Estado terá diagnóstico próprio para casos suspeitos de ingestão de metanol

Centro de Informação Toxicológica passará a realizar os exames

O Centro de Informação Toxicológica (CIT), vinculado ao Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), passará a realizar, nos próximos dias, exames laboratoriais para identificação de metanol em casos suspeitos de ingestão durante o consumo de bebidas destiladas. A medida representa um avanço na capacidade de resposta do Rio Grande do Sul frente a possíveis intoxicações por essa substância.

A equipe técnica do CIT já adquiriu os insumos necessários e está em fase de padronização e testes dos equipamentos. A previsão é de que os exames comecem a ser realizados na próxima semana. Atualmente, essa análise é feita pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), que continuará prestando assessoramento técnico ao CIT na operacionalização da metodologia.

Com a nova estrutura, o Rio Grande do Sul se tornará um dos poucos Estados brasileiros com capacidade própria para esse tipo de diagnóstico. “A nossa equipe já tem experiência em análises toxicológicas, e agora está preparada para atuar também na identificação de metanol. Queremos ser referência nesse tipo de atendimento”, afirmou a secretária da Saúde, Arita Bergmann.

Além da estrutura laboratorial, a Secretaria da Saúde está realizando um levantamento junto à rede hospitalar sobre os estoques de etanol farmacêutico, utilizado no tratamento de intoxicações por metanol. O Estado também aguarda o envio de um antídoto específico, que está sendo adquirido pelo Ministério da Saúde junto a fornecedores internacionais.

O CIT será o ponto focal da Secretaria da Saúde para recebimento de notificações de casos suspeitos, feitas pelos serviços de saúde. O atendimento funciona pelo telefone 0800-7213000, com plantão 24 horas, todos os dias da semana. Profissionais de saúde podem obter apoio no diagnóstico e orientações sobre o tratamento por meio do serviço.

Casos suspeitos no RS

Até esta segunda-feira (6/10), o Rio Grande do Sul registrou um caso suspeito de ingestão de metanol. Trata-se de um homem de 38 anos, residente em Porto Alegre, que foi atendido no Hospital de Pronto-Socorro no sábado. Ele já teve alta hospitalar e segue em investigação laboratorial. Um segundo caso, em Santa Maria, foi descartado após análise.

O paciente da capital preservou parte da bebida ingerida, uma cachaça, que será encaminhada ao IGP para análise. Caso seja confirmada a presença de metanol, será necessário rastrear a origem da bebida, incluindo lote e estabelecimento de venda. A Vigilância Sanitária Municipal, com apoio do Estado, será responsável por essa ação.

Na última sexta-feira (3/10), o governo do Estado criou um comitê intersecretarial para acompanhar possíveis casos de bebidas contaminadas por metanol. O grupo reúne representantes das secretarias da Saúde, da Segurança e da Agricultura, além de órgãos como Samu, Cevs, Polícia Civil, Brigada Militar e IGP.

Uma reunião entre os integrantes do comitê está marcada para terça-feira (7/10), quando será discutida a publicação de uma nota informativa conjunta. O documento deverá orientar municípios e serviços de saúde sobre procedimentos e ações diante de casos suspeitos.

O que fazer em casos de suspeita de intoxicação

Diante da ocorrência de intoxicações por metanol, o Ministério da Saúde reforça a importância da vigilância e orienta sobre as ações a serem tomadas. O metanol é uma substância tóxica usada em solventes e produtos químicos, podendo causar danos graves ao fígado, cérebro e nervo óptico — com risco de cegueira, coma e até morte.

Principais sintomas (podem surgir entre 12 e 24 horas após ingestão):

  • Dor abdominal
  • Visão alterada
  • Confusão mental
  • Náusea

Esses sinais podem ser confundidos com os de uma ressaca comum. Por isso, ao identificá-los, a pessoa deve procurar imediatamente atendimento médico em uma unidade de emergência.

Na chegada ao serviço de saúde, é essencial informar:

  • Que houve consumo de bebida alcoólica
  • O contexto (ex.: festa, bar, evento)
  • Tipo de bebida ingerida
  • Presença ou não de rótulo na embalagem
  • Horário aproximado da ingestão
  • Essas informações ajudam na investigação, diagnóstico e tratamento adequados.

Texto: Ascom SES
Edição: Secom

Foto: Arthur Vargas/SES

error: Conteúdo Protegido