Santuário de Caravaggio terá nova pintura interna e vitrais

O Santuário Diocesano de Nossa Senhora de Caravaggio, de Farroupilha, passa por um importante momento de obras para conservação e preservação da igreja, que é uma das mais visitadas do Estado. Desde o ano passado, o Santuário já passou pela impermeabilização e o conserto das calhas. Nesta semana, o arquiteto e artista sacro Cristtiano Fabris irá começar a pintura interna da abóboda e a instalação de novos vitrais, o que dará um aspecto ainda mais imponente, religioso e repleto de significados ao Santuário, que é um espaço onde impera o clima de paz e harmonia entre os fiéis. O trabalho da equipe de arquitetura deve levar dois meses, sendo entregue antes da 141ª Romaria de Nossa Senhora de Caravaggio, que ocorre nos dias 23, 24 e 26 de maio no Santuário.

Estes novos elementos – que aparecerão na pintura e na instalação dos vitrais – irão reforçar expressões de fé e de arte cristã, especialmente em devoção a Nossa Senhora de Caravaggio. Fabris e uma equipe com mais três profissionais trabalharão sobre andaimes de quase 40 metros de altura. Os desenhos que serão pintados, os formatos e cores dos vitrais e todos os itens que passarão a compor a parte interna do Santuário foram desenhados em uma parceria da equipe litúrgica do Santuário com o arquiteto. O Santuário foi projetado pelo engenheiro civil Ticiano Bettanin na década de 1940, e levou 18 anos para ser concluído.

“A arte sacra apresenta expressões da fé, que estão a serviço da fé e que contribuirão muito para embelezar e ensinar ainda mais sobre a nossa igreja para quem nos visita”, explica o reitor do Santuário, padre Gilnei Fronza. “Estamos muito felizes em poder dar seguimento a uma obra tão magnífica e que dará tanto sentido ao nosso projeto do Santuário”, completa.

Ao todo, esta etapa da obra envolverá 500 metros quadrados de área. “Não tenho receio em dizer que é a realização de um sonho poder executar esta obra. E me sinto dando continuidade ao trabalho do arquiteto Betanin e do parceiro de obras dele daquela época, Emiliano Zanon”, afirma Fabris, que é um dos seguidores do estilo de trabalho da dupla responsável pela construção e decoração do Santuário na época em que foi construído.

O Santuário também passará por pintura predial completa externa. Ainda não há previsão do início da pintura externa. Toda a obra é feita com recursos arrecadados pela comunidade, e provoca mudanças no espaço de celebração de missas por tempo determinado (cerca de dois meses). Durante a semana, elas são celebradas no Santuário Antigo. Aos fins de semana, ocorrem normalmente no Santuário.

RESUMO DA OBRA (DESCRITIVO COMPLETO ESTÁ EM ANEXO)

A abóbada será predominantemente pintada de azul, com estrelas douradas, pois representará o céu. No centro da abóbada, será pintada a imagem do Espírito Santo, em forma de pomba. Dela sairão 7 línguas, em forma de chama de fogo, simbolizando tanto os 7 dons do Espírito Santo quanto a própria vinda do Espírito sobre os Apóstolos reunidos no cenáculo, em companhia da Virgem Maria, em Pentencostes (At 2,1-4), demarcando o início da missão da Igreja. Os 7 dons pertencem em plenitude a Cristo, mas também completam e levam à perfeição as virtudes de quem os recebe. São eles: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.

Abaixo da abóbada, a estrutura da cúpula chamada de “tambor” ou também “domo de sustentação da abóbada” também terá novidades. Essa estrutura de paredes verticais, que acompanham o formato esférico da abóbada, possui 12 janelas onde serão instalados os vitrais. Também fazem parte dela uma grande moldura de concreto armado que divide a estrutura da abóbada. Estas paredes serão pintadas numa cor quente em tons de areia, em contraponto às cores frias azuladas que hoje decoram o interior do edifício. Já a moldura será pintada num tom bem mais claro que a parede, para criar melhor efeito estético. Os 12 vitrais, fabricados em técnica clássica de vitral de chumbo, em tons de azul, são uma continuidade do céu estrelado.

