Após duas fortes quedas consecutivas em 2015 (-3,5%) e 2016 (-3,6%), a economia brasileira começa a apresentar os primeiros resultados positivos. A expectativa é de crescimento de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 e de intensificação no processo de recuperação em 2018.
As projeções são da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), que apresentou em entrevista coletiva, nesta terça-feira (5), o Balanço 2017 e Perspectivas 2018. Para que essa melhora prossiga, o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, aponta a necessidade de a indústria receber apoio para continuar a produzir e gerar empregos e riquezas.
“Precisamos de fontes de financiamento que estão um pouco deprimidas, e o governo ainda insiste em querer de volta o dinheiro do BNDES (RS$ 130 bilhões da dívida com o Tesouro Nacional). Para o setor industrial, são muito importantes as linhas de crédito do BNDES”, disse Petry. “Em segundo lugar, há de se ter certeza de que a economia vai andar. Não pode empacar e parar. Reformas têm que ser feitas, e não é porque queremos, mas sim pela necessidade de pagar as contas no futuro e melhorar a confiança das pessoas”.
O presidente da FIERGS lembra que 2017 foi mais um ano difícil para a indústria brasileira, com muitas restrições à atividade. Até meados de abril, segundo ele, a economia dava sinais de recuperação, mas o episódio do empresário Joesley Batista em delação contra o presidente Michel Temer, que provocou nova crise no País, retardou o retorno da retomada normal do curso da economia.
Elaborado pela Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da FIERGS, o Balanço e Perspectivas mostra que, apesar destes primeiros sinais de mudança, a melhora na atividade ainda não está disseminada entre todos os setores, e preocupa especialmente a indústria, que sofre com baixo desempenho na de Construção e o lento processo de recuperação na de Transformação.
A agricultura foi o único setor de destaque este ano, por conta da safra de grãos recorde. “Começamos a recuperar aos poucos, mas o caminho será longo”, afirmou o economista-chefe da FIERGS, André Francisco Nunes de Nunes, ao destacar que uma recuperação cíclica está em curso.
Após 11 trimestres consecutivos de perdas, com uma queda acumulada de 8,2%, o PIB brasileiro voltou a crescer nos últimos dois trimestres. “O PIB de 2014 só deverá ser retomado em 2020, e o da indústria, em 2021, ainda deve ser inferior ao pico de 2013”.
Segundo o economista, o crescimento do PIB começa a ser impulsionado pelo mercado interno, com o consumo das famílias registrando variação positiva de 2,2% no terceiro trimestre de 2017, acima do PIB (+1,4%). Além disso, a inflação surpreendeu positivamente, e a previsão é a de que o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) feche em 3,1% em 2017 e em 4,1% em 2018, o que viabiliza a manutenção dos juros em patamares baixos.
A FIERGS trabalha com três cenários possíveis para a economia no próximo ano. No cenário base, a projeção é continuidade no processo de recuperação cíclica da economia brasileira, com aceleração da taxa de crescimento do PIB de 2,7% em relação a 2017, especialmente por conta da baixa base de comparação. No caso do Rio Grande do Sul, a expectativa é de que a safra de grãos não repita o desempenho de 2017 e, dessa forma, o crescimento deverá ser menor do que o nacional (2%).
No cenário superior o maior crescimento do consumo doméstico será determinante na recuperação mais intensa da economia (com elevação de 3,2% no PIB do Brasil e do RS). A perspectiva é de aceleração adicional na indústria brasileira e gaúcha, seguindo as melhores condições da economia nacional e internacional. Nesse caso, é natural que a indústria tenha um resultado melhor diante da elevação da demanda.
No caso da economia regional, a previsão de queda na produção agrícola poderá não se confirmar na magnitude esperada. Como consequência disso, o crescimento surpreende positivamente, por conta do desempenho do setor primário.
Mesmo em um cenário inferior, a FIERGS acredita que a economia apresentará crescimento, já que existe um processo de recuperação cíclica sustentada pela queda na taxa de inflação e de juros. Porém, nessa expectativa mais pessimista, haveria um crescimento abaixo do potencial, fruto da maior incerteza, com aumento de 1,8% no PIB brasileiro. No caso do Estado, a queda na safra de grãos pode ser acima da esperada, acarretando no baixo crescimento da atividade (0,8%).
Por fim, o ciclo eleitoral tende a exercer maior volatilidade na taxa de câmbio, na taxa de juros futuros, e nos mercados de renda variável em comparação com 2017. Mesmo assim, a atividade deve se manter em trajetória de recuperação cíclica. Já o resultado das eleições pode afetar o lado real da economia apenas em 2019.
O ANO NO RS – De acordo com a FIERGS, a estimativa é de que a economia gaúcha cresça 1,4% em 2017, acima do previsto no final de 2016 (0,4%). O desempenho além do esperado deve-se ao fato de que o peso da agropecuária na atividade do Estado é quase o dobro em relação ao total da economia brasileira. Desse modo, a safra recorde produziu impactos mais sensíveis no Rio Grande do Sul.
Outro motivo para a surpresa positiva no resultado de 2017 decorreu da permissão para o saque dos recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A liberação teve um impacto relativamente mais positivo no RS em comparação com a média nacional, em função do maior grau de formalização do mercado de trabalho no Estado. A perspectiva para o ano que vem é de continuidade do processo de recuperação.
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