“Como presbíteros, precisamos sempre ter presente que é através da oração que fortalecemos a nossa comunhão com o Senhor e revigoramos as nossas forças, para a missão junto ao povo de Deus”
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Neste mês de agosto a Igreja celebra o mês vocacional, lembrando a vocação à vida Presbiteral, ao Diaconado permanente, à Vida Consagrada e ao Matrimônio, isto é, vocação como dom e opção de vida que nos realiza e, ao mesmo tempo, nos leva a estar a serviço. Mas a mãe Igreja também convida seus filhos e filhas, a rezarem pelas vocações, lembrando as palavras que Jesus disse aos seus discípulos: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Portanto, peçam ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para a sua colheita” (Mt 9,37-38).
A nossa vocação nasce “a partir do chamado do coração”, e se realiza a partir da resposta pessoal que damos através de uma opção de vida. Podemos sempre falar e motivar os nossos jovens, para que saibam ouvir e discernir o chamado do “vem e segue-me”, que o Senhor faz ao coração de cada um, também na realidade de hoje, como fez no início do seu ministério. Mas a resposta a uma vocação, que envolve opção de vida, deve ser sempre pessoal. Nós facilmente associamos vocação como um chamado à vida consagrada, ao ministério sacerdotal, diáconal ou aos ministérios que estão a serviço da comunidade de fé, mas não podemos esquecer da vocação ao matrimônio. Na vocação, opção de vida, se esquecermos da dimensão da entrega, na qual Cristo é o modelo de amor e fidelidade ao Pai a ser seguido, poderemos fazer uma opção vocacional, marcada por muitas motivações puramente humanas. Onde não há doação na entrega da vida, pelo amor a Cristo, no serviço aos irmãos e irmãs, na Igreja comunidade de fé, ou na família, a vocação pode ser vivida mais como um peso que nos oprime do que uma graça que nos torna livres, para amar como Jesus nos amou.
Quando falamos da vocação, opção de vida pelo ministério presbiteral, devemos ter presente o presbítero como o “ícone de Jesus Cristo”. “Em Jesus Cristo, o humano e o divino estão unidos de modo único, porque nele Deus e o homem entraram de uma vez para sempre, num diálogo salvífico. O presbítero está a serviço deste diálogo entre o céu e a terra. O seu dever e tarefa, não delegáveis, são juntar o terreno e o celeste, apesar de todas as dificuldades internas ou externas, que os acompanham. O centro unificador de todo o ministério sacerdotal consiste em testemunhar que Jesus Cristo está presente na Igreja, para dar e realizar a salvação. O elemento específico do serviço sacerdotal consiste no fato de, com a palavra e com a ação, tornar hoje presente o dom que Cristo faz de si ao Pai, para a salvação do mundo” (Augustin, George. Colaboradores da vossa alegria: o ministério sacerdotal hoje).
Como presbíteros, precisamos sempre ter presente que é através da oração que fortalecemos a nossa comunhão com o Senhor e revigoramos as nossas forças, para a missão junto ao povo de Deus. Lembrando que “é a força de Deus que age em nós: não que sejamos capazes de conceber alguma coisa como de nós mesmos; é de Deus que provém a nossa capacidade. É Ele que nos torna aptos, para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, enquanto o Espírito dá vida” (2Cor 3,5-6).
Seguir uma vocação é, acima de tudo, oferecer a vida para viver uma missão. Na missão de amar e servir, a vocação vai se realizando e a vida vai se consumindo, como entrega e oferenda a Deus, pela pessoa amada, pela vida dos irmãos e pela causa do Reino. Mas para vivermos intensamente a nossa vocação precisamos, a cada manhã, renovar a nossa adesão ao Evangelho, ao seguimento do Mestre Jesus, como discípulos e discípulas, para podermos entender o amor misericordioso e fiel de Deus, que se manifesta nas pequenas coisas da nossa vida.
Que Deus, Pai misericordioso, abençoe com ternura e amor os presbíteros e diáconos, que servem a Igreja, povo de Deus na nossa Diocese, pelo testemunho de oração, de caridade e de doação, na missão de amar e servir o Senhor, servindo os irmãos e irmãs, na Igreja, comunidade de fé.
+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul
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