Investigação estética de formas híbridas traz novos questionamentos existenciais dentro de sua trajetória artística
Karem Poletto Jacobs está de volta à cena artística, e em dose dupla por meio do Fundo Municipal de Cultura. Desde o primeiro semestre, está trabalhando em seu atelier, localizado na Linha 40 da Graciema, num ponto entre o céu e o morro, no Vale dos Vinhedos. Um espaço sensível, chamado Villa D’Arte, onde todas as suas obras ganham expressividades, movimentos, significações.
Karem é intrinsecamente ligada à arte. Sua história inicia nos idos de 1987, quando completou o Bacharelado em Escultura, pela UFRGS, onde o chamado se completou. De lá para cá, foi agraciada com o Prêmio Arte Pública RS, com monumento realizado em Tramandaí (2000), Prêmio aquisição Yazigi Novas Franquias, e Prêmio escultura – Pintores Contemporâneos do Brasil, em Barcelona (2004). A artista visual trilha um caminho próprio, autoral, onde emerge seu tema que permeia boa parte de suas gêneses: o corpo humano.
Um processo aberto onde trabalha com materiais como cimento, ferro e cerâmica, de contornos precisos e reveladores da máquina e engenharia biológica, do exterior para o interior, como explica a artista visual, para o novo trabalho intitulado “In-Visível”, que vai vir a lume em agosto.
“Tudo começou a refletir sobre do que somos compostos. A minha reflexão começa por meio de uma célula; de como esses componentes microscópicos vão evoluindo e impactam fisicamente e psicologicamente. São vários questionamentos e fui criando as minhas próprias, num processo de construção, reconstrução, extensões e conexões positivas e negativas”, comenta.
Nessa autoindagação estética, Karem cria novos formas, unindo às células, alimentos. Das fusões, surgem, mutações, corpos híbridos, expressos num fluxo de transição.
“As formas nascem contidas, como se obedecessem uma ordem invisível, mas logo se expandem, criam braços, se perdem em algum espaço e se reinventam. Nada é fixo, tudo pulsa. O in- visível é um intervalo entre mundos. Ali habitam os seres que ainda não nomeamos. Ali talvez, sejamos outros.”, frisa.
Vale mencionar as perguntas que estruturaram o manifesto investigativo de “In-Visível”.
O que permitimos que nos invada?
O que nos atravessa e nos modifica?
O que perdemos e o que ganhamos?
O que morre e o que insiste em ficar?
O que deixamos de ser?
Numa busca rápida, a etimologia de “in” nos leva ao que está dentro, e até mesmo, a negação. Visível, ação de ver. Dessa imbricação semântica, estamos diante de uma nova cartografia orgânica. Entre lugares e não-lugares, as obras de Karem dimensiona e amplia a narrativa artística sobre o corpo, esse aparato biológico em trânsito, que fala muito sobre a condição humana, onde cada um carrega um sistema de memórias e experiências. “In-Visível” transcende os questionamentos mencionados e revela a portabilidade lírica da corporabilidade.
Concomitante, Karem, junto a com a poeta e artista plástica Dani Possamai, integram o projeto “Marcas”, que em breve será exibido ao público.
Fotos: Créditos Maria Alberici/Karem Poletto Jacobs
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