A primeira assembleia da Associação de Produtores dos Vinhos Finos da Campanha Gaúcha (Vinhos da Campanha Gaúcha) deste ano foi o momento escolhido pela Embrapa Uva e Vinho para fazer a entrega oficial da publicação Vinhos finos da região da Campanha gaúcha: tecnologias para a vitivinicultura e para a estruturação de Indicação Geográfica, que marca o encerramento do projeto no qual foram geradas informações técnicas que possibilitaram a outorga da Indicação de Procedência Campanha Gaúcha (IP Campanha Gaúcha). A entrega contou com a participação de todos os ex-presidentes da Associação dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha Gaúcha durante a realização do projeto: Afrânio Moraes Filho (2010), Giovâni Silveira Peres (2014), René Ormazabal Moura (2016), Clori Peruzzo (2018) e Valter Pötter (2020 e presidente atual), além dos associados e dos representantes da Embrapa Uva e Vinho
“Reconhecemos a Campanha Gaúcha como uma das principais regiões de produção de vinhos finos do Brasil e ficamos muito felizes por ter participado da construção desta Indicação, desde o seu início”, destacou o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, Marcos Botton, no encontro virtual. Ele relembrou a participação da empresa de pesquisa desde o início dos anos 2000 a partir da realização dos Seminários de Vitivinicultura da Metade Sul, em conjunto com o Comitê de Fruticultura da Metade Sul, até o que considerou o ‘grande salto’, em 2011, com a aprovação do Projeto de cooperação com a Rede RECIVITIS/SIBRATEC/MCTI (detalhes abaixo), para o desenvolvimento da Indicação de Procedência.
“Hoje é um momento ímpar, e, em nome da Embrapa Uva e Vinho, agradecemos à associação pelo trabalho realizado em parceria e nos colocamos à disposição para projetos futuros”, destacou ele, valorizando o Bioma do Pampa como um dos mais preservados e com um grande apelo e espaço para trabalhar em questões de sustentabilidade.
“É uma grande alegria e satisfação contar com a parceria da Embrapa, que coordenou de ponta a ponta este trabalho. Vocês contaram com a participação de outras instituições, mas a Embrapa foi a grande protagonista que arregaçou as mangas e foi lá e fez”, destacou Valter José Pötter, atual presidente da Associação de Produtores dos Vinhos Finos da Campanha Gaúcha. Além de agradecer pelo trabalho realizado, agora consolidado pela publicação do livro, ele já aceitou a oferta de seguirem trabalhando juntos em prol do avanço da vitivinicultura na região.
A apresentação do Livro “Vinhos finos da região da Campanha Gaúcha: tecnologias para a vitivinicultura e para a estruturação de Indicação Geográfica” no encontro foi realizada por José Fernando da Silva Protas, que juntamente com Samar Velho da Silveira, ambos pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho, foram responsáveis pela edição do material. Além de editor, Protas coordenou o Recivitis (Rede de Centros de Inovação em Vitivinicultura), que foi o braço financeiro do projeto, através da Finep, acompanhando e articulando desde o início o apoio da Recivitis. Protas destaca que no momento de criação da Recivitis, o primeiro projeto aprovado sob a coordenação da Embrapa Uva e Vinho foi direcionado para a Campanha Gaúcha, visando desenvolver e implantar uma Indicação Geográfica para produtos de qualidade diferenciada.“Hoje estar aqui e fazer a entrega deste livro é uma grande satisfação. Esta publicação assume grande importância por documentar o projeto conduzido desde 2013 e que totalizou mais de um milhão e oitocentos mil reais na sua execução”, destacou Protas.
“A publicação apresenta um registro detalhado de cada uma das diferentes áreas temáticas que compuseram o grande projeto, envolvendo diversas instituições e que garantiu a construção da Indicação da Procedência Campanha Gaúcha, que está sendo muito bem valorizada pelos produtores”, destacou ele, ressaltando a grande satisfação não apenas pelo lançamento do livro, mas por todo o trabalho realizado e agora documentado na publicação.
Giovâni Silveira Peres, diretor do Conselho Regulador da Indicação Geográfica junto à Associação, destacou a importância da Indicação, ressaltando a rapidez e o volume de vinhos já certificados disponibilizados para o mercado. “A concessão aconteceu em maio de 2020 e já em outubro realizamos a primeira análise sensorial, avaliando 90 vinhos. Os vinhos certificados chegaram ao mercado em dezembro do mesmo ano”. Ele destaca que no primeiro ano foram para o mercado mais de 1,5 milhões de litros, e hoje, em quase dois anos, os produtores totalizam mais de quatro milhões de litros de vinhos disponibilizados com o selo que atesta a origem e a qualidade dos vinhos produzidos na Campanha Gaúcha.
