A dor ocasionada pelas atuais tragédias climáticas no Rio Grande do Sul e pelas guerras e conflitos armados neste planeta doente, revelam, em seu pano de fundo, uma crise de humanidade, e, portanto, chagas profundas e muita dor nos membros da Igreja, Corpo Místico de Cristo. A dor está no próprio Cristo, cabeça da Igreja.
A celebração solene de CORPUS CHRISTI é uma manifestação, uma exposição pública e honrosa do Santíssimo Sacramento. Sempre celebrada na quinta-feira, pois recorda o dia da Ceia do Senhor com seus discípulos na véspera de sua paixão, ou seja, a Quinta-Feira Santa, e, portanto, o dia da instituição da Eucaristia. Eucaristia provém do termo grego “eucharistein” (Lc 22,19; 1 Cor 11,24) e “eulogein” (Mc 14,22; Mt 26,26) que significa, por excelência, Ação de Graças. Lembram as bênçãos judaicas que proclamam, especialmente antes das refeições, as obras de Deus: a criação, a redenção e a santificação.
Bendizemos, louvamos e adoramos Deus Pai Criador pelo pão e vinho que recebemos de sua bondade, fruto da terra e da videira e do trabalho humano que oferecemos, e que, para nós se tornam dons de vida e salvação. O Pão da vida e o Cálice da Salvação.
Mas neste contexto, diante de tanta dor humana ocasionada pelas guerras e tragédias climáticas vem algumas perguntas ao celebrarmos a Eucaristia e participarmos da comunhão.
A pergunta dos discípulos de Jesus: “Onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?” Esta pergunta também parte de cada um de nós: Em que “lugar” queremos preparar a Páscoa do Senhor? “Quais são os «lugares» da nossa vida onde Deus nos pede para o hospedarmos?” O Papa Francisco responde a estas perguntas usando três imagens: A primeira imagem é do homem anônimo, que serve de guia para os discípulos à procura do lugar que depois receberá o nome de Cenáculo, que traz um cântaro de água, um sinal que faz pensar na humanidade sedenta, procurando uma fonte de água que lhe satisfaça a sede e a restaure. O homem caminha na vida com um cântaro na mão: tem sede de amor, de alegria, de uma vida bem sucedida num mundo mais humano. E, para esta sede, não é suficiente a água das coisas mundanas, pois trata-se de uma sede profunda que só Deus pode satisfazer. Precisamos sair do pequeno quarto do nosso eu, diz Francisco, revelando a segunda imagem que é a da grande sala no andar de cima, onde Jesus e os seus fazem a ceia pascal e esta sala encontra-se na casa da pessoa que os hospeda, é uma sala grande. Precisamos alargar o coração. Precisamos sair do pequeno quarto do nosso eu e entrar no grande espaço da adoração.
Este é o procedimento diante da Eucaristia: a adoração. A própria Igreja deve ser uma sala grande para contemplar o Deus do amor na Eucaristia. A terceira imagem é o Jesus que parte o Pão. “É o gesto eucarístico por excelência, o gesto que identifica a nossa fé, o lugar do nosso encontro com o Senhor que se oferece a fim de nos fazer renascer para uma vida nova. É o Senhor que não exige sacrifícios, mas sacrifica-se a si mesmo.
É o Senhor que não pede nada, mas dá tudo”. Somos chamados a viver este amor, não podemos partir o Pão se o coração estiver fechado aos irmãos. Não podemos comer este Pão, se não darmos o pão aos famintos. Somos uma Igreja com o cântaro na mão, que desperta a sede e leva a água aos que precisam. Abramos amorosamente o coração, para sermos a sala espaçosa e acolhedora onde todos possam entrar para encontrar o Senhor. Repartamos a nossa vida na compaixão e na solidariedade, para que o mundo veja, através de nós, a grandeza do amor de Deus”, diz o Papa. Junho se inicia, sejamos um porto seguro de amor e esperança aos irmãos gaúchos e aos que padecem na guerra. Paz e bem!
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