Dom José Gislon – Amar e partilhar a vida

“As férias são um tempo para fortalecermos os laços familiares, para matarmos a saudade e recebermos um afago de nossas mães, para ouvirmos os conselhos do pai e, porque não dizer, para aprendermos lições para a vida, a partir da escola família”

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! As férias são um tempo para fortalecermos os laços familiares, para matarmos a saudade e recebermos um afago de nossas mães, que aproveitam para preparar o nosso prato favorito – com amor e esmero, como só as mães sabem fazer –, para ouvirmos os conselhos do pai e, porque não dizer, para aprendermos lições para a vida, a partir da escola família. Talvez não nos damos conta, ou não percebemos, que o tempo vai passando, para nós e para os nossos pais. Nós vamos crescendo, nos tornando mais seguros, e como passarinhos vamos alçando voos que nos levam para cada vez mais longe do ninho. Pode acontecer que estejamos tão empenhados com os nossos projetos, que não percebamos que o tempo vai deixando suas marcas também na vida dos nossos pais.

As férias, de certa forma, sempre nos oferecem novas oportunidades de convivência familiar, de encontrar amigos, de rever o lugar que nos viu crescer, e que sempre vai fazer parte da nossa vida e da nossa história, não importa a estrada de sucesso ou as distâncias que iremos percorrer neste planeta, no peregrinar da vida. Sempre lembro da história de um senhor que conheci, que para poder estudar saiu de casa aos nove anos, e só pode voltar depois de completar os estudos, com mais de vinte e cinco anos. Durante todo este tempo, nunca teve a oportunidade de rever sua querida mãe e seus irmãos, embora soube-se que após ter deixado a casa de seus pais, outros irmãos tinham nascido. Quando voltou para casa, depois de todos aqueles anos ele teve um choque, porque não reconheceu mais a sua mãe, nem conhecia seus irmãos, tinha se tornado um estranho na própria família. Em seu depoimento afirmava: quando parti, minha mãe era jovem, ao voltar encontrei minha mãe envelhecida, com os cabelos brancos e as marcas do tempo e do sol em seu rosto. Poder abraçá-la novamente foi o momento mais bonito da minha vida, pois tomei consciência de quanto ela era importante para mim. Por isso, você que é jovem, aproveite este tempo de férias também para conviver com seus pais, eles sempre farão parte da sua vida e da sua história, seja ela marcada por alegrias ou provações, por vitórias ou derrotas, ganhos ou perdas.

Mas para muitas pessoas que vivem continuamente trabalhando, com realidades que causam muitas vezes um cansaço físico e mental, as férias são uma oportunidade de recolhimento, para viver um tempo que favoreça mais a contemplação da natureza e o silêncio. Não é um silêncio “fuga”, mas um silêncio que reconstrói as forças e nos coloca em comunhão com o cosmos, com o eu interior, com a natureza, com divino e o humano.

Na vida de fé, o silêncio sempre teve um papel espiritual muito importante na vida das pessoas. Não se trata do silêncio como um simples calar, ou não dizer nada, mas uma atitude de confiança, de esperança, de abertura a Deus como mistério que está além das nossas palavras. O silêncio é fundamental para nos aproximarmos e comunicarmos o mistério de Deus. Não é um silêncio do não falar, não é um silêncio do não saber nada de Deus, não é o silêncio de um grande vazio, mas sim um silêncio que comunica, como quando se guarda um minuto de silêncio ou quando o silêncio fala por si mesmo.

+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul

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