IV Romaria da Família Scalabriniana acontece em Caravaggio

O Santuário de Caravaggio neste domingo, 06 de novembro, acolheu a IV Romaria da Família Scalabriniana, reunindo sacerdotes, fiéis do movimento.de leigos, leigos missionários, juventude, missionárias e seminaristas dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Mais de 600 pessoas estiveram presentes para celebrar os 25 anos de beatificação de São João Batista Scalabrini e em ação de graças por sua canonização, realizada no Vaticano pelo Papa Francisco no dia 9 de outubro.

O Reitor do Santuário de Caravaggio, padre Ricardo Fontana, acolheu os participantes do encontro e participou dos momentos de fraternidade, de oração e eucarísticos. Padre Ricardo refletiu: “Nossa Senhora sempre prepara suas surpresas, hoje celebrando a solenidade de Todos os Santos, tivemos a grata satisfação de receber a IV Romaria da Família Scalabriniana, é uma presença muito significativa pois no dia, 17 de outubro de 1904, Scalabrini esteve neste lugar, este santo pisou nesta terra, esteve no Santuário Antigo e proferiu uma linda homilia. São João Batista Scalabrini foi um homem que sustentou a sua vida, a sua missão pelo mundo afora, e pelo Espírito Santo trouxe a Igreja, um carisma missionário. O tripé que sustentou sua vida inteira, sua intimidade com o crucificado, uma vida íntima com Jesus Eucarístico e uma vida entregue nas mãos de Nossa Senhora. Estamos com o coração cheio de alegria por receber a Família Scalabriniana.

O Superior Regional, Padre Alexandre Biolchi, também ressaltou: ” Aqui Caravaggio, pra mim particularmente, tem uma ligação muito grande, pois minha mãe nasceu aqui. Mas cada vez que venho no Santuário de Caravaggio, recordo que aqui Scalabrini esteve. Se você quiser experimentar aquilo que ele viveu, dos lugares que ele pisou, vir aqui neste santuário, ler a homilia e a oração que ele fez aqui junto aos migrantes, é viver a espiritualidade e a vida de São João Batista Scalabrini.

O encontro teve início às 9 horas com acolhida, momentos de reflexão, de adoração, récita do terço e Santa Missa concelebrada pelo padre Ricardo, demais padres Scalabrinianos, e presidida por Dom Alessandro Rufinoni, bispo emérito de Caxias do Sul e sempre missionário de São João Batista Scalabrini.

Confira a Homilia sobre Nossa Senhora, proferida por Dom João Batista Scalabrini no santuário de Caravaggio, em 17 de novembro de 1904

“Maria a mãe que nos cativou”

Convidado pelo vosso digníssimo pároco para dizer-vos algumas palavras sobre Maria para vos, far-vos-ei de acordo com o que me ditará o coração.

Se, na alegria do meu espírito, me pergunto qual é o motivo de vossa numerosa fluência, da vossa piedosa procissão que vi com emoção, do júbilo sereno que brilha em vosso semblante, dessa religiosa Piedade que anima, eu sinto ressoar em tudo que nos circunda o nome de uma mãe Divina; vejo uma multidão de filhos que me apontam a venerada imagem daquela que os anjos saúdam como sua rainha e os homens proclamam como sua alegria e glória do Povo Israel. Tu a glória de Jerusalém ,tu a honra do nosso povo!

Maria Santíssima, Mãe de Deus e Nossa mãe! Eis a criatura que, aparecendo no mundo envolta em luz divina, cativou as mais sublimes inteligências e atraiu todos os corações. Eis a Mãe dos homens que, elevada sobre um trono glorioso, enfeitado para ela com coroas colhidas entre as mais esplêndidas, como o amor, a arte, as bênçãos dos povos, é carregada entre as vicissitudes e quedas dos impérios e das graças humanas, e eis a causa da alegria comum homens, ó meus caros ouvintes.
Este ano todo mundo se move e se comove em torno de Maria: é fé, é alegria, é entusiasmo. Um grito impossível de conter, imenso, irresistível, prorrompe de todos os peitos, ressoa concorde em todas as línguas, repercute em todas as partes da Terra: Viva Maria! É este grito que se repete hoje, e se repetirá amanhã, que se repetirá sempre, até o fim do mundo.