Completando a estrutura da cúpula, temos posicionado abaixo do tambor o anel. Este anel é dividido em duas partes: o anel vertical e o anel horizontal. Cada um destes anéis será ornado de maneira diferente. No anel vertical, seguindo a tradição decorativa renascentista, será pintada uma ornamentação que aqui denominaremos como “grega”. A grega representará galhos entrelaçados que formarão uma coroa de espinhos, a coroa de Cristo. Esses galhos que formam a coroa de espinhos, porém, também possuem flores: estas, de maneira especial, estão marcadas na história da aparição de Nossa Senhora de Caravaggio.

Por fim, no anel horizontal haverá uma citação bíblica que resume por escrito o que é visto pela arte: “O que em Maria foi gerado vem do Espírito Santo” (Mt 1,20). Trata-se da mensagem do Anjo para São José, em sonho, antes do nascimento de Cristo. Jesus foi gerado no ventre de Maria pela ação do Espírito Santo.

OBRA DE ARTE NA CÚPULA DO SANTUÁRIO DE CARAVAGGIO

O SANTUÁRIO DE N. SRA. DE CARAVAGGIO: ARQUITETURA E ARTE SACRA

Idealizado pelo padre Teodoro Portolan e projetado pelo engenheiro civil Ticiano Bettanin, o Santuário de N. Sra. de Caravaggio, em Farroupilha – RS, teve o início da sua construção em 1945. Tem estilo romano entrelaçado com linhas de arquitetura moderna. Exteriormente, todo o corpo é oitavado e eleva-se a 20 metros de altura, para, então, fechar-se em pesada cúpula até a altura de outros 10 metros. Deste ponto a construção projeta aos ares mais 17 metros de tamboril, encimado pela cruz.

Foram necessários 18 anos para a construção do Santuário, bem como, o empenho de várias comunidades, a generosidade de muitas famílias e a colaboração de inúmeros benfeitores, devotos de Nossa Senhora, para tornar real aquilo que foi idealizado. E não apenas no que diz respeito ao Santuário, mas, também, no entorno e na difusão da fé, desde 1879, início da devoção a N. Sra. de Caravaggio no Brasil e ano primeiro das romarias concorridas e numerosas. Agora, porém, mais um passo é dado, para o louvor de Deus e de sua Mãe Santíssima, pela colaboração dos devotos de Nossa Senhora. A pesada cúpula passará a receber, em delicadas pinceladas, expressões da fé e da arte cristã, da devoção a N. Sra. de Caravaggio, da piedade popular e da mensagem bíblica. O objetivo é oferecer um espaço, ao mesmo tempo, mistagógico (que conduz ao mistério) e belo, contribuindo assim para elevar a espiritualidade daqueles que no Santuário buscam um porto seguro para a oração, a meditação e a contemplação.

Representações artísticas de Nossa Senhora fazem parte da história, da vida, do pensamento teológico e litúrgico da Igreja. É preciso, porém, em tantas obras de arte, transfigurar, ou seja, olhar além da figura que aparece, para perceber a mensagem que se quer revelar. A arte sacra apresenta muito mais do que elementos decorativos, justamente porque possui uma função catequética, litúrgica, didática, teológica e popular. A arte e a liturgia são duas expressões da única fé da Igreja. São expressões da fé e estão a serviço da fé.

A OBRA

Esta primeira etapa contempla a decoração da estrutura aqui chamada de “cúpula”. Essa estrutura é dividida em diversas partes que denominaremos como: abóbada, tambor e anel. Toda ela passará por uma ornamentação visando valorizar ainda mais seu espaço interno e evangelizar pela arte sacra.

