Lançado em 2013, o Bacharelado em Biblioteconomia da Universidade de Caxias do Sul foi o primeiro curso no país a ser oferecido na modalidade EaD. 39 estudantes colaram grau neste início de ano e 119 permanecem matriculados no curso.
Até pouco tempo, morar em outro estado e estudar na Universidade de Caxias do Sul era uma situação impensável. Mas, felizmente o avanço das tecnologias de informação e comunicação mudou os conceitos de tempo e espaço e possibilitou uma nova forma de estudar, fazendo com que mais estudantes pudessem ingressar na universidade.
O desafio de criar um curso de Biblioteconomia na modalidade a distância, além de suprir uma demanda do mundo do trabalho, cumpriu também a finalidade de expandir a ação da Universidade de Caxias do Sul a outras cidades e estados, com a possibilidade de uma formação superior em uma área de atuação que está em franca expansão.
Com duração de 4 anos e uma carga de 2.490 horas, o curso de Biblioteconomia da UCS é oferecido na modalidade EaD e conta com suporte presencial nos campi de Caxias do Sul, Canela, São Sebastião do Caí e Vacaria.
Estudar a distância exige muita dedicação e comprometimento
Patrícia Souza Santos de Rezende, 30 anos, foi uma das estudantes que colou grau como bacharel em Biblioteconomia na cerimônia realizada no dia 4 de março, no UCS Teatro. Depois de quatro anos fazendo o percurso Curitiba – Caxias do Sul, pelo menos duas vezes por semestre (na modalidade EaD, as provas devem ser presenciais), pela primeira vez Patrícia viajou para Caxias do Sul com a família – a mãe, o marido e os filhos André e Arthur, de 8 e 10 anos – e, desta vez, a tensão pré-prova foi substituída pela tensão pré-cerimônia de formatura.
Estudar a distância foi a forma que Patrícia encontrou para conciliar estudos, família e atividade profissional, buscando tornar realidade um sonho que a acompanhava desde a adolescência, quando caminhava 40 minutos para frequentar a biblioteca mais próxima da sua casa.
Primeira da família a cursar uma universidade, Patrícia levou a graduação com “garra e determinação” e, nos momentos mais difíceis, encontrava na família o apoio necessário para não desistir. “A família sempre foi motivo de incentivo para buscar a realização de meus objetivos pessoais e profissionais”. Durante o curso, Patrícia fez estágio em bibliotecas universitárias. Agora, participa de processos seletivos e está animada quanto ao futuro.
“Tenho plena convicção de que a Biblioteconomia me realizará profissionalmente. Considero que a dedicação e o comprometimento foram as alavancas para o estudo EaD, atributos primordiais para a realização e conclusão do curso, sendo a primeira exigência o amor pelas bibliotecas e os serviços de informação. Estudar na modalidade EaD, nos possibilitou o contato com pessoas das mais diversas regiões do nosso país e nos permitiu uma integração cultural e profissional que enriquece nosso conhecimento e a forma como iremos interagir nas unidades de informação durante nossa vida profissional”.
Quanto ao mercado de trabalho para o bibliotecário, Patrícia julga que ele é promissor. “A Lei Federal nº 12.244, de 2010, nos assegura a direito de atuar em bibliotecas escolares, respeitando a profissão de bibliotecário regulamentada pelas leis 4.084/1962 e 9.674/1998, sendo esta, uma atribuição exclusiva do bacharel em Biblioteconomia”.
Colação de grau com láurea acadêmica
Uma cerimônia de Colação de Grau está sempre envolvida em muitas emoções, dos estudantes, professores, familiares e convidados. Como seus colegas, Maraísa Mendes da Costa também estava emocionada na solenidade, mas ela tinha uma razão a mais: com média 3,8 – sendo 4 a nota máxima – ela foi a única da turma a receber a Láurea Acadêmica, distinção de reconhecimento ao seu elevado nível de aproveitamento durante o curso.
A Biblioteconomia é a sua segunda graduação, pois ela também é formada em Letras pela UCS e já trabalha em uma biblioteca escolar. Foi dessa experiência que surgiu a paixão pela Biblioteconomia, que é muito mais do que “ficar sentado e ler uma imensidão de livros”, como muita gente pensa. Para Maraísa também não foi fácil conciliar as 40 horas na rede municipal de ensino de Caxias do Sul com os estudos do curso, que exigiam disciplina para aproveitar ao máximo as aulas e as orientações dos professores e tutores, tempo e concentração para fazer as tarefas semanais, as pesquisas, entregar os trabalhos no prazo, e estudar para as provas trimestrais.
