As apreensões de mídias, computadores e documentos em cumprimento de mandados durante esta manhã de quarta-feira, dia 2, pela Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União, deverão nortear os próximos passos após a realização da Operação Liber Pater, ocorrida simultaneamente em Bento Gonçalves, Farroupilha, Esteio e Vacaria.
As informações foram divulgadas em entrevista coletiva realizada na Sala Imigrante do hotel Personal Smart, em Caxias. Manifestaram-se para a imprensa Sérgio Busato, delegado regional de Investigação e combate ao Crime Organizado, Eduardo Dalmolin Bollis, delegado da Polícia Federal, procurador do MPF, Bruno Alexandre Götschow, Cláudio Moacir Marques Corrêa, Auditor Federal da CGU no RS.
Cerca de 40 policiais federais e seis servidores da CGU cumpriram nove mandados de busca e apreensão e três de condução coercitiva (uma forma impositiva de levar sujeitos do processo, ofendidos, testemunhas, acusados ou peritos, independentemente de suas vontades, à presença de autoridades policiais ou judiciárias).
As investigações apuraram indícios de fraude em licitações para compra de matéria prima e sobrepreço na aquisição de uvas, com indicativo que alguns fornecedores sejam vinculados a dois servidores da Embrapa.
“Existem vários elementos que indicam possibilidade concreta de que haja irregularidade na aquisição das uvas. Grande quantidade de compras de uvas com dispensa ou inexibilidade de licitação”, afirmou Eduardo Dalmolin Bollis, delegado da Polícia Federal.
Outro apontamento das investigações refere-se a cinco obras (reforma da Cantina fase 4, laboratórios da Embrapa Fases 1 e 2, Construção de Pórtico de Acesso e Prédios das Chefias). Elas são apontadas pela CGU como superfaturadas, com prejuízos que ultrapassam R$ 700 mil.
Foram efetuadas buscas em três construtoras, que foram responsáveis pelas obras, inclusive uma em Bento Gonçalves, além de três vinícolas relacionadas, três pessoas físicas e na própria sede.
O delegado regional de Investigação e combate ao Crime Organizado, Sérgio Busato, informou que “a análise de mídias, computadores, serão cruciais para ver o que está na Lei e o que não está”, comentou.
O procurador do MPF de Bento Gonçalves, Bruno Alexandre Götschow, disse que “são muitos fatos, uns podem se confirmar e outros não. A impressão que a gente tem é que há uma confusão do público e privado. A gente vê pessoas privadas se utilizando orçamento de órgão público para se beneficiarem indevidamente. Ou seja, não há a separação que deveria haver”, salientou.
Os crimes investigados são fraude à licitação, formação de quadrilha, peculato e falsidade ideológica. Além da apuração no âmbito criminal, o Ministério Público Federal de Bento Gonçalves conduz inquérito civil para a apuração de eventual cometimento de atos de improbidade administrativa por parte dos empregados públicos envolvidos.
Liber Pater é o deus romano da viticultura, cultuado antes mesmo do deus Baco, ligado ao vinho.
COMUNICADO
A Embrapa informa que foi comunicada hoje cedo de uma ação da Polícia Federal em sua unidade Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS). Desde então, os dirigentes da Empresa estão acompanhando o desenvolvimento da operação e dando amplo acesso e apoio às investigações.
Secretaria de Comunicação da Embrapa
Fonte: Central de Jornalismo da Difusora
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