Participaram mais de 100 profissionais da rede de proteção à criança e adolescente do município
A programação do Maio Laranja em Bento Gonçalves foi organizada de modo integral, tendo um olhar para todos os profissionais da linha de frente q enfrentam às violências contra crianças e adolescentes. Da esfera jurídica, policial, pericial, clínica e de cuidado e proteção, tem-se um percurso de como são complexos os mecanismos de apuração dos fatos e o impacto na vida das vítimas. Nesse diagnóstico também se organizam estratégias preventivas para a não revitimização. O apelo mais forte da campanha é pelo dever de todos os setores da sociedade de denunciar e auxiliar na construção de uma cultura de paz.
Diariamente, chegam casos nos órgãos de segurança, de saúde, de assistência social, de educação, do Conselho Tutelar. Para se ter uma ideia, o Centro de Referência de Atendimento Infantil ( CRAI) monitorou os comunicados de violência feitos pela rede, desde o início do seu funcionamento (agosto até dezembro de 2024). Foram 280 casos suspeitos de violência contra crianças e adolescentes. Para enfrentar a violência é preciso a manutenção das formações continuadas de todos os profissionais da rede de proteção e cuidado.
O Comitê de Gestão Colegiada da Rede de Cuidado e Proteção Social das Crianças e Adolescentes Vítimas ou Testemunhas de Violência e do Centro de Referência ao Atendimento Infantojuvenil (CRAI) elaborou uma tessitura de temas para as oficinas as quais terminaram na última sexta-feira (09) com renomados nomes do estado do Rio Grande do Sul e de Bento Gonçalves. Participaram mais de 100 profissionais da rede nas 9 oficiais ofertadas.
A orientadora educacional da EMEF Ouro Verde, Rose Mari Moreira, participou no turno da tarde de todas as oficinas. “Nos dá ferramentas para a gente desenvolver o nosso trabalho, dentro das nossas comunidades, das nossas escolas. Quanto mais esclarecimentos, mais conseguimos identificar, visualizar as violências e junto com a rede podemos prestar apoio e de proteção. A minha conclusão é de q precisamos continuar acreditando na rede, pois ela olha para as infâncias, tanto no acolhimento como no suporte necessário”.
Uma das instâncias para a apuração dos crimes é a perícia. Andrea Tochetto, psiquiatra e perita do Instituto Geral de Perícias de Porto Alegre, explicou como a análise técnica é realizada. “Tem diferentes desdobramentos, como a perícia física onde os exames feitos são de lesão corporal e ou de verificação de vestigios de violência sexual. A perícia psíquica é realizada por médico-legista psiquiatra ou por perito criminal psicólogo, que aplicam um protocolo de entrevista com a vítima e com o familiar/responsável. Dessa forma pode-se acessar elementos que não deixam vestígios físicos”, destaca.
Aloysio Missio é médico da UPA 24h e do CRAI/BG e também atende as urgências e emergências relacionadas às violências infantojuvenis. “É uma situação difícil e complexa onde a criança chega muito fragilizada e com medo de falar. Geralmente quem pratica a violência, cerca de 80% é uma pessoa muito próxima da vítima, um pai, um tio ou outro familiar. Percebendo na consulta clínica, marcas, hematomas, arranhões e outras lesões, além da observação do comportamento e relato espontâneo de alguma violência, é preciso notificar os órgãos competentes imediatamente”.
Érica Fiorin, coordenadora da Saúde da Criança e Adolescente e coorganizadora do Maio Laranja em Bento Gonçalves, ressalta sobre de como o processo das agressões infantojuvenis requer um atendimento integral. “É cada vez mais evidente a necessidade de qualificar e instrumentalizar continuamente os profissionais da rede de atenção. Uma política pública, por si só, não é suficiente para dar conta da complexidade dos atendimentos demandados por crianças e suas famílias, especialmente nesses temas sensíveis como a violência. Por isso, é fundamental o fortalecimento de práticas intersetoriais e integradas, capazes de não apenas mitigar possíveis sequelas, mas também de atuar na prevenção de situações de risco. As oficinas realizadas têm se mostrado uma estratégia valiosa nesse sentido, ao promoverem momentos de imersão, reflexão e capacitação, reforçando o compromisso com a qualificação dos serviços e a efetividade das ações na ponta.”
Maria de Fátima Géa, é médica-pediatra e é coordenadora do CRAI de Porto Alegre, que está alocado no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, há quinze anos. Em sua passagem pela programação do Maio Laranja no município, deixou a sua mensagem para os responsáveis pelas crianças e adolescentes. “Os pais precisam exercer o papel de pais: cuidar de seu filho, brincar, ficar atento com quem ele se relaciona, atento as mudanças de comportamento, olhar as redes sociais dos filhos. Cuidem dos seus filhos, participem da vida deles”, enfatiza.
Onde denunciar:
Conselho Tutelar: (54) 3055.8559
Plantão do Conselho Tutelar: (54) 99159.5744
DEAM: (54) 3454.2899
Brigada Militar:
Guarda Municipal:
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