Análises de processos de pirólise feitas pelo LEBIO viabilizaram Licença de Operação para empresa calçadista utilizar nova tecnologia
A expertise do Laboratório de Energia e Bioprocessos (LEBIO) da Universidade de Caxias do Sul no desenvolvimento de tecnologias para tratamento, processamento e destinação de resíduos sólidos contribui de forma fundamental para o avanço deste campo científico. Evidência mais recente está na Licença de Operação (LO) concedida de forma inédita no Rio Grande do Sul pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), autorizando uma empresa calçadista a utilizar tecnologia inovadora para o tratamento térmico de resíduos por meio de pirólise (saiba mais abaixo). É o resultado de um processo iniciado em 2020 e que teve, desde a sua origem, assessoria e acompanhamento direto do LEBIO.
Em convênio firmado com a Ambiente Verde, empresa especializada em reaproveitamento de resíduos sólidos, com sede em Taquara (RS), o LEBIO tornou-se a unidade de pesquisa responsável pelo acompanhamento dos processos necessários para a conquista da Licença de Operação. Com ela, a Ambiente Verde poderá processar duas toneladas de resíduos para uma grande indústria calçadista com matriz em Novo Hamburgo, que vai utilizá-los para produzir palmilhas de sapatos e para a geração de energia limpa.
Entenda o processo
A Diretriz Técnica 02/2019 da Fepam estabelece que a Unidade de Pesquisa que acompanha o processo de licenciamento ambiental, neste caso o LEBIO, deva realizar a caracterização completa dos resíduos e avaliar o uso da tecnologia em escala laboratorial e industrial. O Laboratório, vinculado ao curso de Engenharia Química da UCS, fez essa caracterização e realizou ensaios de pirólise – tipo de tratamento térmico de resíduos realizado na ausência de oxigênio, ao contrário da combustão. O sucesso dessas análises foi essencial para que a Fepam concedesse a Licença de Operação à Ambiente Verde, que fará a transformação termoquímica de resíduos calçadistas em gases combustíveis e char (um pó similar ao carvão). O resíduo char será incorporado na fabricação de palmilhas de calçados, enquanto que o gás gerado no processo será transformado em energia elétrica para utilização na empresa calçadista.
Uma nova tecnologia
“Por se tratar de uma nova tecnologia, é necessário que uma universidade acompanhe todas as etapas do processo para que o licenciamento ambiental seja concedido, conforme prevê a Diretriz Técnica 02/2019. Isso ocorre tanto para valorizar quanto para incentivar as instituições de ensino a desenvolverem pesquisas diretamente vinculadas ao setor produtivo do Estado, auxiliando na busca de soluções para a destinação final dos resíduos sólidos industriais de forma sustentável. A Universidade de Caxias do Sul, que teve a responsabilidade de acompanhar as amostragens, os testes e toda a implantação do empreendimento, possui um histórico de atuação neste tipo de pesquisa, o que colaborou para se chegar com sucesso à solução proposta”, afirma o presidente da Fepam, Renato Chagas.
Responsável pelo LEBIO, o professor Marcelo Godinho explica que o char gerado no processo tem diversas aplicações, sendo constituído de mais de 90% de carbono, o que o caracteriza como uma fonte de sequestro de carbono. “O char gerado na unidade da Ambiente Verde será usado como matéria-prima para a produção de palmilhas, mas a UCS tem estudado, em conjunto com a empresa, outras aplicações para este char. Essas pesquisas vão ao encontro do projeto RS UP, conduzido pela UCS”, destaca Godinho.
No início de setembro, a UCS e a Prefeitura de Caxias do Sul firmaram acordo para o início da Fase II do projeto RS UP. O contrato prevê a instalação de uma unidade teste de geração de energia e produtos de valor agregado a partir de resíduos sólidos urbanos junto ao Aterro Sanitário Rincão das Flores, na localidade de Apanhador,em Caxias, por meio do processo de pirólise, com potencial para beneficiar 32 municípios da região. Além de Caxias, os municípios de Gramado, Flores da Cunha, Serafina Corrêa, Paraí, Monte Belo do Sul e Vista Alegre do Prata aderiram ao projeto.
Para saber mais e aderir ao Resíduos Serra – RS UP: (54) 3218-2034 – UCSiNOVA
Fonte: ACOM|Assessoria de Comunicação
Foto: Claudia Velho/Acervo UCS
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