Dezenove presos, nove veículos recolhidos e mais de R$ 100 mil, entre dinheiro em espécie e cheque, tirados de circulação.
O resultado corresponde a 5 dias de uma operação em que a Polícia Civil gaúcha mirou os crimes de estelionato praticados em todo o estado. A investida, entre os dias 10 e 14 de maio, envolveu 280 policiais civis de todas as regiões policiais do interior e metropolitana, além de vários departamentos da Instituição.
Em Canoas, a Delegacia de Polícia de Proteção ao Consumidor, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), junto do Ministério Público e Vigilâncias Sanitárias Estadual e Municipal, prendeu três em flagrante após localizar uma fábrica clandestina de produção e falsificação de sabão líquido para roupas. A fábrica produzia até 25 mil litros de sabão líquido por semana, com um faturamento aproximado de R$ 500 mil por mês, de um produto totalmente clandestino e sem qualquer autorização dos órgãos competentes – além de envasar fraudulentamente em frascos com a marca OMO. Durante essa ação, denominada Operação Abluente, foram encontrados aproximadamente 3,2 mil litros de sabão líquido para embalar, 240 unidades prontas para a venda, 10 mil embalagens, caixas com a marca Unilever, etiquetas e rótulos. Um caminhão, uma van e dois veículos foram apreendidos. O produto clandestino era vendido em pelo menos 23 cidades do estado.
Já no Vale do Taquari, durante a Operação Aleteia, foi desarticulada uma organização criminosa que em questão de quatro anos teria faturado R$ 8 milhões ao falsificar documentos para fraudar o seguro DPVAT. Com a ajuda de informantes dentro de hospitais e UPAs, os cooptadores do grupo eram acionados sempre que havia um acidente de carro com vítima. De posse dos dados da vítima e informações do acidente, eles entravam em contato e ofereciam os serviços do escritório para encaminhamento do auxílio DPVAT, muitas vezes, inclusive, dizendo que sem a ajuda deles a pessoa não receberia o seguro. Após receber os documentos da vítima, os golpistas adulteravam os laudos apresentados e levavam a pessoa para uma consulta com um fisioterapeuta que participava do golpe – aqui, as lesões eram agravadas ou se simulava uma invalidez permanente, o que aumentava o valor a ser recebido. Assim que os valores eram liberados, a quadrilha repassava a parte que cabia à vítima, ou seja, apenas o ressarcimento das despesas que ela havia informado à quadrilha, com os descontos pelos serviços. A diferença referente ao agravamento dos ferimentos ou pela invalidez permanente ficava com o grupo. Em outros casos, as vítimas eram coniventes com a fraude e realizavam registros falsos de acidentes, ajudando na falsificação de laudos e perícias. A operação, com investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Lajeado e apoio da Brigada Militar, apreendeu mais de R$ 64 mil, entre cheques e dinheiro em espécie, além de documentos, notebooks, celulares, cartões de memória, HDs externos e pen drives.
Durante ação em Erval Grande, foram apreendidos quase R$ 30 mil. Já em Santana do Livramento, a Polícia Civil investigou o famoso “golpe do cartão bancário”, no qual golpistas ligam para uma pessoa e informam sobre uma falsa tentativa de compra com o cartão dela. Ludibriada, a vítima revela a senha por telefone e entrega o cartão para um falso funcionário do banco, mandado pelos criminosos até a residência do alvo. Também em Imbé, um estelionatário que cumpria prisão domiciliar foi preso em flagrante. O suspeito vendia terrenos urbanos alheios, apresentando para vítimas contratos com teor falso e selo notarial falsificado. Ele, inclusive, anunciava a venda dos imóveis em redes sociais, sites e aplicativos. As duas últimas vítimas, mãe e filha, efetuaram pagamento da entrada em dinheiro e por meio de duas transferências bancárias em favor de terceiro, além de entregar um automóvel. Contra o suspeito tramitam 7 inquéritos policiais referentes à venda de imóveis, cujos golpes foram praticados em 2020 e 2021, em Imbé.
Em outra ação, dessa vez em Alvorada, um casal foi abordado em um veículo, após um comerciante denunciar que a dupla havia feito uma compra utilizando uma nota falsa de R$ 100. Ainda na mesma cidade foi realizada ação para apurar uma organização criminosa composta por familiares que aplicavam golpes, desde 2013, envolvendo casas pré-fabricadas. O grupo anunciava a construção de casas e, após a assinatura do contrato e pagamento de parte do valor, as mesmas não eram construídas.
