Presépio do Santuário de Caravaggio retrata floresta e natureza: a casa comum

Quem chega ao Santuário Antigo de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha, pode contemplar o presépio natalino instalado desde a semana passada. Neste ano, o cenário usado é a floresta para lembrar de um importante papel: a casa comum, a criação de Deus. O Santuário Antigo fica ao lado do Santuário principal. Neste final de semana, Papa Francisco lançou uma Carta Apostólica, “Admirabile signum”, em que explica sobre o valor e o significado do presépio. “Diante do Presépio, a mente corre de bom grado aos tempos em que se era criança e se esperava, com impaciência, o tempo para começar a construí-lo. Estas recordações induzem-nos a tomar consciência sempre de novo do grande dom que nos foi feito, transmitindo-nos a fé; e ao mesmo tempo, fazem-nos sentir o dever e a alegria de comunicar a mesma experiência aos filhos e netos”, diz no conteúdo.

Natureza e religião formam uma ligação extremamente importante e é um dos temas que Papa Francisco aborda de diversas formas – por isso, a escolha para que o tema fosse retratado no presépio é tão pertinente. Justamente para esclarecer ao povo porque cuidar da natureza é, também, cuidar de todos nós, Papa Francisco apresentou ao mundo a Carta Encíclica Laudato Si’. Trata-se de um documento que aborda também o Cântico das Criaturas, escrito por São Francisco de Assis, protetor dos animais e padroeiro da ecologia, onde são louvadas e citadas as belezas da natureza.  Mais recentemente, em outubro, houve o Sínodo da Amazônia, reunião episcopal que discutiu também questões ligadas ao meio ambiente e aos povos indígenas.

Este tema também é escolhido pelo Papa Bento XVI por ocasião do Dia Mundial da Paz, de 1º de janeiro de 2010: “Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação”. Naquele ano, o Papa Bento XVI já refletia sobre a preocupação com os perigos que derivam do desleixo, se não mesmo do abuso, em relação à terra e aos bens naturais que Deus nos concedeu.

Papa Bento XVI já lembrava que não é possível ficar indiferente perante as problemáticas que derivam de fenômenos como as alterações climáticas, a desertificação, o deterioramento e a perda de produtividade de vastas áreas agrícolas, a poluição dos rios e dos lençóis de água, a perda da biodiversidade, o aumento das calamidades naturais, o desflorestamento das áreas equatoriais e tropicais.

É claro que, além do Papa Bento XVI, o Papa Francisco recupera esta temática sempre que possível. É por isso, então, que o presépio deste ano representa os humanos que vivem nas florestas, a beleza da criação de Deus (fauna e flora) e alguns aspectos da destruição da obra divina (queimadas, machado e serragem).

Há um elemento no presépio, contudo, que pode gerar certa curiosidade: a serpente. O intuito é recordar os relatos da criação do universo e da pessoa humana, apresentado no Livro do Gênesis, e a vitória de Cristo sobre o Maligno. Em Gênesis 3, há a presença da serpente maléfica e tentadora, amaldiçoada por Deus, símbolo de Satã, o Acusador, o Adversário, o Caluniador (o Diabo).

Já o Novo Testamento apresenta o Natal de Jesus, sua vida pública e, sobretudo, o sacrifício da sua Páscoa como a derrota do Maligno pelo restabelecimento da comunhão com Deus. Quer-se, com o símbolo da serpente amaldiçoada no presépio, destacar que a salvação em Jesus Cristo já se inicia no seu Natal. É pelo sangue (vida) de Jesus Cristo que a pessoa humana é redimida, pois Ele é o Salvador e a Salvação.

 

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