O ESPÍRITO SANTO NO CENTRO DA ABÓBADA

abóbada será predominantemente pintada de azul, pois representará o céu físico. No centro da abóbada será pintada a imagem do Espírito Santo, em forma de pomba. Dela sairão 7 línguas, em forma de chama de fogo, simbolizando tanto os 7 dons do Espírito Santo, apresentados pelo profeta Isaías (Is 11,2), quanto a própria vinda do Espírito sobre os Apóstolos reunidos no cenáculo, em companhia da Virgem Maria, em Pentencostes (At 2,1-4), demarcando o início da missão da Igreja. Os 7 dons pertencem em plenitude a Cristo, mas também completam e levam à perfeição as virtudes de quem os recebe. São eles: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Nossa Senhora, como Mãe e Modelo da Igreja, é repleta do Espírito Santo e intercede a graça dos 7 dons.

Tanto a pomba quanto as línguas estarão inseridas sobre círculos concêntricos, algo tradicional na arte iconográfica oriental. Esses círculos significam esferas cósmicas. A primeira esfera é em cor azul escura e simboliza a morte que circunda a terra, representada pela segunda esfera de cor azul e a terceira esfera é celeste e representa o céu. No centro, a figura do Espírito Santo destrói o círculo da morte e une o céu com a terra. Em torno da sua cabeça vemos a auréola cruciforme em vermelho que representa a Santíssima Trindade.

 

 

A relação entre o Espírito Santo e Nossa Senhora é muito especial. É atribuída à obra do Espírito a consagração e a santidade de Maria. Ao recordar a maternidade de Maria, recorda-se o que o Anjo disse a ela: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do altíssimo vai te cobrir com a sua sombra” (Lc 1,35). A Igreja também apresenta a relação entre o Espírito Santo e Maria num aspecto esponsal, chamando Nossa Senhora, inclusive, de “Santuário do Espírito Santo”, expressão que frisa bem o caráter sagrado da Virgem Maria, que se torna habitação permanente do mesmo Espírito. Do aprofundamento da misteriosa relação entre o Espírito de Deus e a Virgem de Caravaggio surgirá, certamente, uma piedade vivida de maneira mais intensa. Outro aspecto importante de ser mencionado é a relação entre o Espírito Santo e a misericórdia, já que grande é a procura, no Santuário de Caravaggio, do sacramento da reconciliação (confissão). Na instituição desse sacramento, Jesus enviou o Espírito Santo sobre os discípulos: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; aqueles aos quais retiverdes, lhes serão retidos” (Jo 20,22-23).

Do centro partirão 24 resplendores, sendo 12 mais alongados e 12 mais curtos. Cada um dos resplendores mais alongados está direcionado para cada uma das 12 janelas que estão inseridas na estrutura do tambor. Assim teremos a união da arte da abóbada com a arte dos vitrais das janelas.

 

A ABÓBADA E AS ESTRELAS

abóbada azul e as estrelas douradas representam, especialmente, duas passagens bíblicas. A primeira, do Livro do Profeta Isaías, quando diz que “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria como a da morte” (Is 9,1). Pela graça e pela paz que vem de Deus, e que muito especialmente se encontra em Caravaggio, lugar santificado, a pessoa humana pode sair de uma situação do afastamento de Deus ou de grande sofrimento para encontrar a alegria e a luz. A segunda passagem bíblica é a que está no Livro do Gênesis, quando Deus fala a Isaac: “Eu farei a tua posteridade numerosa como as estrelas do céu, e por tua posteridade serão abençoadas todas as nações da terra” (Gn 26,4). Somos tão numerosos como as estrelas do céu, mas Deus nos conhece a todos, e nos ama como filhos. Essas estrelas também representarão o firmamento, o plano transcendental. Também nos salmos encontramos a expressão de que “os céus contam a glória de Deus, e o firmamento proclama a obra de suas mãos” (Sl 19,2).

