Símbolo máximo da sustentação dos imigrantes nas novas terras, a fé que os moveu diante dos desafios também se transformou em dos mais marcantes traços culturais identitários da Serra gaúcha. Cento e cinquenta anos depois da chegada dos colonizadores, esse elemento indissociável da imigração italiana manifesta toda sua expressividade com a inauguração do roteiro turístico ‘Rota dos Capitéis – Caminhos da Imigração e da Fé’.
A iniciativa que envolve 10 municípios da região, e vem sendo construída desde 2020 sob a coordenação do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), celebra a inauguração da sinalização da rota regional – uma das duas que compõem o roteiro –, em solenidade que ocorre no dia 06 de maio, terça-feira, em Monte Belo Sul.
Concebido como uma grande confraternização e demonstração dos hábitos cultivados pelos descendentes, o ato ocorrerá na Capela Santo Antônio, na Linha 80 da Leopoldina, às 10h, e deverá contar com a presença do embaixador da Itália no Brasil, Alessandro Cortese, além de autoridades da microrregião. “Esse projeto é um verdadeiro marco para toda a Serra, sendo um orgulho dar início a ele dentro das comemorações dos 150 anos da imigração. A Rota dos Capitéis é a valorização de um rico legado religioso que baseou a construção de nossas sociedades na região, sendo a simbologia da crença em dias melhores e em mais esperança, e motivo da união entre os imigrantes. Essa mesma unidade permeou esse projeto de integração regional, que também é um verdadeiro manifesto dos laços que mantêm viva a irmandade entre gaúchos e italianos, celebrando uma conexão que para sempre nos unirá”, comenta Marijane Paese, presidente do Conselho Superior do CIC-BG.
A inauguração da Rota dos Capitéis festeja, justamente no ano que abarca as comemorações do sesquicentenário da imigração italiana no Rio Grande do Sul, todo legado cultural herdado do povo que emigrou para a Serra a fim de escrever uma nova história para suas vidas. Por isso, é tratado como um acontecimento em honra à memória e à preservação dessa herança. Cada um dos 10 municípios envolvidos – Bento Gonçalves, Boa Vista do Sul, Carlos Barbosa, Coronel Pilar, Farroupilha, Garibaldi, Imigrante, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza – preparou uma acolhida para demonstrar, por meio da enogastronomia e de atividades culturais, como esse espólio está entranhado na origem de seus povos.
Produtos agroindustriais como os queijos de Carlos Barbosa, o capeletti de Coronel Pilar, o salame de Boa Vista do Sul, a bolacha de melado de Imigrante, o grostoli de Garibaldi, além da importante economia da fruticultura da região, exemplificada pelos caquis e maçãs de Pinto Bandeira, se juntam a manifestações artísticas e do saber fazer. É o caso dos coros de Santa Tereza, dos grupos culturais de Monte Belo do Sul, que também colocará polenta à mesa e da demonstração de dressa de Bento Gonçalves e dos atrativos de Farroupilha. Várias delas também levarão suas soberanas à festividade, pensada para demonstrar o quanto a italianidade permeia o cotidiano desses municípios. A solenidade também marcará o lançamento do site oficial da Rota dos Capitéis, uma importante ferramenta de aproximação e informação a respeito da nova opção em turismo religioso na Serra.
Roteiro contempla 468 construções
A Rota dos Capitéis está ancorada em dois grandes roteiros, passando por capitéis, igrejas, capelas e grutas, concebidos para serem percorridos de distintas formas – caminhada, bicicleta ou veículos. A regional começa por Bento Gonçalves, na Igreja Santo Antônio, considerada o início e o final do trajeto e passa por áreas rurais e urbanas de cada um dos 10 municípios. Ao todo, são 15 trechos para caminhantes que totalizam 330 quilômetros. Há, ainda, outros 10 para ciclistas que somam 350 quilômetros. Todos foram desenvolvidos conforme normas ABNT/ISO/CONTRAN. Além desse, há a rota circular, cuja inauguração é prevista para dezembro deste ano, com 64 trechos, abrangendo o máximo do território de cada um dos 10 municípios e totalizando 2.367 quilômetros – similar à distância entre Bento Gonçalves e Caravelas, na Bahia. Desse total, 533 quilômetros são de rotas para caminhadas. Outros 772 quilômetros são para rotas de cicloturismo, e 1.063 quilômetros para rotas de veículos.
A concepção do projeto se baseia em três livros que destacam como os antigos moradores da região homenageavam seus santos por meio da construção de templos. Dois deles são de autoria do jornalista Fabiano Mazzoti. “O Livro do Capitel”, com o mapeamento dos capitéis erigidos no território da antiga Colônia Dona Isabel, hoje representada por Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza, e “Amém, Bento Gonçalves – Igrejas e capelas desta terra”. O outro é “Perto das Estrelas”, um trabalho do Circulo Trentino di Garibaldi que traça a existência dos pequenos santuários na antiga Colônia Conde D’Eu – hoje Garibaldi –, além de Carlos Barbosa e outros municípios. Ao todo, são 468 construções religiosas (252 capitéis, 175 capelas, 23 grutas, 16 igrejas e duas ermidas) mapeadas e que estão recebendo sinalização indicativa, com painéis trazendo informações sobre cada um deles. O roteiro prevê 16 estações de apoio localizadas entre os municípios, voltadas para hidratação, informações técnicas, bicicletário e totem de manutenção para bicicletas.
A ‘Rota dos Capitéis – Caminhos da Imigração e da Fé’ é capitaneada pelo CIC-BG, de forma conjunta com os dez municípios envolvidos, e tem o patrocínio de Banrisul, Rio Grande Seguros e Previdência, Sicredi e Deputado Estadual Guilherme Pasin, por meio de emenda parlamentar. O projeto também tem o apoio da Mitra Diocesana de Caxias do Sul, do Sebrae e do CISGA.
Fonte: Exata Comunicação
Foto Fabiano Mazotti
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