Uma das principais atrações da Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia (Finit), que ocorre em Belo Horizonte até sábado (4), a corrida de drones chama a atenção do público. Quatro vezes por dia, qualquer um pode controlar um desses dispositivos voadores e cumprir um percurso com obstáculos. Os dois melhores disputam uma grande final, em que o vencedor é quem pilota mais rápido.
Por trás do entretenimento, existe um novo modelo de negócio que une ações sociais e geração de lucro. Empresa responsável pelos drones, a Mirante Lab, de São Paulo, também sustenta-se com os convites para demonstrações em escolas, eventos e workshops. No entanto, segundo os funcionários, o negócio também fornece retorno para a sociedade ao promover a inclusão de novas tecnologias e ampliar o interesse pela ciência.
“Temos uma missão de inclusão que a gente preza muito: deixar que as pessoas conheçam o que é um drone ou uma impressora 3D [que imprime objetos em três dimensões]. São jovens, pessoas com deficiência e até idosos que entram em contato pela ciência”, destaca Ricardo Yamamoto, gerente de Atividades da Mirante Lab. Fundada há dois anos, a empresa, desde o ano passado, é parceira da Campus Party, evento que reúne jovens para desafios tecnológicos.
Missão
Um desses negócios é a Kitutor, startup de educação online que oferece aulas numa plataforma restrita. Fundador da empresa, Antônio Pinto diz ter muito orgulho da vocação social de seu negócio, que, segundo ele, fornece uma solução barata para escolas que precisam complementar atividades para cumprirem a carga horária de ensino integral. “Nossa solução custa 1% do que o governo gasta hoje para oferecer o contraturno escolar”, declara.
A startup (empresa pequena que fornece inovações tecnológicas) de Antônio Pinto ainda está em fase pré-operacional e comercializará a plataforma de ensino online a partir de janeiro. Ele pretende usar o faturamento com a venda da solução tecnológica a escolas e empresas privadas para oferecer de graça a plataforma a escolas públicas. “Também posso atrair patrocinadores que financiem o fornecimento para o ensino público. Ser empresário social não me impede de lucrar. A gente quer ganhar dinheiro fazendo o bem”, resume.
Potencial
O secretário de Inovação e Novos Negócios Ministério do Desenvolvimento, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Vinícius de Souza, diz que o acesso crescente à tecnologia está promovendo uma mudança na cultura de negócios. Segundo ele, os negócios sociais proporcionam impacto positivo em várias áreas, como renda, cidadania e meio ambiente. “Até alguns anos atrás, as grandes empresas constituíam projetos de responsabilidade social para devolver parte dos lucros em ações sociais. Agora, estão nascendo negócios sociais que unem a capacidade de promover melhorias sociais e ambientais enquanto geram lucros”, ressalta.
Para Souza, os negócios sociais são um dos temas que vão liderar a transformação na economia nas próximas décadas. Ele ressalta que o Brasil tem um potencial elevado para esse tipo de empreendimento. “Temos cada vez mais pessoas empoderadas com acesso à tecnologia. Hoje, qualquer pessoa tem informações de qualquer lugar do planeta, que podem ser usadas para mudar a sua vida, a de outros e até influenciar países. O Brasil representa um terreno fértil nessa área”, acrescenta.
Gerente executivo de Tecnologia e Inovação na mineradora Vale e vice-presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), Luiz Eugênio Mello diz que os negócios sociais representam uma tendência irreversível. “É certamente uma tendência entre as empresas. Às vezes, é difícil falar do momento atual com o olhar do presente porque a gente não tem o distanciamento histórico. Várias coisas que hoje a gente enxerga como embrionárias, daqui a algumas décadas, serão comuns”, destaca.
Fonte e foto: Agência Brasil
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