NO TAMBOR, OS VITRAIS E OS 12 FRUTOS

Abaixo da abóbada temos a estrutura da cúpula denominada “tambor” ou também “domo de sustentação da abóbada”. Essa estrutura de paredes verticais que acompanham o formato esférico da abóbada possui 12 janelas onde serão instalados os vitrais. Também fazem parte dela uma grande moldura de concreto armado que divide a estrutura da abóbada. Estas paredes serão pintadas numa cor quente em tons de areia, em contraponto às cores frias azuladas que hoje decoram o interior do edifício. Já a moldura será pintada num tom bem mais claro que a parede, a fim de criar um melhor efeito estético.

Os 12 vitrais, fabricados em técnica clássica de vitral de chumbo, em tons de azul, são uma continuidade do céu estrelado. Seu fundo será em degradê azul que vem diminuindo gradativamente do topo até sua base. Na parte superior, onde o tom azulado é mais escuro, haverão vários pontos amarelos que representam estrelas, mas no centro há uma estrela bem maior, somando no conjunto 12 estrelas. Essas 12 estrelas recordam o Livro do Apocalipse de São João, quando diz que “um sinal grandioso apareceu no céu: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1). A Mulher de que fala o Apocalipse simboliza a Igreja, com os 12 apóstolos, em luta contra Satanás, que a tenta e a persegue, mas é possível que João pense também em Maria, Mãe e Modelo da Igreja. Também é importante destacar a ligação que há entre o Espírito Santo e os vitrais, e no centro desses a inscrição dos 12 frutos. Os frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós, como primícias da glória eterna. Nossa Senhora e a Igreja possuem esses frutos, mas cada um de nós é chamado a se deixar guiar pelo Espírito, pautando nele nossa conduta. A tradição da Igreja enumera 12 frutos, conforme a Carta de São Paulo aos Gálatas: “caridade, alegria, paz, paciência, bondade, longanimidade, benevolência, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade” (Gl 5,22-23). Estes nomes serão escritos num alinhamento vertical em grandes letras de tons degrades que partem do amarelo claro até um tom alaranjado. Seu tamanho deverá permitir a sua clara leitura pelos fiéis a partir do nível do piso do Santuário.

 

 

NO ANEL, ESPINHOS, FLORES E A CITAÇÃO BÍBLICA

Completando a estrutura da cúpula, temos posicionado abaixo do tambor o anel. Este anel é dividido em duas partes: o anel vertical e o anel horizontal. Cada um destes anéis será ornado de maneira diferente.

No anel vertical, seguindo a tradição decorativa renascentista, será pintada uma ornamentação que aqui denominaremos como “grega”. A grega representará galhos entrelaçados que formarão uma coroa de espinhos, a coroa de Cristo. Essa coroa representa o próprio sacrifício redentor de Jesus Cristo. Esses galhos que formam a coroa de espinhos, porém, também possuem flores. O Tríduo Pascal é o centro de todo o ano litúrgico, e a expressão artística na coroa de espinhos que produz flores, mostra a obediência livre de Cristo, que se oferece a si mesmo em sacrifício por amor em favor da pessoa humana, e que produz as flores da alegria da vida eterna, da porta do céu que é aberta e do resgate de todos aqueles que estavam na região da sobra da morte. As flores, de maneira especial, também representam a história de Graziano, um homem que certo dia chegou à margem da fonte milagrosa, no local em que Nossa Senhora apareceu em Caravaggio, na Itália, e permaneceu incrédulo. Pegou um galho seco e desfolhado, atirou na água e disse: “Se é verdade que Nossa Senhora pisou esta terra, enverdeça este ramo”. Conta-se que quando o bastão seco tocou a água, verdejou-se, brotaram galhos, cobriu-se de folhas e desabrocharam flores que exalavam suave perfume. Graziano ajoelhou-se, arrependeu-se e passou a rezar e cantar em ação de graças junto com Joaneta e as demais pessoas presentes.

 

Embora a narrativa do milagre não especifique qual o tipo de flores que brotaram, nesta grega serão retratadas rosas por ser considerada, dentro da tradição popular, a rainha das flores, tal qual Maria que é nossa Rainha e nossa Mãe. As cruzes em azul nela retratadas simbolizam que todo milagre passa por Cristo, sendo Maria intercessora junto a Ele.

