Implementação de projeto reduziria em 80% a emissão de gases de efeito estufa no Estado
Ao apresentar a gestão ambiental como ferramenta de avanços social e econômico sustentáveis, a Fiema Brasil constrói, além de transformações de negócios, legados à sociedade. Uma das heranças deixadas pela nona edição do evento, encerrado na quinta-feira, em Bento Gonçalves, foi a entrega de um plano de gestão de resíduos para o Estado do Rio Grande do Sul.
O estudo foi capitaneado por técnicos da Fundação Proamb, entidade promotora da Fiema, e da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), sendo apresentado durante o 1º Simpósio Gaúcho de Recuperação Energética de Resíduos Sólidos Urbanos. O secretário adjunto de Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado, Marcelo Camardelli Rosa, e técnicos da Fepam participaram do evento.
A ideia, com o robusto levantamento realizado nos 497 municípios gaúchos, é reduzir drasticamente as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) no Estado. Segundo um dos coordenadores do estudo, o engenheiro de Minas, Francisco Leme, o atual sistema de destino dos resíduos do RS gera 4,6 milhões de toneladas de gases de efeito estufa por ano. “Isso é duas vezes mais do que emite toda indústria gaúcha”, observa o vice-presidente do Conselho da Abren e um dos principais especialistas brasileiros em gestão de resíduos.
Com o plano apresentado ao governo, seria possível reduzir 80,4% das emissões, chegando a um patamar de 900 mil toneladas de GEE. Para isso, o projeto definiu as tecnologias mais adequadas para serem implantadas em cada uma das nove regiões do Estado que, juntas, produzem 90% do resíduo urbano doméstico gaúcho. “O foco foi pensado levando em consideração dois aspectos, a melhoria do saneamento básico e a redução de emissões dos gases”, destaca Leme.
Para as regiões mais populosas, o estudo indicou a construção de sete usinas do tipo “waste to energy”, voltadas à geração de energia através da incineração de resíduos, com capacidade de beneficiar mil toneladas/dia. Quatro delas ficariam na Grande Porto Alegre, atendendo também a municípios do Litoral Norte. Outra seria estabelecida na Serra, na região de Caxias do Sul. Uma seria construída em Passo Fundo, compreendendo as áreas de Ijuí e Palmeira das Missões, e outra instalada entre Santa Maria e Santa Cruz do Sul.
Outras regiões receberiam diferentes soluções. No sul, a proposta seria duas plantas de coprocessamento, para transformar os resíduos de Pelotas e de Bagé em CDR – combustível derivado de resíduos – para serem utilizados nas plantas cimenteiras da região carbonífera do Estado. Já nas regiões São Borja/Santiago, Uruguaiana/Alegrete, de Camaquã e de Santa Rosa, a proposta foi de aumentar as centrais para ampliar a reciclagem e a compostagem.
Para colocar o plano em ação, seriam necessários investimentos privados de cerca de US$ 1,1 bilhão. Como prioridade, o estudo indicou a construção de uma planta “waste to energy” na Região Metropolitana, avançando rapidamente pela de coprocessamento no sul e pela de reciclagem na região de São Borja/Santiago. “Como todas a soluções instaladas, além de gerar 800 empregos diretos, seria possível gerar energia elétrica suficiente para cobrir 150% do que é gasto no Estado em iluminação pública”, diz Leme.
O diretor de Operações da Proamb, Gustavo Fiorese, reitera a importância do estudo ao analisar a necessidade de a sociedade caminhar rumo a operações carbono zero. “Vivemos desafios de ordem climática que nos impõem urgências, e reduzir as emissões de gases nocivos à atmosfera é um deles. Esse estudo chama a atenção para o quanto podemos evoluir nesse sentido, promovendo ganhos imensos tanto para a biodiversidade quanto para a sustentabilidade dos negócios, uma vez que há ganhos econômicos importantes embutidos nesse plano”, destaca Fiorese.
O documento feito pela Proamb e pela Abren, ainda, aponta que as diretivas que regulamentam o licenciamento ambiental sejam revistas para evitar problemas de ordem jurídica e que sejam realizados seminários junto aos órgãos governamentais para divulgar e comunicar o projeto.
No 1º Simpósio Gaúcho de Recuperação Energética de Resíduos Sólidos Urbanos, também foram apresentados cases da Alemanha e de Portugal explicitando como foi o processo de transformação em seus países e de fabricantes de plantas de CDR e de “waste to energy”.
Crédito: Augusto Tomasi
Fonte: Exata Comunicação
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