“Entrou em contato com a lama, andou na água da enchente e teve sintomas de leptospirose? Procure um atendimento de saúde, pois a doença tem tratamento e há medicações suficientes. Não fique em casa achando que vai passar, pois a doença pode se agravar. O tratamento não pode esperar”. O recado de alerta e orientação à população gaúcha é da titular da Secretaria da Saúde (SES), Arita Bergmann, que gravou um vídeo para as redes sociais do governo do Estado e da SES.
Desde o começo das enchentes, orientações públicas de cuidado e prevenção à leptospirose vem sendo disponibilizadas pela SES. Ainda em 2 de maio, foi publicado a primeira versão do Comunicado de risco – leptospirose e acidentes com animais peçonhentos, reforçando a atenção aos sintomas e as indicações de coleta para análise laboratorial.
A secretaria também disponibilizou aos gestores e profissionais de saúde o Guia de consulta rápida de orientações para a vigilância, no qual há informações como manifestações clínicas, diagnósticos e condutas frente aos casos suspeitos de leptospirose, tétano, hepatite A, raiva, acidente com animais peçonhentos e doenças diarreicas, que são outros agravos potencializados em situações de alagamentos.
Ainda no início de maio, foi lançada uma versão atualizada e revisada do Guia básico para riscos e cuidados com a saúde após enchentes, que traz informações tanto para a população em geral quanto para os profissionais da área da saúde sobre doenças e medidas de prevenção, bem como limpeza e higienização de casas, pátios, roupas e alimentos.
Testagem
A diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, explica que o Laboratório Central do Estado do Rio Grande do Sul (Lacen/RS) opera de forma integral e dispõe de dois métodos para diagnóstico de leptospirose: o de biologia molecular (RT-PCR) e diagnóstico sorológico. “Estamos nos organizando com os municípios para qualificar o fluxo das amostras captadas pela rede assistencial, o Lacen está processando essas amostras e a nossa tarefa é reduzir o tempo de resposta”, afirma.
A diretora reforça que o tratamento deve ser iniciado de forma imediata em caso de sintomas clínicos da leptospirose em pessoas que tiveram contato com água ou lama da enchente, independentemente da confirmação laboratorial.
“Os exames laboratoriais são muito importantes para que possamos conhecer o real cenário epidemiológico do agravo relacionado a esse evento e consigamos monitorar o avanço da doença para formularmos políticas de saúde”, explica Tani.
Informe epidemiológico
Outra ação desenvolvida pela SES foi a criação de um informe epidemiológico sobre a Leptospirose, indicando os casos notificados, confirmados, descartados e em investigação.
O boletim é publicado diariamente no site da SES. Na atualização mais recente, em 26 de maio, o boletim aponta 1.380 casos notificados; 124, confirmados; 542, descartados; e 714, em investigação. O Rio Grande do Sul já registrou quatro óbitos por leptospirose e dez estão em investigação.
Contágio, sintomas e tratamento
A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda e transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados (principalmente ratos). O contágio pode ocorrer por meio de lesões na pele, pelas mucosas ou mesmo pela pele íntegra que tenha ficado imersa por um longo período em água contaminada.
O período para o surgimento dos sintomas pode variar de um a 30 dias. Os principais sintomas da leptospirose são:
- Febre
- Dor de cabeça
- Fraqueza
- Dores no corpo (em especial, na panturrilha)
- Calafrios
Ao apresentar os sintomas, a recomendação é que a pessoa procure um serviço de saúde e relate a exposição de risco. O uso de antibiótico, conforme orientação médica, é indicado em qualquer período da doença, mas sua eficácia costuma ser maior na primeira semana desde o início dos sintomas. Não é necessário aguardar o diagnóstico laboratorial para o início do tratamento.
Texto: José Luís Zasso/Ascom SES
Edição: Rodrigo Toledo França/Secom
Foto: Gustavo Mansur/Secom
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