Master of Wine apresenta case de Sonoma e Napa Valley, no Congresso Latino-Americano de Enoturismo

Um dos pontos altos do segundo dia da sétima edição do Congresso Latino-Americano de Enoturismo, no Spa do Vinho Autograph Collection Hotel, no Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves, foi a apresentação da palestra da Master of Wine americana Liz Thach.

Ela é uma das mais de 300 profissionais no mundo Master of Wine, o título mais cobiçado pelos profissionais do vinho, e discorreu sobre como o Napa e o Sonoma Valleys, se transformaram em um dos principais e mais populares roteiros de enoturismo das Américas e de que forma o setor vinícola soube aproveitar a atividade para potencializar seus negócios.

A expert leciona as disciplinas de Administração e Vinhos da Sonoma State Universtity tanto para cursos de graduação como de MBA. Tem publicados mais de 130 artigos acadêmicos, além de oito livros sobre o tema, entre eles Best Practices in Global Wine Tourism (Melhores Práticas em Enoturismo Global). A californiana, jurada em diversos concursos e premiações vinícolas internacionais, é residente em Sonoma, onde cultiva um pequeno parreiral e elabora seu próprio Pinot Noir.

Confira a entrevista feita com a Master of Wine, no qual ela pontua algumas questões da palestra no Congresso:

IMG_90551. Como pode ser medida a importância do enoturismo para o setor vitivinícola, bem como para a região onde é desenvolvida?

O enoturismo é um motor econômico na maioria dos principais países produtores de vinho. Por exemplo, nos Estados Unidos, as receitas oriundas do turismo da atividade foram de US$ 17,6 bilhões, com 43 milhões de turistas visitando as vinícolas americanas em 2017, de acordo com estudo encomendado pela Wine America e conduzido pela John Dunham & Associates de Nova York. Na Califórnia, a indústria do vinho emprega 325 mil californianos e fatura US$ 57,6 bilhões anualmente. A melhor maneira de avaliar os resultados do enoturismo é realizar estudos para determinar o número de turistas que visitam a cada ano, a quantidade média de gastos feitos por eles e o impacto econômico na região.

2. O vinho por si só é suficientemente atrativo para levar turistas para uma região?

A maioria das pesquisas sobre enoturismo indica que é importante que uma região tenha outras atrações turísticas próximas, em vez de apenas o vinho. Por exemplo, Napa e Sonoma são muito próximas de São Francisco, que é uma grande cidade turística. A região da Borgonha, na França, fica a três horas de carro ao Sul de Paris, mas ainda tem muitos edifícios arquitetônicos e museus da Unesco que atraem turistas, além de trilhas para caminhada e restaurantes com estrelas Michelin.

3. O enoturismo tem algum diferencial com outras modalidades turísticas? E o que tem em comum?

O enoturismo está intimamente relacionado ao turismo culinário, ecoturismo, agroturismo e, em alguns lugares, como Central Otago, na Nova Zelândia, está ligado ao turismo de aventura. Para locais com SPAs e campos de golfe, o turismo do vinho pode ser vinculado à saúde e ao turismo esportivo, por exemplo.

4. Existe algum efeito negativo dessa atividade?

Se muitos turistas chegam a uma região de enoturismo e a infraestrutura (hotéis, restaurantes, estacionamento, polícia, médicos, etc.) ainda não está preparada de forma eficaz, então pode ser muito frustrante para as pessoas que vivem lá. Além disso, muito tráfego pode criar poluição ambiental e sonora. Napa Valley e Sonoma tem sofrido com alguns desses problemas.

5. No caso de Napa, quais foram as estratégias aplicadas para consolidar a região como um destino turístico?

Napa Valley é considerada uma das regiões de enoturismo mais bem sucedidas do mundo. Eles conseguiram isso principalmente através da alta qualidade do vinho, belas paisagens e esforços colaborativos entre vinícolas, empresas e outras partes interessadas. O Napa Valley Vintners (NVV) é uma organização que ajudou a liderar grande parte desse arranjo, e eles continuam a fazê-lo hoje trabalhando de perto com os vinicultores e principais interessados, desenvolvendo programas regionais de promoção e realizando atividades de captação de recursos, como o leilão de vinhos do Napa Valley.

Com o tema “Território, Vinho e Turismo: harmonização que dá certo”, o Congresso Latino-Americano de Enoturismo tem continuidade em sua programação nesta sexta-feira.