Por fim, no anel horizontal haverá uma citação bíblica que resume por escrito o que é visto pela arte: O que em Maria foi gerado vem do Espírito Santo (Mt 1,20). Trata-se da mensagem do Anjo a São José, em sonho, antes do nascimento de Cristo. Jesus foi gerado no ventre de Maria pela ação do Espírito Santo. A Virgem Maria é a cheia de graça, tanto que quando do encontro de Maria com Isabel, ao ouvir a saudação de Maria, Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Essa citação bíblica não apenas faz referência ao passado distante, mas também àquilo que ocorre dia após dia no Santuário, e que as flores deixadas aos pés da imagem milagrosa ou os ex-votos atestam, que aquilo que em Maria, a Virgem de Caravaggio, continua sendo feito, muitos milagres e graças alcançadas, isso tudo vem do Espírito de Deus. Portanto, fé e confiança na grandiosa intercessão de N. Sra. de Caravaggio, porque o que nela é gerado, vem do Espírito Santo. Toda a arte da cúpula estará interligada numa só narrativa. O fiel que adentrar no Santuário e dirigir seu olhar para cima, verá a arte da abóbada, passando pelos vitrais até chegar ao anel, coroado com esta mensagem bíblica e a grega de flores e espinhos.

 

RESPONSÁVEIS E COLABORAÇÃO

Vale ressaltar que esta é a efetivação da primeira etapa de um projeto de arte maior, que contempla todo o Santuário. Outros importantes elementos serão devidamente retratados nas futuras etapas da obra. Vitrais Zanon é a empresa responsável pelos novos vitrais do Santuário de Caravaggio. Já o artista sacro Cristtiano Fabris foi o escolhido pelo Santuário para a pintura artística.

Para colaborar com o custeio da obra, os devotos poderão auxiliar de três formas: adquirir o Manual do Devoto (livro de orações, súplicas, novena e história do Santuário), que está à venda na loja de artigos religiosos do Santuário; por meio do site http://caravaggio.org.br/doeparaosantuario/ ou, ainda, é possível destinar qualquer valor no próprio Santuário de Caravaggio.

 

ANEXO: REFLEXÕES SOBRE OS 7 DONS E OS 12 FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO

Os 7 dons do Espírito Santo, extraídos do Livro do Profeta Isaías (Is 11,2), são qualidades dadas por Deus para uma maior configuração e seguimento de Jesus Cristo. Pelos dons, a vida da pessoa humana é guiada pelo querer de Deus, para a felicidade completa. Algumas reflexões sobre cada um deles:

  1. Sabedoria: é o dom de perceber o certo e o errado, o que favorece e o que prejudica o projeto de Deus. Por esse dom, busca-se o Bem Supremo da vida, que dá a paz e a felicidade.
  2. Entendimento: mesmo não compreendendo por completo o mistério divino, se entende que em Jesus Cristo está a nossa salvação, porque ele é a plenitude da revelação de Deus. Esse dom ilumina a pessoa humana para aceitar as verdades reveladas por Deus.
  3. Conselho: é o dom de saber discernir caminhos e opções para também escutar e orientar as pessoas, animando-as na esperança que não decepciona.
  4. Fortaleza: é o dom de ser coerente com o Evangelho, de não ter medo de enfrentar riscos na luta por justiça e pela paz, porque Deus está conosco.
  5. Ciência: é o dom de saber interpretar a Palavra de Deus, de compreender o Evangelho e a doutrina da Igreja. Por esse dom, o Espírito Santo mostra o pensamento e a vontade de Deus.
  6. Piedade: é o dom de agir conforme a vontade de Jesus, amando e servindo a Deus com alegria. Por esse dom, o Espírito Santo dá à pessoa humana o sabor das coisas divinas.
  7. Temor de Deus: é o dom de saber reconhecer os próprios limites e de respeitar e estimar a Deus. Não quer dizer “medo de Deus”, mas medo de ofender a Deus.

