A produção de frutas é a principal atividade agropecuária dos municípios da Serra gaúcha. Pela sua importância econômica e social, a cada ano o Escritório Regional da Emater/RS-Ascar em Caxias do Sul realiza um balanço da safra de frutas. A avaliação envolve a produção de 55 municípios, sendo 49 da região de Caxias do Sul, e os demais das regiões de Passo Fundo e Lajeado.
A principal frutífera cultivada na região, a parreira, que ocupa uma área aproximada de 39 mil hectares, deverá ter uma produção 20% menor do que a do ano passado (790 mil toneladas), ficando em torno de 635 mil toneladas, considerando toda a fruta com propósito comercial (para industrialização e consumo in natura). O principal motivo da redução foi o granizo ocorrido no final de outubro de 2018.
O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Enio Ângelo Todeschini, lembra que a qualidade da fruta, tanto sanitária quanto da concentração de açúcar, está depende exclusivamente das condições climáticas de agora em diante, com previsão de término da colheita no final do mês de março.
De acordo com Todeschini, a safra atual também foi marcada por um inverno com acúmulo de horas de frio abaixo de 7,2°C, próximo da média histórica; por chuvas acima da média a partir de maio, o que afetou o pegamento das frutas e a necessidade de constante vigilânica quanto à sanidade das culturas; pelo frio moderado nos meses de agosto e setembro, constante umidade do ar e do solo e escassa insolação; além da ocorrência de granizo de intensidade e abrangência desproporcionais em 12 municípios da região, no dia 31 de outubro de 2018.
Outras espécies cultivadas na região, como a macieira e o pessegueiro, deverão ter uma produção semelhante à da safra passada. Com a colheita finalizada em meados de janeiro, e uma produção estimada em 38 mil toneladas, a safra do pêssego apresentou frutas de bom calibre e sanidade, com ausência da principal praga, a mosca-das-frutas, até o final de dezembro. O volume final, 40% inferior ao previsto inicialmente, foi em virtude do granizo. Com menor oferta de pêssegos, o mercado se manteve comprador e a precificação acima da média. Já culturas como a ameixeira, o caquizeiro e a laranjeira terão produções superiores às de 2017/2018.
Apesar da grande influência das condições climáticas na safra, Todeschini ressalta a importânica do manejo dos pomares de todas as espécies. “A cada ano que passa, o manejo nos pomares vem sendo aperfeiçoado, refletindo-se no aumento da produtividade ou na redução das perdas. “A prática cultural de maior adesão e efeitos a médio e longo prazo é o uso de plantas de cobertura (proteção) do solo, reduzindo grandemente o uso de agroquímicos e, como consequência, as perdas de solo, nutrientes e água”, conclui.
Estimativas para cada espécie:
Macieira
Estimativa de produtividade um pouco abaixo da média histórica. Teve um florescimento bom e apresenta um enfolhamento exuberante. A quebra na produtividade é em função das condições climáticas adversas no período do pegamento das frutas da Gala, principal variedade cultivada no RS. A segunda em importância, a Fuji, com um terço da área da Gala, apresenta uma carga de frutas além do necessário, exigindo forte intervenção na prática cultural do raleio.
Pessegueiro
Com a colheita finalizada em meados de janeiro, apresentou frutas de bom calibre e sanidade. Pomares se mostraram livres de fitopatias e a principal praga, a mosca-das-frutas, se manteve ausente até o final de dezembro. A produtividade média sofreu forte redução pelo efeito do granizo do final de outubro.Até final de outubro, a estimativa inicial era de serem colhidas 62.000 t na área de 3.340 ha, volume acima da média. As perdas diretas e indiretas – principalmente pela incidência de podridões nas frutas machucadas – chegaram a 40% do volume inicialmente previsto. Com menor oferta de pêssegos, o mercado se manteve comprador e a precificação, acima da média.
Ameixeira
Espécie fortemente dependente de polinização cruzada (entre diferentes cultivares), apresentou bom florescimento, porém, pegamento deficiente. Também foi bastante afetada pelo granizo, interferindo no volume produzido. A colheita da principal e mais tardia cultivar (Letícia) deverá ser encerrada no final de janeiro. Igualmente ao pêssego, a menor oferta mantém a precificação acima da média para frutas de primeira.
Caquizeiro
Cultura vem enfrentando dificuldades na produção e manutenção da área cultivada em função da questão fitossanitária, principalmente as variedades de polpa escura. Parte dos pomares foram atingidos pelo granizo, porém, com poucos danos nas frutas, pois ainda não estavam no período da frutificação. Plantas com boa sanidade e vigor.
Figueiro
Cultura em início de colheita, demonstrando as plantas um número e calibre de figos dentro da média histórica. Pomares com boa sanidade e vigor. Comercialmente, há uma certa preocupação com a colocação da produção destinada à industrialização, com tendência de achatamento da precificação.
Quivizeiro
Pomares evidenciam boa brotação e tiveram um florescimento dentro do esperado. O pegamento também foi satisfatório por ter ocorrido uma boa fecundação, traduzindo-se em boa carga de frutas, com previsão de início de colheita em março. Parte da área foi atingida pelo granizo. Cultura continua com sérias questões de manutenção e produção na região, devido à questão fitossanitária.
Pereira
Plantas com boa brotação e frutificação um pouco abaixo da esperada, pelo fato da necessidade de polinização cruzada, sendo a mesma afetada sensivelmente pela excessiva umidade nos períodos de fecundação e pegamento.
Morangueiro
Espécie que pouco se ressentiu da excessiva umidade nos meses de primavera. Apresentou boa produtividade nas diversas floradas. Frutos de qualidade esperada, com produtividade dentro da média. Apesar do aumento constante de produção e oferta da fruta, a valoração se manteve boa em todo o período de colheita.
Goiabeira
Cultura mostra uma produtividade normal e muito boa sanidade dos pomares, devendo iniciar a colheita no próximo mês nos locais de mesoclima mais quente. Preocupação com precificação e colocação de toda a produção vem se mantendo, fato que vem afetando o ânimo e a disposição dos goiabicultores.
Amoreira Preta
Boa produtividade e frutos de calibre bem acima da média, com ótima sanidade, tanto das amoras quanto das plantas. Fluxo comercial ficou mais tranquilo do que na safra anterior, e preço auferido, dentro do esperado.
Mirtileiro
Colheita se encaminha para o encerramento, tendo uma produtividade bem melhor que a da safra passada. Plantas com boa sanidade e frutas de ótima qualidade. Fluxo comercial sem maiores entraves.
Framboezeira
Com ótima brotação e florescimento, a cultura se comportou dentro do esperado, com a produtividade da primeira safra um pouco acima da média . A segunda está iniciando a colheita. Comercialmente, a fruta in natura manteve preços remuneradores.
Laranjeira
Frutífera em início de frutificação, com plantas de ótima sanidade. Número de frutos um pouco abaixo da média, com evidência de produtividade abaixo da esperada. No entanto, boa parte da ausência de frutos pode ser compensada pelo calibre/peso das laranjas a serem colhidas.
Bergamoteira
Plantas com bom vigor e ótima sanidade. Pegamento de frutos dentro da média, antevendo-se produtividade normal. Raleio de frutas em final de processamento.
Fonte: Emater
Foto: Arquivo Rádio Difusora
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