Exames apontam predomínio da variante P.1 do coronavírus no Rio Grande do Sul

O novo boletim genômico do coronavírus, publicado nesta quarta-feira, 26, pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), aponta para o predomínio da variante P.1 no Rio Grande do Sul. Foram analisadas 516 amostras de 112 municípios gaúchos, sendo que em 91% dos exames o resultado foi indicativo para essa linhagem.

• Confira o documento na íntegra: Boletim Genômico 6.

Desde a primeira detecção da variante P.1 no Estado, ocorrida em janeiro, esse tipo de mutação do SARS-CoV-2 aumentou sua proporção entre as amostras sequenciadas. Todas as 161 amostras coletadas em maio deram resultado para a P.1, assim como 244 das 246 (99%) de abril.

Este novo boletim trouxe uma análise diferente dos anteriores. Não foram incluídos nesta edição os resultados de sequenciamentos completos, que são realizados na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Dada a importância de acompanhar a ocorrência dessas variantes, o Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CDCT) e o Laboratório Central do Estado (Lacen) implementaram um novo teste com resultados mais rápidos e com menor custo.

A análise molecular é baseada no exame de PCR e é capaz de identificar a presença de mutações das principais variantes (P.1, B.1.1.7 e B.1.351). Diferente do sequenciamento genômico, que fornece detalhes do perfil de mutações e classifica com precisão a linhagem de cada amostra, esse teste feito pela própria Secretaria da Saúde (SES) indica que determinada amostra é uma provável VOC (variante de preocupação, da sigla em inglês).

As amostras apontadas como prováveis P.1 apresentaram resultado para um gene específico (ORF1a, 3675-3677) presente em duas VOCs: P.1 e B.1.351. Uma vez que ainda não há identificação da B.1.351 no território gaúcho, pode se inferir que essas amostras são provavelmente pertencentes à linhagem P.1, condizendo com os achados do boletim genômico anterior que já mostrava o predomínio dessa linhagem.

Variantes do coronavírus

Apenas algumas linhagens do SARS-CoV-2 preocupam quanto a alterações no seu comportamento por carregarem algumas mutações específicas. A maioria dessas mutações está concentrada na proteína Spike, responsável por reconhecer as células humanas e ajudar o vírus a penetrar nelas.

Além disso, é a proteína Spike que os anticorpos produzidos pelo sistema imunológico precisam reconhecer para poder combater o vírus. Quando uma variante/linhagem do coronavírus carrega mutações importantes, com potencial de alterar seu comportamento, ela passa a ser denominada como variante de interesse (VOI, do inglês “variant of interest”). Quando comprovadas essas alterações e identificada uma ameaça à saúde pública ou ao controle do vírus, se denomina então de variante de preocupação (VOC, do inglês “variants of concern”). Variantes de preocupação são aquelas para as quais existem evidências científicas de uma mudança no comportamento do vírus.

As principais mudanças que requerem atenção são: aumento da transmissibilidade, aumento dos casos graves, redução significativa da neutralização por anticorpos gerados durante infecção prévia, eficácia reduzida de tratamentos ou vacinas ou ainda falhas de detecção no diagnóstico.

Os exemplos mais conhecidos e de maior preocupação entre as VOCs já identificadas são:

• B.1.1.7 (Reino Unido) – tem uma maior transmissibilidade e pode escapar dos anticorpos produzidos por algumas vacinas.

• B.1.351 (África do Sul) – tem uma maior transmissibilidade e alguns estudos já demonstraram uma possível diminuição da eficácia de diferentes vacinas contra essa variante.

• P.1 (Brasil) – estudos demonstraram ter maior transmissibilidade e capacidade de evadir da resposta imune de indivíduos previamente infectados pelo SARS-CoV-2.

• B.1.617 (Índia) – apresenta também uma maior transmissibilidade e ainda não há relato de transmissão local dessa variante no Brasil.

 

Fonte: Governo do Estado

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