 

Aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito Santo, vivendo os 7 dons no cotidiano da vida, produzem também os 12 frutos do Espírito, apresentados na Carta de São Paulo aos Gálatas (Gl 5,22-23). Em contraposição às obras da carne, que são os pecados, os frutos do Espírito são todas as virtudes cristãs, obtidas pela obra redentora de Cristo. É a presença do Espírito Santo na pessoa humana que produz esses frutos. Algumas considerações sobre os 12 frutos:

  1. Caridade: é o maior dos frutos, porque não desaparece. “A caridade jamais passará” (1Cor 13,8), já que ela existe para além da própria morte. Trata-se de um amor puro, que não quer nada em troca.
  2. Alegria: é caracterizada por uma emoção interior, uma satisfação espiritual profunda que provém do Espírito Santo. Não é algo momentâneo ou eventual, mas permanente pela graça de Deus.
  3. Paz: é como que a suavidade da alma, uma suavidade interior, tal como Jesus disse aos Apóstolos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá” (Jo 14,27). Não é a ausência de problemas ou dificuldades, mas a satisfação pela plenitude em Cristo, o príncipe da paz.
  4. Paciência: é o fruto essencial para que o cristão persevere na fé. A paciência suporta as adversidades, as provações, as angústias e as perseguições.
  5. Bondade: é fazer o bem, desinteressadamente e incondicionalmente, às pessoas, como expressão de amor verdadeiro ao próximo. É a generosidade no servir aos outros, não apenas como um desejo ou intenção, mas como a gentileza e a compaixão colocadas em prática.
  6. Longanimidade: é a paciência para além da paciência. É quando se continua a ser paciente depois de, tantas e tantas vezes, ter sido posto à prova. Trata-se, também, da tolerância com as pessoas que agem de um modo que nos incomoda.
  7. Benevolência: é a bondade que vai além da bondade. É quando se continua a fazer o bem para além do mínimo que deveria ser feito.
  8. Mansidão: está sempre associada à humildade e à paciência, contra a ira e contra o ódio. Pela obediência a Deus, trata-se de ter os mesmos sentimentos de Jesus, modelo perfeito da verdadeira mansidão, já que ele é “manso e humilde de coração” (Mt 11,29).
  9. Fidelidade: é a lealdade àquilo que foi assumido, bem como para com a confiança depositada. Relaciona-se, de igual modo, à retidão de vida que não trai a fé.
  10. Modéstia: é o pudor no falar, no agir e no vestir, motivado pelo respeito do próprio corpo e da dignidade dos outros. Relaciona-se, também, com o ser discreto, e, por isso, é contra a ostentação e o exibicionismo.
  11. Continência: é o autocontrole ou domínio de si mesmo em relação aos instintos ou impulsos sexuais. Trata-se de uma pedagogia da liberdade humana, um guardar-se, proteger-se e equilibrar-se. Esse fruto é sinal de liberdade interior, de responsabilidade para consigo mesmo e para com os outros. A continência comporta tanto o evitar as ocasiões de provocação e de incentivo ao pecado, como o saber lidar com os impulsos instintivos da própria natureza, sem sufocar os sentimentos e as tendências, mas canalizando-os numa vida virtuosa.
  12. Castidade: é a energia espiritual que liberta o amor do egoísmo e da agressividade. Esse fruto é a afirmação cheia de alegria de quem sabe viver o dom de si, livre de toda a escravidão egoísta, tornando assim harmônica a personalidade, fazendo-a amadurecer e enchendo-a de paz interior. Os casados são chamados a viver a castidade conjugal, percebendo também que a sua doação sexual deverá ser vivida no respeito de Deus e do seu desígnio de amor, com fidelidade, honra e generosidade para com o cônjuge e para com a vida que pode surgir do seu gesto de amor. Os que não são casados praticam a castidade na continência.

 

Fonte: Santuário de Caravaggio

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