Não bastassem os tristes números de vítimas e infectados pelo novo coronavírus, a pandemia também provocou uma série de outros problemas relacionados à saúde humana. Com cirurgias remarcadas e exames preventivos deixados de lado, o período de isolamento social mais severo pode trazer consequências irreversíveis em um futuro próximo, especialmente quando o assunto é o câncer de mama. Quem explica os impactos diretos e indiretos da Covid-19 no tratamento e diagnóstico precoce da neoplasia maligna mais frequente na população feminina é o mastologista Maximiliano Kneubil, há oito anos à frente do Serviço de Mastologia do Instituto do Câncer do Hospital Tacchini.
Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), dos 625 mil novos casos de cânceres previstos para serem diagnosticados em cada ano do triênio 2020-2022, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres – sendo responsável por 66.280 novos registros. Porém, especialistas temem que esses números possam se agravar para casos mais avançados, pois milhares de brasileiros deixaram de ser diagnosticados precocemente com câncer durante esse ano – de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Patologia (SPB).
“O surgimento do novo coronavírus, no início do ano, forçou inúmeros centros oncológicos ao redor do mundo a reverem suas estratégias de tratamento com o intuito de otimizar recursos e minimizar o risco das pacientes durante tratamento. Desde março, enfrentamos oficialmente uma pandemia”, explica o médico.
Estima-se que ao menos 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer. Outros milhares de pacientes, já com o tumor detectado, tiveram os tratamentos suspensos. Só em abril, cerca de 70% das cirurgias de câncer foram adiadas. “Isso tem sido motivo de discussão, pois o câncer de mama também é uma urgência”, alerta o Dr. Kneubil.
Fatores que preocupam
Números levantados pela SBP, com alguns serviços de referência do país, demonstraram queda expressiva no número de biópsias realizadas. Com isso, especialistas espelham dois fenômenos, considerados determinantes: os cancelamentos de procedimentos não urgentes, como exames, consultas e cirurgias, e a recusa de pacientes com outras doenças ou sintomas em procurar um hospital ou clínica por medo de se contaminarem pelo coronavírus. “Há uma preocupação real sobre uma epidemia de câncer em estágios avançados, inoperáveis e com baixa chance de cura que possa ocorrer daqui a alguns meses”, reforça.
Segurança sanitária em ambientes clínicos
Dr. Kneubil destaca que, atualmente, vários hospitais e clínicas estão preparados para retomar suas cirurgias eletivas e a realizar exames de imagem, como mamografia bilateral e ecografia de mamas, em ambientes seguros com diversas medidas preventivas – separando as áreas de atendimento para pacientes com suspeita de covid-19 dos demais. “Os exames de rastreamento, especialmente a mamografia, estão sendo feitos rotineiramente com o uso de máscaras, lavagem das mãos e aplicação de álcool gel. Por isso, reforçamos que as mulheres acima de 40 anos devem buscar a prevenção, pois é o melhor método para o diagnóstico precoce do câncer de mama, reduzindo a mortalidade em aproximadamente 30%”, pontua.
Além disso, é preciso enfatizar a necessidade do autoexame das mamas realizado mensalmente, que também representa uma ferramenta fundamental. “A paciente sempre deve procurar o mastologista com brevidade caso apresente nódulos mamários, especialmente com crescimento rápido, consistência endurecida ou associado a alterações cutâneas ou linfonodos axilares aumentados. O diagnóstico precoce é essencial”, sentencia.
Movimento de conscientização
Para endossar a campanha ‘Outubro Rosa’ e reforçar a necessidade de prevenção, a Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves propõe uma série de vídeo-depoimentos com especialistas para difundir informações sobre a importância do diagnóstico precoce, da adoção de um estilo de vida saudável como medida preventiva e, também, acerca dos atuais tratamentos para combate à doença e suas sequelas. Os vídeos estão sendo gratuitamente enviados às empresas da região, para que possam ser replicados a seus colaboradores, criando uma rede positiva de disseminação da informação. Também é possível acessa-los pelos canais da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves nas redes sociais (para saber mais, visite www.ligaccbg.com.br).
Fonte: Exata Comunicação
Foto: Inca
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