Em uma cela do Presídio Estadual de Santa Rosa e em quatro residências nas cidades de Doutor Maurício Cardoso e Santa Rosa, foram recuperados R$ 8.650,00 em dinheiro de origem criminosa e um automóvel que, recentemente, havia sido adquirido pelo valor de R$ 11,5 mil – recursos esses advindos de golpes. Sete celulares, um notebook, comprovantes de movimentações bancárias, papéis com anotações de contas e CPFs de possíveis vítimas, dentre outros, complementam a apreensão realizada. Na cela de dois dos investigados, foi localizado um celular com dois carregadores adaptados. O aparelho seria utilizado para aplicar golpes de extorsão e estelionato por meio de perfis falsos criados no WhatsApp. Os apenados contariam ainda com apoio de pessoas de fora do presídio para buscar dinheiro junto às vítimas.
A operação em todo Estado também apreendeu cartões de crédito em nome de terceiros e aparelhos eletrônicos, como máquinas de pagamento de cartão, celulares, tablets e computadores.
O alerta
A série de golpes praticados e cujo prejuízo às vítimas ensejou essa operação tem recebido particular atenção da Polícia Civil. Em novembro do ano passado, a Instituição, por meio de uma iniciativa inédita da Divisão de Comunicação Social e Relações Institutionais (DCS), do Gabinete da Chefia, lançou o aplicativo PC Alerta!. Disponível no Play Store para usuários do sistema Android, o app é baseado na cartilha sobre golpes virtuais, lançada pela Instituição em junho daquele ano. São mais de 15 golpes que têm seu modus operandi esmiuçado pelo aplicativo, que também traz dicas de segurança, link direto para denúncia por WhatsApp e a possibilidade de registrar uma ocorrência via Delegacia Online.
Golpes como o da clonagem de cartões de crédito e extorsão sexual estão entre aqueles que ganham destaque no app. No último caso, as vítimas, geralmente homens de meia idade, são seduzidas por meio de um perfil falso em uma rede social. Convencidos a trocar fotos íntimas com o estelionatário, que, até então, assume a identidade de uma mulher jovem, passam a ser chantageados após a troca de imagens. As ameaças vão desde vazar as “nudes” na internet a enviar para familiares da vítima.
Também o golpe da clonagem do WhatsApp tem dado dor de cabeça a muitos usuários e mobilizado investigações policiais. Especificamente nesse caso, pessoas que informam o número de contato do WhatsApp em sites de venda duvidosos abrem margem para que golpistas, se passando por funcionários do site, entrem em contato. O falso colaborador informa que para o anúncio ser validado, ele necessita de um código que chegará via SMS (mensagem de texto). Nesse instante, o criminoso tenta logar no WhatsApp com o número da outra pessoa, o que faz com que o aplicativo envie para a vítima uma mensagem com um código de verificação. Erroneamente, quando esse número – que é o código de segurança do aplicativo – chega no celular da vítima, ela o passa para o criminoso, tornando possível ao fraudador concluir a clonagem do número. A verificação em duas etapas, que deve ser ativada nas configurações do aplicativo, é uma forma de se evitar a clonagem do perfil.
Golpe do perfil falso
Pessoas de todo o Brasil, inclusive do Rio Grande do Sul, têm sido vítimas de um golpe que usa o nome e a imagem de delegados gaúchos para praticar extorsão via WhatsApp, o famoso “golpe do perfil falso”. O início dessa armadilha, contudo, acontece não pelo app, mas por meio da Internet.
A dinâmica é simples: criminosos fazem perfis falsos de mulheres em redes sociais, contatam homens (geralmente de meia idade) e os convencem a trocar fotos íntimas. Na sequência, um segundo criminoso cria uma conta de WhatsApp com nome e foto de um delegado ou agente da polícia civil do Rio Grande do Sul. “Daí, ele ou ela contata a vítima e afirma que a mulher em questão era menor de idade. Diz que para o homem não ser preso por pedofilia precisará pagar uma certa quantia em dinheiro”, é o famoso golpe dos nudes, explica o delegado André Lobo Anicet, titular da Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Informáticos (DRCI), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Para a Chefe de Polícia, delegada Nadine Anflor, só o pretexto de pagar qualquer valor para o arquivamento de um caso é descabido. “Se houvesse um crime real, o suspeito seria investigado de forma apropriada, dentro do que é permitido pela lei. Não existe arquivamento mediante qualquer tipo de pagamento em dinheiro ou favores. Caso a proposta seja essa ou semelhante a essa, o interlocutor do outro lado do Whats não é um policial civil, mas sim um criminoso”, garante a Chefe Nadine.
Fique atento
Tendo conhecimento de um perfil falso, encaminhe e-mail para support@whatsapp.com, informando da fraude e o número fraudulento. Também informe o seu número verdadeiro com o seu nome e descreva brevemente o ocorrido. Não esqueça que o telefone deve ir no seguinte formato: + 55 XX XXXXX XXXX.
Já ocorrências policiais podem ser registradas em qualquer delegacia de polícia, ou pela Internet no site da Delegacia Online – o endereço é o www.dol.rs.gov.br.
Fonte: Polícia Civil
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