Passagem de indígenas na região de Bento motiva novo debate

Entre o final de um ano e o início do próximo, a presença de indígenas em Bento Gonçalves e municípios vizinhos ganha força. Com a confecção de artesanatos, como cestos, adereços e materiais de suas culturas, buscam a Serra como oportunidade de comercialização e encaram a estada como temporária.

Por isto, a Prefeitura de Bento desde 2013 destinou uma área para que os índios pudessem ficar, as margens da BR-470, entre o acesso do bairro São Roque e Linha Eulália. Em acordo com a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) ficou estabelecido que seria um ponto de passagem por 15 ou até 30 dias.

Em virtude de uma desavença, alguns integrantes do acampamento caingangue deixaram o local e passaram a se instalar em outro ponto, sem as condições necessárias, também na rodovia.

De acordo com o secretário de Habitação e Assistência Social, Eduardo Viríssimo, “tem sido feito monitoramento, mas o cacique informou que houve um atrito entre eles e um grupo acabou se desligando”, disse.

Outra preocupação grande é o fato de crianças estarem pelas ruas, em meio aos carros, muitas vezes não vendendo artesanato, mas até pedindo esmola. No final de 2018 o Conselho Tutelar chegou a realizar uma intervenção na Praça Vico Barbieri na tentativa de alertas os índios responsáveis.

A conselheira tutelar, Silvana Lima, diz que “são várias as denúncias sobre as crianças. O Conselheiro vai ao local, mas assim que a gente vira as costas eles acabam indo de novo e se colocando em risco”, comentou.

Este tema acompanha o trabalho do Ministério Público Federal (MPF), através da Procuradoria de Bento Gonçalves, há pelo menos 13 anos. O procurador Alexandre Schneider define o período com “avanços, obstáculos e retrocessos”.

Acrescenta ainda que eles “não vem para se estabelecer definitivamente e sim sazonalmente, porque a nossa região é rica. Eles vem buscando aumentar recursos com a venda de artesanato, como cestos, adornos, como expressão de sua cultura”, pontuou.

Schneider aguarda ainda uma cessão de área para a Funai, para possibilidade de colocação de recursos na área de passagem destinada aos indígenas, como próxima etapa.

Em Garibaldi, Praça foi invadida

Uma praça central em Garibaldi, na esquina da Avenida Rio Branco com General Osório, virou dias atrás ponto de passagem dos índios. O grupo em virtude de um desentendimento de caciques, deixou a cidade de Charrua e a região de Passo Fundo, buscando a Serra para venda de produtos, mas na expectativa de entendimento em seus locais de origem.

O repórter Benito Rosa conversou com Jossimar Pedro, um dos que ocupava a área, que tem parque infantil e até banheiro público. “Este é o nosso serviço. Éramos de Charrua, mas lá não dá mais para viver, não somos deste tipo de folia que eles fazem, até que eles se entendam bem lá”, disse.

O indígena também relatou que “somos bem recebidos. Se um dia um deles chegar lá onde a gente mora, temos que receber bem”. O grupo já deixou o município e partiu para Veranópolis.

Fonte: Felipe Machado

Fotos: Prefeitura de Bento e Benito Rosa

*colaborou Benito Rosa.

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