Ainda que o setor industrial brasileiro siga demonstrando oscilações de desempenho, alguns segmentos têm trazido alento às vésperas do Dia da Indústria, lembrado no dia 25 de maio. Especialmente para Bento Gonçalves, cuja principal força motriz de sua economia está na indústria moveleira (35,4%).
O polo de Bento Gonçalves fechou o primeiro trimestre do ano registrando grande alta nas exportações, com crescimento de 17,7% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas para o mercado externo têm contribuído para a recuperação de desempenho do setor. Entre janeiro e abril, o polo registrou 13 milhões de dólares em exportações, tendo entre seus principais mercados países como Estados Unidos, Arábia Saudita, Bolívia, Índia e Emirados Árabes Unidos.
Em Bento, a indústria representa 60% do faturamento total do município, com R$ 5,1 bilhões, conforme a edição 2018 da revista Panorama Socioeconômico do CIC-BG, editada em parceria com a Universidade de Caxias do Sul (UCS) – veja mais dados abaixo. Neste recorte, a indústria moveleira responde por 35,4% do faturamento, seguida pelos setores metalmecânico e material elétrico, com 18,6%, vinícola, com 17,2%, e indústria de alimentos, com 13,6%.
Quanto ao valor adicionado fiscal (VAF), obtido a partir da diferença entre as vendas e as compras de mercadorias e serviços de todas as empresas, a indústria contribuiu com R$ 2,3 bilhões do total de R$ 3,6 bilhões, ou seja, 63%. O VAF tem grande relevância para medir como o Estado fatia os 25% da arrecadação do ICMS que cada um dos 497 municípios gaúchos tem direito.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou em abril, no Informe Conjuntural do primeiro trimestre, uma redução em sua expectativa de crescimento do PIB brasileiro. Dos 2,7% projetados em dezembro de 2018, caiu para 2% em abril deste ano. Da mesma forma ocorreu com o PIB da indústria, de 3% para 1,1%.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), o Índice de Desempenho Industrial do RS (IDI/RS), que mede o nível de atividade do setor, registrou queda de 3,1% em março na comparação com fevereiro, já descontados os efeitos sazonais.
Nem por isso há um desânimo geral. Pelo contrário. É natural a recuperação ser gradual, já que a crise foi, talvez, a pior vivida pelo Brasil em décadas. E, neste cenário, também é normal a indústria mostrar um comportamento disperso, com alguns segmentos em crescimento e outros em recuo ou praticamente estagnados. “Estamos percebendo que há melhoras, mais confiança, mas é um processo longo”, diz o vice-presidente para Assuntos da Indústria do CIC-BG, Vitor Agostini.
Além de a economia precisar se reaquecer – e o consumo é importante para essa retomada –, as reformas que contribuirão para o crescimento do país precisam passar por trâmites naturais e burocráticos, o que tira a celeridade do processo, travando ainda mais a economia. “Claro que somos imediatistas, afinal passamos anos e anos em crise, mas precisamos ter consciência que talvez só em 2020 tenhamos um cenário econômico melhor”, aponta Adriano Ferronato, segundo vice para Assuntos da Indústria.
O presidente do CIC-BG, Elton Paulo Gialdi, acredita que o país precisa de estabilidade política para conseguir realizar as mudanças necessárias no Brasil. “Esta guerra de rede social de nada ajuda a retomada econômica. A política brasileira está realmente conseguindo dificultar a vida das empresas, tudo o que precisamos é estabilidade para voltar a investir e movimentar a economia. Esperamos que governo e Congresso consigam criar uma agenda para aprovar as reformas tão aguardadas, como a da Previdência e a tributária. Sem estas mudanças o Brasil nunca será um país justo e competitivo”, opina.
Divulgados no dia 2 de maio pela CNI, os Indicadores Industriais de março em relação aos números de fevereiro mostram que o faturamento da indústria nacional caiu 6,3%, as horas trabalhadas diminuíram 1,5% e a utilização da capacidade instalada recuou 0,9 ponto percentual. O mesmo estudo aponta três entraves para a recuperação, a falta de demanda, o excesso de estoques e a questão financeira das empresas.
O Dia da Indústria foi instituído em 1957, pelo então presidente da República, Juscelino Kubitschek, em homenagem ao industrial Roberto Simonsen, um dos fundadores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Panorama industrial em Bento
Setor industrial
Indústrias: 906
Indústria e Comércio: 369
Agroindústria: 26
MEI (ind.): 286
Total: 1.587
Segmento
Moveleiro: 556
Metalmecânico/elétrico: 295
Alimentos: 215
Plástico/borracha: 159
Vinícolas: 157
Outras: 205
Contingente humano
Moveleiro: 5.962
Plástico/borracha: 2.866
Metalmecânico/elétrico: 2.806
Alimentos: 1.937
Vinícola: 1.159
Outros: 3.140
Total: 17.870
Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico
Foto: Guilherme Jordani
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