29 de Junho de 2018 – Sexta-feira

HORÁRIO ATIVIDADE
08:30 Conferência: Oportunidades para o desenvolvimento do turismo no Pampa Gaúcho, focado no segmento do turismo do vinho.Pesquisa encomendada pelo Sebrae RS, realizada pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), que analisou o potencial turístico do Pampa Gaúcho e a percepção dos turistas sobre o Rio Grande do Sul e a região, que resultou na proposição de ideias e projetos conceituais de turismo.

  • Amanda Bonotto Hoffmann Paim – Sebrae/RS
09:30 Pitch 3 – Vinícola Campos de Cima, integrante do Projeto do Enoturismo do Sebrae RS
09:35 Painel 2 – Regiões Enoturísticas da América Latina – Qual o “Estado da Arte”?Mediador: Ivane Fávero, Presidente da Aenotur

  • Brasil: Diego Bertolini, Gerente de Promoção do IBRAVIN
  • Argentina: Gonzalo Merino, Coordenador de Enoturismo de Bodegas de Argentina
  • Chile: José Manuel Garcia-Huidobro, Diretor da Ruta del Vino Valle de Colchagua
  • Uruguai: Laura Nervi, Coordenadora de Competitividade do INAVI
10:45 às 11:05 INTERVALO
11:05 às 12:05 Conferência: O desafio de desenvolver e promover o coletivo através do trabalho das associações Rede Europeia das Cidades do Vinho (RECEVIN) e Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV).Uma entidade que defende interesses de 11 países europeus e de cerca de 800 municípios, e outra que, em Portugal, cria ambiente favorável para troca de experiências, contatos e parcerias entre 70 municípios produtores.

  • José Calixto, Presidente da Recevin
  • José Arruda, Diretor da AMPV
12:05 às 12:10 Pitch 4 – Vinícola e Pousada dos Capuchinhos, integrante  do Projeto do Enoturismo do Sebrae RS
12:10 Painel 3 – Políticas e Projetos para o Desenvolvimento do Enoturismo no BrasilMediador: José Fernando da Silva Protas, Pesquisador da Embrapa Uva e Vinho

Andrea Faria – Analista de Agronegócios do Sebrae

Deputado Affonso Hamm – Presidente da Frente Parlamentar de Defesa da Valorização da Produção Nacional da Uva, Vinho, Espumante e Derivados

Abdon Barreto Filho – Diretor de Turismo da Secretaria da Cultura,Turismo, Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul

13:15 Encerramento
Ivane Fávero – Presidente da Aenotur
Carlos Raimundo Paviani – Diretor de Relações Internacionais – IBRAVINTarde com visitas técnico-turísticas, por adesão.

Tuiuti/ Faria Lemos
Almoço harmonizado na Cave da Vinícola Salton seguida de apresentação da região e das inúmeras possibilidades de enoturismo que cada vinícola oferece. Degustação comentada dos vinhos e espumantes das empresas Dal Pizzol Vinhos Finos, Cristofoli Vinhos de Família, Vinícola Cainelli, Casa Postal e Vinícola Salton. Para encerrar, um happy hour com produtos da gastronomia local.

17:00 às 23:00 Wine FestivalFestival de vinhos e espumantes brasileiros, gastronomia e música.

Endereço: Rua Coberta, Bento Gonçalves/RS.

30 de Junho de 2018 – Sábado

HORÁRIO ATIVIDADE
00:00 Dia de visitas técnico-turísticas, por adesão.
Flores da Cunha + Farroupilha Manhã: Visita à Vinícola Valdemiz, onde será ensinada aos participantes a técnica do sabrage – abrir o espumante com um sabre ou espada. Em seguida, acontecerá a degustação dos vinhos com queijos e frios na cave da vinícola.Após, almoço no Restaurante Clô, localizado no interior da Vinícola Luiz Argenta e que tem vista panorâmica para os vinhedos da empresa.Tarde: Enotrekking – caminhada entre vinhedos e cachoeira, guiada pela Vinícola Perini, em Farroupilha. Para finalizar, uma calorosa fogueira aguardará o grupo. Em volta dela será servido frios e “quentão” (bebida quente feita a base de vinho com especiarias).

 

Fonte: Felipe Machado – Central de Jornalismo da Difusora *com informações da Assessoria do Ibravin

 

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