Nenhum grito ,ó meus amados irmãos, é mais afetuoso, maIs santo; mais oportuno, porque, não obstante a zombarias o incrédulo e o sorrisos de desdém do ímpio, a verdadeira devoção a Maria testemunha algumas grandes e solenes verdades e desta maneira oferece um remédio mais eficaz, sempre que a maldade humana não recuse, para as grandes chagas do nosso tempo.
E quais são essas Chagas? Um racionalismo orgulhoso de diferentes seitas, que negam o pecado original, exalta excessivamente as forças do homem e faz de si mesmo o critério da verdade, a norma do bem e a fonte de toda felicidade humana, eis o erro capital de nossa época.

Um crasso materialismo, que não faz caso da consciência e da honra, que não busca senão gozar enriquecer-se como meio e gozar como o fim, eis o vício capital da nossa idade.
A volta de Jesus Cristo, o único salvador do mundo, o caminho, a verdade, a vida das almas, eis a suprema necessidade de nossos tempos.
Mas como satisfazer esta necessidade, como destruir esse vício, de citar este erro? Elevemos meus irmãos queridos, elevemos a sagrada imagem de Maria, e nela, como que fixando o nosso olhar num raio de uma estrela amiga, encontraremos a humildade da mente, a dignidade do coração, a obediência amorosa à Jesus.

Em seus privilégios muito singulares, reconheceremos a condição infeliz e a corrupção original dos pobres filhos de Adão; na pureza, na candura, na Celeste beleza de sua alma, veremos o aviltamento de um coração ávido e consensual, no milagre de suas divinas grandezas, as necessidades e os benefícios de um Deus Redentor. Quando se fala de Maria, a alma se eleva aos pensamentos alegres, o coração palpita em doces emoções, um raio de esperança brilha sobre a fronte novamente serena. Na presença dessa excelsa senhora, linda como o paraíso, que com uma eterna ternura nos estende os braços e nos convida o seu coração, quem não se sente confortado? Quem se recusa a lançar-se entre seus braços, como a criança ao colo de sua mãe?

Não existe coisa alguma, por quanto grande e desejável que não possamos esperar dela. Jamais ela se deixa vencer em generosidade. Encontra-se a mim, ela nos diz, todos os tesouros das riquezas celestes, para que os dê a quem me honra e me ama: Estás comigo as riquezas para que se tornem ricos os que me amam. Honrar a Virgem Maria é o mesmo que assegurar-se em seu patrocínio, impetrar suas graças para a igreja, apressar o seu triunfo. Sim, sim, nos grita com um tom cheio de misteriosa confiança o doce, forte e suavíssimo pontífice Pio X.

Pode rugir a tempestade, o céu pode cobrir-se novamente de nuvens, diz ele, mas ninguém se assuste. Se olharmos para Maria, o senhor se aplacará e nos perdoará tudo. O arco-íris aparecerá entre nuvens, eu vejo, e as águas do dilúvio não voltarão mais a exterminar os viventes. Oh, certamente, se tivermos verdadeira confiança em Maria, a Virgem poderosíssima esmagará sempre com o seu pé virginal, a cabeça da serpente.

Oh sim, que se realizem esses votos! E nós, meus amados irmãos, apressemo-nos no seu cumprimento na medida de nossas forças. Unamo-nos nossas vozes num só coro de admiração e louvor e todos juntos, com entusiasmo filial e cheio de confianças em Nossa Senhora do Rosário, digamos:

Ó virgem santíssima do Rosário, que sois o nosso refúgio e a nossa esperança, guardai-nos benignamente, impetrai-nos do vosso divino filho a graça de vivermos como verdadeiros cristãos, livres de toda a culpa. De modo especial, protegei a nossa juventude, afastando dela tudo que pode corromper-lhe a inocência e a fé. Proteger a igreja e o seu augusto chefe, daí a ele a força de que ele necessita para levar o bom termo a obra da restauração universal em Cristo para a salvação das almas e também da sociedade civil.
Ó bendita do céu e da terra, iluminai as mentes, reconfortai os corações, apagaI o ódio, dai-nos a paz. Ó mãe piedosa, socorrei os infelizes, daí alento aos desanimados, fortalecei os fracos, consolai aqueles que choram ,interceder em favor do clero e do povo, do rebanho e do pastor.
Fazei que depois de termos amado e glorificado na terra, possamos amar-vos, louvar-vos e bendizer-vos, também no céu pelos séculos do séculos, amém !
E agora uma alegre notícia, o sumo pontífice Pio XI ,se designou de mim carregar para trazer a sua bênção apostólica…

São João Scalabrini

Fonte: SANTUÁRIO DE N. SRA. DE CARAVAGGIO

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