IGP-RS lidera ranking nacional de análise balística de armas e projéteis

O Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS) conquistou posição de destaque nacional entre os órgãos de polícia científica ao alcançar o primeiro lugar em dois dos três critérios avaliados pelo Sistema Nacional de Análise Balística (Sinab): número de inserções e de correlações balísticas. Os dados apresentados de janeiro de 2022 até o momento registram mais de 11.361 inserções e 20.501 correlações visualizadas.

O resultado é fruto de um trabalho estruturado, com rotinas consolidadas nos últimos três anos, com uso intensivo de tecnologia e inteligência pericial para contribuir com a elucidação de crimes envolvendo armas de fogo.

Sistema procura identificar padrões de criminalidades

Coordenado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), o Sinab integra os bancos de dados balísticos de todo o país. A partir da inserção de informações sobre projéteis e estojos recolhidos em locais de crime ou em armas apreendidas, é possível identificar correspondências – chamadas de “hits” – que indicam conexões entre diferentes ocorrências, armas e suspeitos. Essas ligações podem revelar padrões de criminalidades e a circulação de armas entre os Estados.

“Esse resultado é o reflexo de um compromisso coletivo com a excelência técnica e com a inovação na perícia criminal. Liderar o ranking do Sinab não é apenas uma conquista institucional, mas uma demonstração de como o trabalho dos nossos peritos impacta diretamente na elucidação de crimes e na segurança da população gaúcha e brasileira”, avalia o diretor-geral do IGP-RS, Paulo Barragan.

Qualificação nos dados para a investigação

No Rio Grande do Sul, a Divisão de Balística Forense do IGP assumiu a responsabilidade por alimentar o Banco Nacional de Perfis Balísticos (BNPB) com um volume significativo de dados desde que o Estado aderiu ao sistema, em julho de 2022. Com dedicação de servidores e uso de dois equipamentos de alta precisão, o IGP atingiu o maior número de inserções no país, superando inclusive Estados mais populosos.

Antes, por exemplo, quando uma arma era periciada, o laudo de funcionamento era emitido e o trabalho era dado como concluído. Hoje, é preciso coletar padrões da arma – projéteis e estojos –, selecionar aqueles com maior riqueza de microelementos e inseri-los no sistema. Esse processo demanda mais tempo e especialização, mas gera um impacto muito maior na investigação criminal.

A foto, tirada de perto, mostra a mão direita de um perito criminal operando um mouse de computador. Ele usa uma jaqueta de couro preta e está sentado em frente a dois monitores. O monitor maior, à direita, exibe múltiplas imagens em miniatura de projéteis ou cápsulas de munição, organizadas em uma grade, com uma imagem ampliada no canto superior esquerdo. No lado esquerdo da mesa, há uma impressora e outros equipamentos de laboratório. O ambiente é um laboratório, com uma parede clara e prateleiras ao fundo. A cena destaca a análise detalhada de evidências balísticas.
Os elementos são comparados por algoritmos capazes de detectar padrões microscópicos deixados pela arma no momento do disparo – Foto: Gregório Mascarenhas/Ascom IGP

De calibres a conexões

O sistema balístico automatizado utilizado pelo IGP-RS, conhecido como IBIS (Sistema de Identificação Balística Integrado), permite análises com um nível de detalhamento sem precedentes. O processo começa com a coleta de vestígios em cenas de crime. Esses elementos são escaneados e comparados por algoritmos capazes de detectar padrões microscópicos deixados pelas peças internas da arma no momento do disparo.

A partir dessa comparação automatizada, o sistema sugere potenciais correspondências. O trabalho, então, passa para a etapa humana: o perito analisa visualmente as imagens geradas, seleciona os indícios mais promissores e confirma ou descarta os hits por meio do microscópio óptico.

Cada hit confirmado significa que o sistema identificou que dois ou mais crimes foram cometidos com a mesma arma de fogo. Isso pode transformar completamente uma investigação, especialmente em casos sem suspeitos.

Reconhecimento nacional e integração interestadual

Dois dos hits identificados pelo IGP-RS ultrapassaram as divisas estaduais. Foram casos relacionados a armas apreendidas no Rio Grande do Sul e que estavam envolvidas em homicídios cometidos no Paraná. As informações obtidas foram compartilhadas com a Polícia Federal, que atua na interlocução entre os Estados e o Ministério da Justiça.

Esses episódios reforçam a importância de manter uma rede de análise balística ativa em todo o país. Cada inserção feita por um Estado pode beneficiar uma investigação em outro, fechando lacunas e conectando peças de um quebra-cabeça criminal que, até pouco tempo, era impossível de montar.

O reconhecimento nacional representa a consolidação de uma cultura técnico-científica voltada à excelência pericial e ao fortalecimento da segurança pública por meio de dados, evidências e inteligência.

Texto: Gregório Mascarenhas/Ascom IGP
Edição: Anelize Sampaio/Ascom IGP e Anderson Machado/Secom

Foto: Sofia Villela/Ascom IGP

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