampliar a Rede de Criatives Trans desenvolvida em janeiro de 2022, por meio da iniciativa RS Diverso.
- Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ)
Por meio de diversos eventos, a CCMQ reafirma seu compromisso com a promoção do respeito à diversidade humana e incentivo à expressão livre e criativa de agentes culturais plurais. Além disso, serão produzidos conteúdos específicos para as redes sociais (@ccmarioquintana) elaborados pela ativista e influencer digital transexual Luka Machado.
16/1 – Divulgação de Chamada Aberta para artistas trans. Por meio deste edital público, a CCMQ selecionará 10 projetos artísticos nas áreas de artes visuais, dança, teatro, cinema, literatura e música. A chamada receberá inscrições até 14 de fevereiro. Um júri composto por pessoas trans fará a seleção, e os resultados serão divulgados no dia 28 de fevereiro.
Entendendo a importância de a visibilidade da causa trans não ficar restrita a este mês temático, os projetos serão realizados ao longo do ano, em diálogo com as demais programações. O objetivo do edital é dar visibilidade à causa, suscitando o combate à discriminação e aos preconceitos existentes em torno da transexualidade e da travestilidade. Cada artista receberá um cachê de R$ 2 mil, valor destinado ao fomento e ao estímulo à produção artística.
20 e 27/1 – Serão apresentadas duas entrevistas com os organizadores desta mostra na Rádio Quintanares, que é um veículo com a missão de incluir as minorias sociais e estimular o respeito à diversidade. A participação será veiculada no programa Quintanares das Ideias, apresentado pelo jornalista Diego Vacchi.
28/1 – Abertura de uma mostra com curadoria de Sue Gonçalves e Gustavo Deon. A mostra terá David Ceccon como artista convidado e Daniel Corrêa da Silva como responsável pela comunicação. Todos os envolvidos neste projeto são colaboradores das atividades da CCMQ e têm identidade de gênero trans e não binária.
Além disso, a CCMQ é coorganizadora de outros dois eventos: a Feira da Visibilidade Trans, junto ao RS Criativo, no dia 28, na Travessa Rua dos Cataventos; e a exibição da videoperformance “Abebé, 2021”, idealizada pela artista trans Fayola Ferreira, em parceria com o Museu de Arte Contemporânea do RS (MACRS) e o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), no dia 26, na Cinemateca Paulo Amorim.
- Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs)
23 a 29/1 – Publicação de posts no Instagram (@museumargs) sobre as obras “As cores do afeto” (2022), “Abebé” (2021) e “Gênero azul” (2022), criadas, respectivamente, pelos artistas trans Jota Ramos, Fayola Ferreira e Valéria Barcellos. O Núcleo Educativo e de Programa Público divulgará as particularidades desses trabalhos, bem como as questões de transgeneridade que discutem. As obras integraram a exposição Presença Negra no Margs, que ocorreu de maio a agosto de 2022. Na sequência da mostra, elas foram incorporadas ao acervo artístico do museu.
- Instituto Estadual de Música (IEM)
25/1 – Às 19h, live musical “Trajetória, desafios e a arte da cantora Viridiana”, no perfil do IEM (@iem.rs) no Instagram.
- MACRS, CCMQ, Cinemateca Paulo Amorim e Margs
26/1 – Às 19h30, em ação conjunta do MACRS, CCMQ, Cinemateca Paulo Amorim e Margs, será exibida a videoperformance “Abebé, 2021”, idealizada pela artista trans Fayola Ferreira. A videoperformance resulta da aproximação com mito de Oxum, na perspectiva de forjar o processo de travessia por meio de profecias rabiscadas sobre essa corpa negra e inconforme com cisgeneridade compulsória, na busca de uma construção identitária estilhaçada e autoconhecimento. A sessão contará com a presença de Ìyá Sandrali e da artista para refletir e debater sobre processos de construção identitária, cura e autoamor, por meio do arquétipo da orixá Oxum.
- Instituto Estadual de Artes Cênicas (Ieacen)
Janeiro – Nas redes sociais (@ieacenrs), o instituto fará uma homenagem póstuma a três personalidades trans gaúchas, contando sobre sua vida e obra.
Texto: Silvia Martins/Ascom Sedac
Edição: Secom
Foto: Valéria Barcellos
PG
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