As tecnologias digitais transformaram a vida moderna, exigindo dos negócios velocidade e adaptação para entender os novos tempos, que também trouxeram novos consumidores. O impacto social disso na vida das empresas e das pessoas foi tão avassalador que um novo conceito, explorado na palestra-almoço desta segunda-feira no Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), surgiu para entender o fenômeno: nova economia.
Para um dos convidados do encontro, o jornalista e empreendedor Adriano Silva, o consumidor tem um forte papel no entendimento dessa concepção, associada à substituição da lógica manufatureira por uma oferta de produtos e serviços ancorados no desenvolvimento de tecnologias. “O consumidor é a chave para entender o que houve com o mundo a partir da revolução digital, que abriu as portas para esse problema e para essas oportunidades representados pela nova economia”, disse Silva por videoconferência, diretamente de Toronto, no Canadá. “As tecnologias vão se transformar com cada vez mais velocidade, e os hábitos de consumo vão se transformar no mesmo passo”, continuou o publisher do projeto The Draft, uma das mais influentes plataformas de conteúdo a respeito da nova economia do Brasil.
E quem demorar para entender isso, pode ter seu negócio ameaçado. “Grande parte de falências ou de descasamento entre o que a empresa oferece e o que o mercado quer comprar não se dá porque a empresa está fazendo errado alguma coisa que deveria fazer melhor, mas porque ela continua fazendo muito bem alguma coisa que as pessoas deixaram de querer comprar”, disse.
Na palestra, intermediada pela professora de pós-graduação e empreendedora em transformação organizacional Fabíola Saretta, Silva destacou os pilares da nova economia. Um deles são os negócios criativos, que estão relacionados ao estilo de vida do empreendedor. “A nova economia é um recurso interessante para a escassez do emprego industrial. Muita gente perde ou troca de emprego e se pergunta pela primeira vez o que gostaria de fazer, e vem para nova economia por meio de um negócio criativo, como design, gastronomia, tecnologia”. Outro pilares são os negócios de impacto social, cujo objetivo é transformar o mundo ao redor por meio de uma proposta de valor que tenha receita; os negócios de escala (startups); e a inovação dentro das companhias tradicionais. “É o intraempreendedorismo. Uma vez, os ciclos de produtos eram longos e as empresas não estavam interessadas em inovação. Elas queriam alguém que reproduzisse as soluções já conhecidas. Quando os ciclos se tornaram mais curtos, as empresas precisaram absorver e incorporar a inovação, e se abriu espaço para os inovadores corporativos”, explicou.
Como tudo se transformou, as relações de trabalho também mudaram. Para capturar e reter os talentos, as empresas têm que abrir espaço para empreender, sugeriu Silva. “As melhores pessoas não querem mais um emprego, elas querem um lugar para se desenvolver profissionalmente. É uma situação fácil de dizer e muito difícil de fazer, mas tem que empoderar as pessoas para que elas compreendam o teu negócio contigo”, comentou.
Nesse sentido, o papel da liderança é fundamental. “Enquanto não tivermos dentro das organizações um perfil de líder que entenda esse modelo, que esteja conectado e promovendo essas mudanças diretamente com seus times, isso será um desafio. Esse pensamento precisa tomar forma dentro da organização”, disse Fabíola.
Silva também destacou em sua fala a economia da experiência, que é usar um bem, como um carro, sem ser dono de um. “São decisões pessoais que são tomadas em escala coletiva que vão alterar muito os nossos negócios”, observou, ao destacar também a prática de ESG como essencial para as empresas. “É ter relações sustentáveis com o ambiente, com as pessoas que fazem parte da empresa e onde ela está inerida e seus meios de gestão. É mais eficiente você ser sustentável, porque isso cria condições para a empresa continuar prosperando por mais tempo”.
Marijane reforça compromisso com desenvolvimento de capital humano
Em seu pronunciamento, a presidente do CIC-BG, Marijane Paese, destacou a importância que cabe aos gestores em identificar as mudanças, cada vez mais corriqueiras, nos negócios, bem como em reconhecer as oportunidades advindas desse cenário de permanente transformação. “Dessa forma, conseguimos criar e executar estratégias, seja no desenvolvimento de produtos, na busca de novos nichos para parcerias comerciais ou em investimentos em equipamentos e tecnologias. Inovar é fundamental para quem deseja se manter competitivo, e esse movimento passa, de forma obrigatória, pelo investimento no capital humano. As pessoas são os grandes agentes da inovação em um negócio”, destacou.
Nesse sentido, a entidade tem apostado num projeto para desenvolver a mão de obra especializada nas empresas, grande gargalo das organizações locais. Por meio do Qualifica Bento, as indústrias investem no aprimoramento de suas equipes através da realização de cursos no Senai. Hoje, três cursos estão em andamento – os de Planejamento, Programação e Controle de Produção (PPCP), Tecnologias e Processos de Usinagem Convencional e Programação e Operação de Torno e Centro de Usinagem CNC, que começa a partir desta segunda-feira. “Temos visitado empresas incansavelmente em busca de apoiadores para o projeto, afinal, essa é uma inciativa que vai beneficiar a todos nós, que precisamos ou precisaremos em breve de pessoas capacitadas para trabalhar em nossas empresas. O Qualifica Bento tem um propósito muito claro: é um movimento que deseja despertar nas pessoas a vontade de se qualificar”, reforçou Marijane.
Durante o evento, o CIC-BG deu boas-vindas aos novos associados, Rádio Maravilha Web, Lea Rodrigues Frare, Sindicato Rural da Serra Gaúcha e Merco Gestão Empresarial.
Viviane Somacal
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