O projeto Tecnologias Sociais Inovadoras de Educação e Saúde para a Prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e Aids em Jovens foi lançado nesta segunda-feira (10) pelo Governo do Estado e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil. O evento ocorreu no Palácio Piratini, em Porto Alegre. Serão realizadas ações interativas com adolescentes de 21 municípios que detêm, juntos, 78% das taxas de infecção de HIV/Aids no Rio Grande do Sul.
O projeto está integrado ao programa estadual RS Seguro. “Não é coincidência que os mesmos municípios do RS Seguro são os que possuem os maiores índices de infecção de HIV. A epidemia está associada à vulnerabilidade social e aos contextos de vida e de saúde dos cidadãos”, disse a médica do serviço de atenção especializada em HIV/Aids do Hospital Sanatório Partenon, Maria Letícia Ikeda. Também serão contempladas três cidades da fronteira, que são estratégicas no combate à Aids. “Enquanto as taxas de infecção do vírus HIV na população geral estão em queda no Brasil nos últimos anos, o mesmo não ocorre entre os jovens”, completou a médica. O Rio Grande do Sul é o terceiro estado com o maior índice de infecção: 27,2 a cada 100 mil habitantes, enquanto a média no país é de 17,8 a cada 100 mil habitantes.
O Rio Grande do Sul também detém a segunda maior taxa de sífilis adquirida entre os estados, com 116,2 casos a cada 100 mil habitantes, sendo a taxa nacional de 58,1 casos a cada 100 mil habitantes. No quesito hepatites virais, o RS está no topo do ranking nacional em hepatite C: 46,5 casos a cada 100 mil habitantes, contra 12,6 casos a 100 mil habitantes como média no país.
Cooperação Técnica
O projeto é uma cooperação técnica entre a Secretaria da Saúde e a Unesco no Brasil, com duração de quatro anos e financiamento de R$ 4,4 milhões provenientes do Ministério da Saúde. “Esta é uma política pública eficiente e inovadora, baseada em programas que já foram testados nos municípios de Porto Alegre e Viamão. Nosso objetivo é trazer protagonismo aos jovens e também lidar com o tema das infecções sexualmente transmissíveis de forma transversal. Esse não é um projeto somente da saúde, mas envolve diversos saberes de diversas secretarias”, explicou a secretária Arita Bergmann. Estão previstas ações baseadas em um diagnóstico da situação epidemiológica das ISTs nos municípios integrantes do projeto e ações que falem a língua dos jovens.
Também serão propostas discussões em sala de aula e comunidades por meio de teatro fórum, exposição interativa itinerante em contêineres, ações em redes sociais e materiais informativos. A ideia também é formar adolescentes multiplicadores das informações sobre prevenção. “Para passar o recado certo aos jovens, interatividade é fundamental. Discursos de cima para baixo não funcionam mais, é preciso entregar o protagonismo a eles”, disse Maria Letícia.
Aproximadamente um milhão de adolescentes serão atingidos de alguma forma pelo programa. A exposição itinerante – que será levada às escolas em contêineres – tem cinco ambientes distintos: o primeiro é informativo, seguindo com experiências sensoriais, afetivos e emocionais, que ensinam gerenciamento de risco. No último ambiente, é possível fazer um teste rápido, para conferir se os conteúdos foram devidamente assimilados. Durante todo o período do projeto, serão abordados temas como saúde reprodutiva, uso de preservativo, testagem, gestação na adolescência e outros assuntos pertinentes.
Exemplo
Na cerimônia, Bruno Leal da Silva Paz, de 20 anos, fez seu depoimento como participante do projeto Galera Curtição, enquanto frequentava o ensino fundamental da Escola Municipal Anísio Teixeira, na Zona Sul de Porto Alegre. “Esses assuntos, como sexo e proteção, costumam ser tabu. Era tabu para mim e meus colegas na época. Só através de muita conversa, discussão e leituras que essa realidade foi mudada, virou até saudável conversar sobre isso”, disse o jovem. “Por meio do programa, aprendi coisas que nem sabia que existiam e hoje sei como me proteger e ajudar a proteger meus amigos. Somos responsáveis pelas nossas escolhas”. O projeto Galera Curtição foi uma das bases de inspiração ao programa lançado nesta segunda.
A diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, informou que a única coisa capaz de deter a proliferação da epidemia do vírus HIV é o acesso à informação. O governador Eduardo Leite ressaltou a importância do Governo do Estado investir em políticas públicas baseadas em evidências, que estimulem uma proteção efetiva na população. “É preciso que os jovens aprendam a dizer não aos comportamentos de risco. Queremos estimular o autocuidado e prevenção”, disse Leite.
MUNICÍPIOS CONTEMPLADOS PELO PROJETO
• Alegrete
• Alvorada
• Cachoeirinha
• Canoas
• Capão da Canoa
• Caxias do Sul
• Esteio
• Gravataí
• Guaíba
• Novo Hamburgo
• Passo Fundo
• Pelotas
• Porto Alegre
• Rio Grande
• Santa Maria
• Santana do Livramento
• São Leopoldo
• Sapucaia do Sul
• Tramandaí
• Uruguaiana
• Viamão
Fonte: Secretaria Estadual da Saúde
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