Com o slogan “A vida é feita de recomeços. Nada substitui a presença do aluno e seu professor em sala de aula”, a Famurs lançou na quinta-feira, 12, uma campanha para retorno presencial das aulas em todos os municípios do Rio Grande do Sul. A ação institucional tem o objetivo de valorizar a presença de alunos e professores em sala de aula e mostrar a importância do ambiente escolar.
Com o avanço da vacinação na população gaúcha, especialmente em pais, avós, professores e adolescentes com comorbidades, a Famurs entende que existe segurança suficiente para o retorno completo das aulas presenciais na rede municipal de ensino. Além disso, embora crianças possam ser infectadas com coronavírus, evidências científicas apontam que elas não são vetores relevantes da covid-19.
“Precisamos priorizar o acesso à educação de qualidade”, afirmou o presidente da Famurs e prefeito de São Borja, Eduardo Bonotto. “Pesquisas têm revelado que o nível de aprendizagem dos alunos regrediu com o ensino apenas em casa. Quanto mais tempo nossas crianças e jovens ficam longe da escola, mais retrocesso haverá para o processo educacional, sem contar o distanciamento social que já existe. Com isso, podemos observar que a escola presencial é um ambiente insubstituível e que lugar de aluno e do professor é dentro da sala de aula”, destacou.
O presidente da Famurs ainda destacou que todo o cuidado com prevenção, distanciamento e cumprimento dos protocolos deverão ser respeitados, para que a volta às aulas seja feita com responsabilidade e segurança.
O impacto da pandemia na educação
Estudos realizados por pesquisadores, tanto nacionais quanto internacionais, apontam que períodos longos sem aulas ou atividades pedagógicas prejudicam o aprendizado, especialmente de crianças de famílias vulneráveis. Dados da Unesco e Unicef também destacam que há um maior risco de abandono e evasão escolar, especialmente dos estudantes mais vulneráveis, e há prejuízos a saúde mental, levando a um aumento de 18% os sintomas depressivos, fazendo com que estudantes se mostrarem mais irritados, ansiosos ou tristes.
Não bastasse o efeito clínico, a covid-19 tem impactado indiretamente crianças e adolescentes. O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontou em estudo que as consequências da pandemia sobre a saúde de crianças e adolescentes no Brasil, assim como em outros países na América Latina, tem potencial muito mais negativo do que vem sendo relatado em países da Europa e América do Norte.
A pesquisa do instituto mostra que há prejuízos no ensino, na socialização e no desenvolvimento, visto que os ambientes de ensino tiveram que ser fechados. Outros pontos também foram levantados, como o afastamento do convívio com familiares, amigos e toda rede de apoio; estresse, gerando um claro aumento de sintomas de depressão e ansiedade; aumento de violência contra crianças e adolescentes; queda nas coberturas de vacinação; aumento de sedentarismo e obesidade, entre outros pontos.
Na área educacional, uma das maiores pesquisas no Brasil para medir o impacto da pandemia de covid-19 sobre a aprendizagem dos estudantes, realizada pelo governo do Estado de São Paulo, apontou que as crianças em processo de alfabetização foram as mais prejudicadas no período de ausência de aulas na escola. O levantamento mostra que crianças do 5º ano fundamental sabem menos do que aprenderam no 3º ano, em 2019.
As restrições da pandemia também apontaram uma queda na adesão ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e um aumento na preocupação com o desempenho na prova. A pesquisa “Juventudes e a Pandemia”, feita pelo Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) com 68 mil jovens de 15 a 29 anos, indicou que 7 em cada 10 jovens (74%) afirmaram que se sentem despreparados para fazer o Enem, um percentual maior que no ano anterior (56%). Os dados também indicam que quase 6 em cada 10 (57%) dizem que já pensaram em desistir da prova.
A pesquisa também apresenta que o percentual de jovens que já pensaram em desistir de estudar durante a pandemia cresceu de 28%, em 2020, para 43% em 2021. A maioria se concentra na faixa etária de 18 a 24 anos (49%). Entre os motivos, 21% afirmaram que pararam por questões financeiras e 14% por dificuldade no acesso ao ensino remoto.
Ainda, uma pesquisa recente da Fundação Lemann e do Instituto Natura, “Onde e como estão as crianças e adolescentes enquanto as escolas estão fechadas?”, descobriu que 75% de jovens de 10 a 15 anos sentem falta das aulas presenciais ou de algum professor e 60% sentem falta do convívio social e dos amigos.
Sobre o ensino na pandemia, a pesquisa mostrou que 62% das crianças fora da escola têm entre 4 e 6 anos. Além disso, de acordo com pais e responsáveis, 94% das crianças ou adolescentes tiveram alguma mudança de comportamento durante a pandemia. A maioria ganhou peso no período (56%); 44% se sentiram tristes; 38% ficaram com mais medo; e 34% perderam o interesse pela escola. Entre os que ficam sozinhos em casa, são mais altos os índices dos que passaram a dormir mais, ficaram mais quietos ou têm mais dificuldades para dormir.
Fonte: FAMURS
(RM)
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