No dia 25 de fevereiro de 1967, festa estreava sua icônica primeira edição, em Bento Gonçalves
A Festa Nacional do Vinho não é apenas uma festa. Nunca foi. Ela tornou-se um acontecimento icônico, tão logo sua primeira edição foi anunciada, entre os dias 25 de fevereiro e 12 de março de 1967. Retroceder 55 anos no tempo é vital para entender o porquê disso.
Naquela época, a população de Bento Gonçalves não chegava a 40 mil habitantes e, embora a cidade já fosse conhecida por sua produção vitícola e moveleira, sua expressividade nacional era muito pequena. Em grande parte, pela falta de infraestrutura rodoviária para chegar e sair da cidade: qualquer deslocamento à Capital, por exemplo, era uma aventura de horas sob a sorte das condições climáticas, o que significa dizer que a viagem ou seria poeirenta ou enlameada.
Se uma conjunção de fatores levou à realização da Fenavinho, sempre tendo o envolvimento comunitário presente, foi o acaso que a levou à grandiosidade, já que à época era impossível saber no que ela se transformaria. O que era uma festa para reunir a comunidade e exaltar as atividades produtivas do município acabou por se tornar um evento com profundos impactos socioeconômicos no município, a ponto de determinar a escrita de uma nova era para a cidade.
Uma das razões para isso está ligado ao principal atrativo da festa, o Vinho Encanado. “Foi um marco histórico da Fenavinho”, diz Vitalino Nichetti, que por anos coordenou a comissão responsável pelo icônico “vinho que jorra em torneiras”. Essa atração despertou o interesse da mídia nacional, catapultando a festa e gerando um interesse em todo o país sobre festa que surgia no município. “Com o respeito a todas as atividades da Fenavinho, foi o Vinho Encanado que possibilitou a divulgação, foi algo extraordinário”, relembra Nichetti.
Foi com esse mesmo Vinho Encanado, no último final de semana, que a 17ª Fenavinho começou – uma outra agenda da atração ocorrerá em maio, com sua Vila Típica sendo erguida junto à ExpoBento, em junho. O que mudou da primeira para a mais nova edição, além da tecnologia no processo para oferecer a bebida ao público, foi a distribuição do vinho, que, ao longo dos anos, deixou de ser gratuita. Além do grande interesse gerado, sendo um catalisador para trazer público a Bento Gonçalves, o Vinho Encanado gerou alguns fatos folclóricos na cidade. “Havia uma certa apreensão por alguém que pudesse beber demais, mas quando isso ocorreu foi de forma isolada. O que houve foi algumas questões pitorescas, como o senhor que encostava um garrafão em algum lugar e cada pouco pegava vinho para enchê-lo”, conta, sorrindo, Nichetti.
Ele também lembra que o ponto central para o vinho chegar aos convivas ficava instalado no Edifício Milan, quase em frente ao Clube Aliança. Naquele tempo, para disponibilizar o vinho, um caminhão da Vinícola Aurora, que sempre forneceu a bebida, se deslocava para abastecer as pipas que ficavam no prédio. “Por mangueiras, elas chegavam até os pontos de distribuição na Via del Vino”, conta.
Esse era um trabalho que envolvia muita gente, por isso, uma comissão específica cuidava disso. “Nunca foi um trabalho de uma pessoa, sempre foi uma comissão que colocava em funcionamento o Vinho Encanado”, comenta.
“Festa está no sangue do bento-gonçalvense”
O espírito de união da equipe do Vinho Encanado se espelhava no mesmo que construiu a Fenavinho. Uma comunidade inteira se envolveu na construção da festa, e todos de forma voluntária. Esse é apontado como um dos grandes legados do evento. “A Fenavinho é a construção de um sonho imaginado por sua comunidade”, acredita Carlos Bertuol, que presidiu a quinta edição da Fenavinho, em 1985.
Esse foi um sonho moldado a muitas mãos. Além de organismos sociais como igrejas, escolas, vinícolas e associações, envolveu diretamente o cidadão. “A Fenavinho entrou na veia do bento-gonçalvense, está em seu sangue”, justifica Carlos Dreher, presidente da segunda edição, ocorrida em 1971, a única da história que foi presidida por três pessoas – além de Dreher, estiveram à frente do encontro José Eugênio Farina e Horácio Guedes Mônaco.
A declaração de Carlos Dreher sintetiza a explicação para tamanha abnegação naqueles que fizeram dessa festa não só a maior do município, mas a responsável por tornar a Bento Gonçalves que conhecemos hoje. “A Fenavinho teve o mérito propulsor de unir a comunidade, de fazê-la perceber que unida ela poderia fazer muita coisa. Foi um trabalho voluntário, ninguém ganhou nada, as pessoas chegavam e se juntavam para trabalhar. O agricultor saiu do interior com a foice a enxada para roçar o mato e abrir espaço para construir o primeiro pavilhão do Parque de Eventos. Ninguém tinha ideia no que ia se tornar a Fenavinho, então ela deixou uma marca muito grande de união da comunidade”, comenta Nichetti.
Esse carimbo deixado pela Fenavinho segue bem presente nos dias atuais. Tanto, que desde que foi recuperada pelo Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG), em 2019, a realização da festa está na mão de um comitê. “Nós estamos constantemente aprendendo com a Fenavinho. Se há uma lição que não envelhecerá nunca, é a de que a soma da força de cada um tornará essa festa sempre presente na nossa comunidade. É um orgulho muito grande fazer parte do time que hoje está fazendo a Fenavinho, justamente no ano que demarca seus 55 anos. Longa vida à Fenavinho, e que todos celebrem conosco sua 17ª edição”, diz o coordenador do comitê da festa, Roberto Cainelli Jr.
A festa terá mais uma edição do Vinho Encanado entre os dias 20 e 22 de maio, na Via del Vino. Já entre os dias 9 e 19 de junho, a festa terá novo capítulo ao lado da ExpoBento, sendo transportada para o Parque de Eventos, onde será construída a Vila Típica, um projeto especial para as vinícolas locais, com espaço para atrações culturais, enogastronomia, cursos de degustação e diversas atividades.
Relembre três legados da Fenavinho
Identidade
A Fenavinho reafirmou e oficializou a identidade do bento-gonçalvense, tornando o vinho o símbolo do município e promovendo orgulho citadino. Foi a festa também a responsável por chancelar o título para a cidade de “Capital Brasileira do Vinho”, propagando sua fama nacionalmente.
Promoção do desenvolvimento
A projeção alcançada pela Fenavinho trouxe à cidade, pela primeira vez, um presidente da República – Humberto de Alencar Castelo Branco. Sua estada no município foi vital para que a cidade recebesse, anos depois, a ligação asfáltica entre Bento Gonçalves e São Vendelino, facilitando o acesso à Capital. Além de promover o vinho, a Fenavinho ajudou a aumentar o profissionalismo e o desenvolvimento em torno do produto e ainda deu vitrine nacional para outra vocação do município, a produção de móveis.
Nova feiras
A Fenavinho foi a responsável por inspirar o surgimento das feiras na cidade, como a Movelsul, a ExpoBento e a Fimma. Além disso, foi a Fenavinho a responsável pela criação do Parque de Eventos, hoje conhecido como uma das maiores áreas expositivas cobertas e climatizadas da América Latina.
Fonte: Exata Comunicação e Eventos
Fotos: Acervo Itacyr Giacomello / Divulgação Exata
(RM)
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