“Tive que abrir mão de muitos momentos com a família, de momentos de lazer, para dar conta de todas as leituras e trabalhos. Muitos sacrifícios foram necessários e tive que aprender a organizar meu tempo em casa. No entanto, valeu a pena. Receber a distinção acadêmica é uma forma de provar que todo esse sacrifício não é em vão, que as horas e dias gastos foram um investimento para a minha formação e para o meu conhecimento. Receber a Láurea Acadêmica traz não só muito orgulho, mas também muita responsabilidade, já que todo esse conhecimento adquirido precisa ser partilhado, todas as leituras, todas as discussões devem transformar-se em um caminho para a democratização da informação e para a difusão do respeito à nossa profissão, da valorização do que é ser um bibliotecário”.
Profissão antiga
Segundo o Portal do Bibliotecário, as primeiras bibliotecas, na forma como conhecemos hoje, surgiram na Mesopotâmia, no segundo milênio a.C. No entanto, foi entre os séculos VII e VIII a.C que surgiram as grandes bibliotecas da Antiguidade, entre elas a Biblioteca de Alexandria, até hoje uma importante referência desse período da história da humanidade. No Brasil, a primeira biblioteca foi criada na Bahia, em 1568, por iniciativa dos Jesuítas e o primeiro curso de Biblioteconomia só foi criado em 1915, na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
“A profissão de bibliotecário no Brasil foi regulamentada em 1962, pela Lei Nº 4.084, que assegura o exercício profissional privativo aos bacharéis em Biblioteconomia”, explica o professor João Paulo Borges da Silveira, docente do curso e paraninfo da primeira turma de formandos. E, mesmo com mais de 50 anos de regulamentação, a profissão ainda não é bem compreendida pela sociedade. “É comum termos que explicar o que faz e onde trabalha o bibliotecário”.
A Biblioteconomia é a área do conhecimento que seleciona, adquire, organiza, gerencia, preserva, recupera e dissemina a informação, independentemente de seu suporte, seja impresso ou digital. O bibliotecário é o profissional de nível superior formado para atuar no contexto informacional servindo de elo entre os usuários (aqueles que necessitam ou desejam informações) e as fontes de informação (desde livros impressos ou digitais, periódicos, multimeios, bases de dados, sites etc.).
As possibilidades de atuação profissional são variadas, conforme o espaço em que o profissional está inserido: bibliotecas físicas, como escolares, infantis, públicas, comunitárias, universitárias ou especializadas, passando por centros de documentação e memória, centro de pesquisas, bibliotecas especiais, ambulantes, hospitalares, prisionais, bem como espaços de incentivo. O bibliotecário também pode atuar com projetos de biblioterapia, curadoria e em ambientes digitais e virtuais.
“Para mim, o mais gratificante da docência é o contato com os discentes, vivenciando o ensinar e aprender como uma forma de compartilhar conteúdos teóricos e técnicos, assim como experiências de vida. Todo o trabalho como professor é para desenvolver e preparar, da melhor maneira possível, novos profissionais, que, logo serão meus colegas de trabalho”, salienta João Paulo.
“Ter sido escolhido como paraninfo da primeira turma de Biblioteconomia da UCS, e a primeira na modalidade EaD no Brasil, foi uma experiência muito gratificante e emocionante, pela trajetória traçada e pelo reconhecimento das atividades docentes desenvolvidas no curso até aqui. Percebo que se formou mais do que um vínculo de relação professor e alunos, mas vínculos de respeito, admiração e amizade entre todos. Minha satisfação é maior por testemunhar o grande interesse de todos os alunos pela área da Biblioteconomia e pela profissão de bibliotecário. Pude ver crescer o sonho comum de se tornarem bibliotecários(as). Mesmo residindo em diferentes pontos do país – realidade que não encontra suporte na modalidade de educação presencial, mas que pode ser perfeitamente viável para a modalidade a distância – eles puderam se constituir como turma e o resultado pode ser visto na cerimônia de Colação de Grau. A possibilidade de poder contribuir para que os sonhos individuais se tornem realidade é o que me motiva e o que engrandece a cada dia a minha trajetória docente”.
As aulas de mais um período letivo já se iniciaram e milhares de estudantes perseguem o mesmo sonho de Patrícia e Maraísa: concluir uma graduação e ingressar no mundo do trabalho. São esses sonhos e projetos de vida que tornam tão imprescindível a missão da Universidade, uma instituição que há 50 anos atua para ampliar o acesso da população à educação superior de qualidade.
(Foto crédito Thaila Fotografias)
Fonte: UCS
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