Na avaliação de Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e especialista no tema das Indicações Geográficas, esses dados comprovam a importância da propriedade intelectual como instrumento de desenvolvimento, materializado na mobilização dos produtores na utilização deste conceito inovador que promove este emergente território do vinho.
A publicação
Disponível gratuitamente na página da empresa de pesquisa, o livro Vinhos finos da região da Campanha gaúcha: tecnologias para a vitivinicultura e para a estruturação de Indicação Geográfica apresenta o histórico e a trajetória que levou ao reconhecimento da Indicação de Procedência (IP) para os vinhos da Campanha Gaúcha, concedida em 2020, pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Também relata o desenvolvimento obtido, servindo de referência e subsídio ao desenvolvimento da vitivinicultura da região com base no conceito da importância de projetos estruturantes para embasar as indicações geográficas.
“Após uma longa jornada, concluída com sucesso, a publicação fornece uma síntese dos resultados do projeto de pesquisa, o qual assegurou avanços inequívocos à vitivinicultura da região da Campanha Gaúcha”, pontua o pesquisador Samar Velho da Silveira. Ele destaca que a obra é dividida em nove capítulos, e que do ponto de vista prático, o leitor encontrará resultados de pesquisa para o aperfeiçoamento da vitivinicultura na região. “Apresentamos recomendação de condução do dossel vegetativo, visando incrementos da qualidade enológica da uva, a seleção e ajustes no controle de pragas e doenças para a viticultura no bioma Pampa, bem como a definição de parâmetros de vinificação em escala industrial, a identificação dos riscos climáticos para a instalação de novos vinhedos, dentre outros resultados não menos importantes”. destaca o editor e líder do projeto de pesquisa.
O primeiro capítulo é dedicado à apresentação do histórico do desenvolvimento da viticultura da região, enriquecido por depoimentos de protagonistas desse processo, o processo de construção e estruturação do projeto, as instituições envolvidas e os números que sintetizam o mesmo.
O segundo capítulo trata da estruturação e reconhecimento da Indicação Geográfica (IG) de vinhos finos da região da Campanha Gaúcha. Já do terceiro ao nono capítulo, abordam-se os resultados de pesquisa, desenvolvimento e inovação obtidos nas áreas temáticas de “Viticultura e Fitotecnia”, “Enologia”, “Solos e Instalação”, “Zoneamento de potencial e Riscos Climáticos e das Geotecnologias para caracterização da IP Campanha Gaúcha”.
A obra evidencia os resultados obtidos no projeto, que contribuíram para avançar no conhecimento e produzir novas tecnologias adaptadas ao ambiente geográfico particular da Campanha Gaúcha.
O projeto da IP Campanha Gaúcha
Liderado pelo pesquisador Samar Velho da Silveira, da Embrapa Uva e Vinho, que substituiu o meteorologista José Eduardo Monteiro, coordenador no primeiro ano, o projeto “Desenvolvimento da Indicação de Procedência ‘Campanha’ para vinhos finos e espumantes” reuniu 61 pesquisadores, 65 profissionais de apoio técnico e administrativo e 68 bolsistas de dez instituições parceiras, que produziram e consolidaram as informações sobre a região.
O projeto possibilitou ao setor produtivo implantar um Programa de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), ajustando e inovando os processos produtivos e de organização, envolvendo todos os elos da cadeia produtiva. “Foi muito gratificante o desafio de coordenar um projeto de grande porte como este e por um largo período de tempo, sobretudo pelo conjunto inestimável de saberes que a equipe multidisciplinar do projeto possui, tornando a experiência muito enriquecedora do ponto de vista profissional”, destacou Silveira.
Todas as ações de pesquisa e desenvolvimento tecnológico foram definidas pela equipe de pesquisadores do projeto, coordenado pela equipe da Embrapa Uva e Vinho contando com profissionais da Embrapa Clima Temperado, Embrapa Pecuária Sul, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Associação de Produtores dos Vinhos Finos da Campanha Gaúcha (Vinhos da Campanha Gaúcha), Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário Edmundo Gastal (Fapeg) e Rede de Centros de Inovação em Vitivinicultura – Recivitis, mantida pelo convênio entre o Sibratec, Financiadora de Estudo se Projetos (Finep) e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI).
Clique aqui para saber mais sobre a Indicação de Procedência Campanha Gaúcha.
Fonte: Embrapa Uva e Vinho
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