Médica Elaine Vargas explica principais sintomas e formas de evitar um diagnóstico tardio. Liga reforça rede de apoio oferecida às famílias com pacientes acometidos pelo câncer
O câncer é uma doença que ainda enfrenta tabus – especialmente quando o assunto é um possível diagnóstico em crianças e adolescentes. Para conscientizar sobre a importância de encarar a incidência da doença no público infanto-juvenil, o Dia Internacional de Luta contra o Câncer na Infância foi estabelecido, em 2002, pela Childhood Cancer International (CCI). A campanha global ganha forma e força anualmente em 15 de fevereiro e evidencia um consenso entre os médicos especialistas: a prevenção sempre será o melhor caminho.
Atenta a esse cenário, a Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves reforça a necessidade de os pais e responsáveis estarem ligados aos possíveis sinais que possam levar à um diagnóstico de câncer em seus filhos. “É uma forma de alertarmos a família sobre o quanto significativa é a detecção precoce e a adoção de hábitos saudáveis desde cedo”, destaca a presidente da entidade, Maria Lúcia Severa.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, são registrados cerca de oito mil novos casos anuais da doença em crianças e adolescentes, sendo a principal causa de morte, por doença, na faixa etária entre 1 e 19 anos. A pediatra Elaine Vargas atua há mais de 35 anos na especialidade em Bento Gonçalves e região e destaca que o câncer nos pequenos é diferente do que acomete a população adulta. “Os sintomas do câncer infantil muitas vezes são parecidos com os de doenças comuns entre as crianças. Muitos não são ligados a fatores ambientais, já há uma predisposição. Hoje, cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos pela doença podem ser curados se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados”, afirma a médica.
Alguns dos principais sinais elencados pela especialista são: palidez, hematomas ou sangramento, dor óssea; caroços ou inchaços, principalmente aqueles indolores e sem febre; perda de peso inexplicada, tosse persistente, sudorese noturna e falta de ar; alterações nos olhos, como estrabismo; inchaço abdominal; dores de cabeça persistentes ou graves, vômitos pela manhã com piora ao longo do dia; dor em membros e inchaço sem traumas. “É importante ter em mente que os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias, os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas”, acrescenta.
Diante disso, uma rotina de consultas a um pediatra de confiança acaba sendo determinante. Elaine enfatiza que é o profissional especializado no atendimento aos pequenos que pode fazer o direcionamento e perceber uma possível alteração. “Precisamos reforçar que é necessário fazer a prevenção, ou seja, procurar regularmente um pediatra e não somente para tratar uma possível doença. Se for um profissional que acompanha a criança desde cedo, se torna ainda mais provável a percepção de algum sintoma”, explica. O ideal, segundo ela, são consultas mensais até o primeiro ano de idade, trimestrais aos dois, quadrimestrais ao três e pelo menos bimestrais a partir do quarto ano – salvo exceções conforme orientações médicas. “O pediatra é capaz de utilizar recursos, como os exames, para identificar o problema, contando com uma equipe multidisciplinar. Nem todos os sintomas podem ser câncer e somente uma avaliação clínica e laboratorial pode detectar”, reforça.
Rede de apoio é fundamental
O impacto da descoberta de um câncer na infância ou adolescência exige muito amparo psicológico e social. Por ser um tratamento difícil e desgastante, geralmente pelo menos um dos pais deixa de trabalhar para se dedicar exclusivamente ao paciente. Também é comum que as famílias não tenham a estrutura necessária para essa nova dinâmica familiar – e, nesse contexto, entidades de apoio se apresentam como fundamentais, a exemplo da Liga de Combate ao Câncer. Essa corrente de apoio tem papel crucial durante o período.
“Sabemos que a realidade imaginada para qualquer criança durante o período de crescimento é na escola, entre amigos ou brincando de forma saudável. Porém, nem sempre esse cenário pode ser vivenciado pelos pequenos. Muitas famílias acabam sendo pegas de surpresa com o diagnóstico de câncer infanto-juvenil e, com isso, precisam interromper o curso natural de uma das fases mais importantes da vida. Por isso, a entidade opera no sentido de orientar nas empresas e na comunidade sobre os sinais de alerta para os pais, conscientizar acerca da necessidade de visitas periódicas ao médico e acompanhar, disponibilizar e facilitar o tratamento”, detalha a presidente Maria Lúcia.
A pediatra Elaine também chancela essa importância ao ressaltar o trabalho que é realizado pela Liga no município. “A rede de apoio é fundamental. Muitas famílias acabam se desestruturando nesse processo e o apoio, não apenas medicamentoso, mas também psicológico se torna determinante. Um abraço ou uma mão amiga faz toda a diferença. E a Liga é o primeiro nome que vem a mente quando uma família precisa desse suporte”, enaltece.
Como funciona o amparo da Liga
Além do trabalho de orientação e conscientização, a entidade atua no auxílio com medicações, deslocamentos para os centros de tratamento infanto-juvenil em Caxias do Sul e Porto Alegre, acomodação (tanto na Casa de Apoio em Bento Gonçalves quanto em locações próprias da Liga ou hotéis em Porto Alegre) e apoio psicológico.
Uma das principais preocupações da Liga, inclusive, envolve todo o contexto familiar do paciente. A entidade busca alcançar alimentação para a família, doação de brinquedos e ajuda em geral – visto que muitas mães acabam interrompendo o trabalho para cuidar dos filhos, necessitando de suporte para suprir as necessidades. A Liga enaltece, também, a compreensão de muitas empresas que entendem a situação, liberando os pais para que possam dar apoio e acompanhar os filhos. O pós-tratamento é outro tópico visto com atenção, com apoio no regresso e incentivo à recolocação no convívio social – até mesmo com indicações de cursos profissionalizantes.
Mais informações sobre o trabalho da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves podem ser obtidas pelas redes sociais, telefone (54) 3451-4233 ou no site www.ligaccbg.com.br. A sede unificada da entidade fica na Rua Ramiro Barcelos, número 580, no centro da cidade, ao lado do Hospital Tacchini.
Fonte: Exata Comunicação
Foto: Silvestre Santos, Exata Comunicação
(KPJ)
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