Projeto busca o resgate da Memória Negra em Bento Gonçalves

No próximo dia 23, sábado, às 16h, no Centro Cultural 20 de Novembro, em Bento Gonçalves, o projeto Memória Negra em Bento Gonçalves começa a tomar forma com a realização de um café, bate-papo e ações artísticas focadas na cultura negra. O encontro servirá como base para a pesquisa do historiador Lucas Anhaia que, a partir desses relatos orais e outros materiais de pesquisa, organizará a publicação de um  livro com as memórias sobre pessoas negras do município, com o período histórico local, relacionando com os contextos nacionais e internacionais. O projeto é feito com recursos do Fundo Municipal de Cultura de Bento Gonçalves.

A primeira atividade do projeto é justamente a realização de um café e conversa sobre memórias das pessoas negras de Bento Gonçalves. Neste dia também serão realizadas apresentações artísticas de grupos e artistas locais de culturas afrodiaspóricas, selecionados a partir de uma curadoria da proponente Silvia Maia Alves, mulher negra, capoeirista, e atual secretária  da Sociedade 20 de Novembro, que possui mais de 20 anos dedicados à cultura negra. É dela também a curadoria de artistas e atividades do dia, que contam com uma a presentação de Hip Hop, apresentação da banda Raízes, que integra o Movimento Negro Raízes, e a exposição “Faces da Miscigenação”, de Pablo do Rosário, com fotografias de pessoas negras residentes ou que residiram em Bento Gonçalves.

O projeto busca outras narrativas para a história do município de Bento Gonçalves, escrita em livros e ensinada em escolas e mesmo transmitida oralmente, que sempre narra a saga dos imigrantes italianos na região, mas apaga a história da população negra.  Embora predominantemente autodeclarada branca, existem evidências da presença de pessoas negras (pardas e pretas) no município desde a sua fundação. Esses grupos estavam entre os chamados “tropeiros” e chegaram principalmente no período da construção de ferrovias e, ao l ongo dos anos, contribuíram e contribuem para a construção cultural, social e física da cidade. Assim, unindo a oralidade da cultura popular, cultura negra e a escrita, o projeto propõe a transversalidade entre as áreas do conhecimento, preservando e valorizando o saber popular.

A publicação do livro tem à frente o pesquisador Lucas de Anhaia, historiador negro bentogonçalvense que já atua nessa área de pesquisa e em 2021 realizou a exposição “Existiria Bento Gonçalves sem a história negra?”, no Museu do Imigrante, resultado da pesquisa sobre a existência e resistência de pessoas negras na formação e construção do município de Bento Gonçalves. O livro resultante do projeto terá o título “Registro da Cor” e será distribuído em escolas m unicipais, de forma a oferecer novas leituras e informações sobre a história local, destacando a presença negra nesses contextos. Além disso, serão realizadas diversas palestras sobre Consciência Negra em diferentes espaços de Bento Gonçalves.

Zilda Núncio, presidente da Sociedade 20 de Novembro fala que “o projeto é muito importante, a gente nunca foi lembrado na história dessa cidade, a gente é aquele lado esquecido e um dos motivos de eu estar lutando na 20 é por conta dessa nossa invisibilidade”.

Fonte: Assessoria de Comunicação – Prefeitura

PG

 

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