Laboratório de Referência Enológica do RS recebe primeiras uvas para a produção de vinhos em 2025

O Laboratório de Referência Enológica Evanir da Silva (Laren) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) começou a receber as primeiras uvas de 2025. Desde o dia seis de janeiro até o momento, já chegaram ao local cerca de 60 amostras para a microvinificação, que é a produção de vinhos genuínos feita pela Cantina da instituição. O processo é realizado para análise da qualidade da uva e do vinho da safra.

A fiscal estadual agropecuária e engenheira agrônoma Carolina Grziwotz Scienza explica que as microvinificações são a produção de vinhos genuínos pela Cantina, o setor 15 do Laboratório. “O nome do processo deve-se à produção em pequena escala de vinhos oriundos das uvas coletadas por fiscais estaduais agropecuários atuantes nas 15 supervisões regionais da Seapi”. Ela e a também fiscal estadual agropecuária e engenheira agrônoma Fernanda Varela Nascimento são as responsáveis pelo trabalho.

E como são as coletas? Segundo Carolina, são realizadas conforme o Plano Amostral determinado pelo Laren, que tem como base os dados da produção de uvas, por variedade, região e município, da safra anterior. “Para 2025 estão previstas coletas de 269 amostras em todo o Estado e durante toda a época de produção, que ocorre entre janeiro e março”, conta.

O processo

As amostras de uvas colhidas pelos fiscais são recebidas na cantina, pesadas e cadastradas por meio da atribuição de um número sequencial e do ano da safra corrente. As uvas são tintas e brancas, tanto comuns quanto viníferas das variedades com produção representativa no Rio Grande do Sul e de todas as regiões produtoras do fruto, além da Serra e Campanha, que são as mais tradicionais na produção de vinhos.

As microvinificações iniciam com a retirada manual das bagas do cacho, processo conhecido como desengace, e o esmagamento de cada amostra de uva, também realizado de forma manual. “Após essa etapa, as uvas tintas seguem para a fermentação junto com as cascas em tanques de inox com capacidade de 15 litros, e as brancas passam por uma prensa pneumática para a separação das cascas, e o mosto dessas uvas vai direto para garrafões com volume de 4,7 litros, daí o nome microvinificação”, esclarece Carolina.

E o que é o mosto? “É o primeiro produto da uva após o esmagamento, sendo a base para o vinho”, afirma a engenheira agrônoma. Conforme ela, no laboratório da Cantina são feitas as análises iniciais do mosto, as quais são: densidade relativa, grau Baumé, grau Babo, grau Brix e temperatura inicial. “Todas essas variáveis estão relacionadas à quantidade de açúcar e de sólidos solúveis presentes que auxiliam na previsão do teor alcoólico dos futuros vinhos. Amostras do mosto puro são coletadas para realização das análises isotópicas e cromatográficas”, diz Carolina.

Após o período de fermentação, são feitas trasfegas (mudança de garrafão) para a retirada das borras e do ácido tartárico precipitado, um componente natural dos vinhos. Na última trasfega, os garrafões de vinho são armazenados em câmara fria até a estabilização da bebida. No laboratório da Cantina são realizadas análises iniciais relacionadas à acidez, açúcares e evolução da fermentação dos vinhos. Amostras desses vinhos também seguem para análises isotópicas e cromatográficas que compõem o banco de dados do laboratório, que é produzido desde 2004.

“O envio das amostras das microvinificações para o Setor de Análises Isotópicas é necessário para comparar os valores de isótopos de carbono e oxigênio dos vinhos genuínos com os comerciais, permitindo a interpretação de padrões para contribuir significativamente para a fiscalização de vinhos”, esclarece Carolina. “Já no setor de Análises Cromatográficas são realizadas a detecção de compostos adicionados à bebida e, futuramente, de resíduos de agrotóxicos”, conclui a fiscal.

A engenheira agrônoma afirma que as uvas recebidas até agora estão com bom aspecto visual, bagas cheias e cachos uniformes com características típicas de cada variedade. “Poucas apresentaram defeitos visuais como sintomas de doenças ou cachos falhados”, garante Carolina.

Bando de dados

O Laren elabora anualmente, desde 2004, vinhos genuínos, através de microvinificações os quais compõem um banco de dados que serve de referência para análises isotópicas e cromatográficas. O número de amostras a serem coletadas anualmente é determinado levando-se em conta a produção de uvas por município e por variedade, no Rio Grande do Sul, do ano anterior ao da coleta. As coletas são realizadas por fiscais estaduais agropecuários em todas as regiões produtoras de uva do Estado.

Texto: Darlene Silveira

Fotos: Fernando Dias/Seapi

Fonte: Assessoria de Comunicação Social | Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação

error: Conteúdo Protegido