Estado garante continuidade de aulas presenciais em abrigo de Porto Alegre

Desde 26 de junho, as atividades escolares de uma das comunidades de Porto Alegre mais atingidas pelas enchentes têm sido mantidas pela Secretaria da Educação (Seduc), por meio de um trabalho coletivo de busca ativa e acolhimento. Um espaço do abrigo Sesi Rubem Berta, na Zona Norte da capital, foi transformado em uma sala de aula que, de segunda a sexta-feira, acolhe alunos de famílias desabrigadas e desalojadas.

O atendimento presencial ocorre em paralelo às atividades remotas. Um grupo de professores vai ao abrigo no turno da tarde para conversar com os alunos, esclarecer dúvidas e oferecer apoio nas tarefas educativas, mantendo o vínculo afetivo e pedagógico.

“Quando a Seduc começou a mapear os alunos que não estavam dando retorno, encontramos muitos no abrigo Rubem Berta. A partir de então, a secretaria disponibilizou Chromebooks e acesso à internet para que eles pudessem fazer as atividades no local mesmo. Em média, atendemos de 18 a 20 alunos por dia”, conta a diretora da Escola Alvarenga Peixoto, Carina Baum Machado.

As crianças e os jovens atendidos são, em grande maioria, moradores do bairro Arquipélago, que abrange as ilhas de Porto Alegre. A região possui quatro escolas da Rede Estadual, atendendo 1.165 alunos dos ensinos Fundamental e Médio. Muitos desses estudantes tiveram de deixar suas casas quando as águas subiram.

Durante a catástrofe meteorológica, os professores das escolas Maria José Mabilde e Almirante Peixoto, na Ilha da Pintada; Alvarenga Peixoto, na Ilha dos Marinheiros; e Oscar Schmitt, na Ilha das Flores, mantiveram um contato permanente com as turmas.

A professora aparece em primeiro plano, em pé, enquanto fala. Ela usa óculos, blusa vermelha e cachecol preto.
“Nossa presença implica um retorno à rotina, que as crianças precisam para a aprendizagem”, explica a professora Carla – Foto: Cainan Silva/Ascom Seduc

“Em um primeiro momento, reativamos grupos de WhatsApp que tínhamos desde a época da pandemia. Criamos planilhas para ver onde os alunos estavam e o que poderia ser feito. Cada professor assinalava quando descobria o lugar de um dos estudantes, que ficaram espalhados por vários abrigos e até mesmo em outras cidades”, detalha a vice-diretora da Escola Alvarenga, Ziandra Dias Cardoso, que também destaca a união dos professores, sintetizada na vontade de buscar os estudantes.

“Se perguntarmos, para qualquer aluno que está no abrigo hoje, do que eles mais sentem falta, a resposta será a escola. É um lugar de encontro e alegria, então eles têm muita saudade”, resume Ziandra.

Para a professora de Ciências e Biologia na Escola Alvarenga, Carla dos Anjos, outra questão que reforça os laços com a escola é a sensação de normalidade do cotidiano. “Nossa presença implica um retorno à rotina, que as crianças precisam para a aprendizagem. Automaticamente os alunos têm de se organizar, acordar mais cedo, rever os estudos. Muitos estão há dois meses sem pegar um papel e uma caneta na mão”, ressalta.

Evelin Chaves de Oliveira, mãe de um dos alunos, compartilha da mesma sensação, observando como o filho reagiu positivamente ao retomar os estudos. “Ele até me pediu para levá-lo às aulas, pois gostou das professoras, de aprender mais e de voltar a fazer os trabalhinhos. É um espaço bom para as crianças”, afirma.

Texto: Daniel Marcilio/Ascom Seduc
Edição: Felipe Borges/Secom

 

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