“No sagrado Tempo da Quaresma podemos ser tentados a viver uma espiritualidade ou pseudo-espiritualidade desencarnada da realidade da vida e do mundo que está ao nosso redor, marcada pelo egoísmo, na qual falta uma comunhão de vida”
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! O tempo da Quaresma nos ajuda a refletir e olhar a vida a partir dos olhos do coração, sem medo de buscarmos a misericórdia do Pai para retomarmos o caminho da paz interior, que favorece a comunhão com Deus, com os irmãos e irmãs e com a criação, onde pulsa a vida que vem do Criador.
O sagrado Tempo da Quaresma nos convida a colocar o coração diante de Deus, a partir da nossa realidade. É um tempo sagrado para entregar ao Senhor aquilo que somos, deixando que ele nos oriente no caminho de conversão interior, de reconciliação com Deus, conosco mesmos, com os irmãos e com a criação, lembrando das palavras pronunciadas pelo Criador depois de completar a sua obra: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).
A Campanha da Fraternidade deste ano, com o tema: “Fraternidade e Ecologia Integral”, nos leva a refletir sobre a realidade da agressão por parte do homem contra a natureza, a nossa Casa Comum. A reação da natureza se manifesta muitas vezes de forma violenta e incontrolada, causando destruição e morte em tantas realidades do mundo. Creio ser pertinente a conscientização e a participação pessoal, mas também das entidades de classe e dos governos, num processo de transformação, de mudança de mentalidade, para passarmos de agressores e destruidores da natureza a cuidadores e corresponsáveis pela obra que o Criador viu e afirmou ser “muito bom”.
No sagrado Tempo da Quaresma podemos ser tentados a viver uma espiritualidade ou pseudo-espiritualidade desencarnada da realidade da vida e do mundo que está ao nosso redor, uma espiritualidade da indiferença, marcada pelo egoísmo, na qual falta uma comunhão de vida com os irmãos e toda a obra do Criador. Essa espiritualidade pode ser interessante para aliviar a nossa consciência por termos praticado um rito, mas não é geradora de comunhão nem expressa o amor, a compaixão, a ternura e o amor do Pai.
Vida e natureza caminham juntas. “Cultivar e guardar a criação”, em defesa da vida que está ao nosso redor, percorrendo um caminho de conversão entendido à luz da Palavra de Deus. A conversão precisa chegar até o nosso coração, tocar e mudar a nossa vida, as nossas ações em defesa da vida e da criação, onde muitas vezes vemos sinais de morte que ameaçam a obra do Criador.
O progresso que traz bem estar é algo desejado e esperado por todas as realidades. Mas o progresso do bem estar econômico, que pouco se importa com a dignidade da vida das pessoas e com o cuidado do meio ambiente, mais do que esperança de vida reflete sinais de morte para todos. O Papa Bento XVI, na homilia do início do seu ministério, disse que “os desertos exteriores se multiplicam no mundo, porque os desertos interiores se tornaram tão amplos”. A defesa da vida, da ecologia do mundo onde vivemos, foi retomada pelo Papa Francisco, na encíclica Laudato Si, ele salienta que “a crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo opcional, nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial de uma existência virtuosa”.
+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul
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