Com imenso pesar, a Diocese de Caxias do Sul, em comunhão com toda a Igreja, comunica o falecimento de Sua Santidade o Papa Emérito Bento XVI, aos 95 anos, ocorrido na manhã deste sábado, 31 de dezembro de 2022, no Vaticano, em Roma
Dom José Gislon, OFMCap.
Por Mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica
Bispo Diocesano de Caxias do Sul
NOTA DE FALECIMENTO
Com imenso pesar, a Diocese de Caxias do Sul, em comunhão com toda a Igreja, comunica o falecimento de Sua Santidade o Papa Emérito Bento XVI, aos 95 anos, ocorrido na manhã deste sábado, 31 de dezembro de 2022, no Vaticano, em Roma.
Eleito Pontífice em 19 de abril de 2005, o Papa Bento XVI visitou o Brasil no ano de 2007, abrindo a V Conferência Episcopal da América Latina e do Caribe, realizada em Aparecida – SP. O Papa Emérito teve uma importante ligação com a Diocese de Caxias do Sul, pois foi Bento XVI quem nomeou Dom Alessandro Ruffinoni, hoje Bispo Emérito, como Bispo Auxiliar de Porto Alegre, e depois, em 2010, como Bispo Coadjutor da Diocese de Caxias do Sul, sucedendo a Dom Paulo Moretto, em julho de 2011. Bento XVI também nomeou Dom José Gislon como Bispo da Diocese de Erexim, em 2012; depois transferido pelo Papa Francisco como Bispo Diocesano de Caxias do Sul, em 2019.
No dia 11 de fevereiro de 2013, anunciou a decisão de renunciar ao ministério petrino. O seu pontificado se concluiu em 28 de fevereiro de 2013. Em seguida, Bento XVI passou a residir na Cidade do Vaticano, no Mosteiro “Mater Ecclesiae”, como Papa Emérito, numa vida de silêncio e oração.
Em comunhão espiritual com toda a Igreja, unida ao Santo Padre o Papa Francisco, celebremos com nossas preces e orações a Páscoa Eterna deste grande Pastor da Igreja, que dedicou toda a sua vida ao rebanho de Cristo, anunciando ao mundo o Evangelho da Salvação, como um “colaborador da Verdade”, conforme dizia seu lema episcopal.
Segundo informações da Sala de Imprensa da Santa Sé, o corpo do Papa Emérito estará na Basílica de São Pedro para a saudação dos fiéis a partir da segunda-feira, 02 de janeiro. O funeral será na quinta-feira, 05 de janeiro, às 09h30min locais (05h30min – horário de Brasília), na Praça São Pedro, presidido pelo Papa Francisco.
Dai-lhe, Senhor, o descanso eterno, e brilhe para ele a vossa luz!
Requiescat in pace. Amen.
Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul
Biografia de Bento XVI
Nascido em 16 de abril de 1927, em Marktl am Inn, Diocese de Passau na Alemanha, o cardeal Joseph Ratzinger, que adotou o nome de Bento XVI, era filho de um comissário da polícia e de um filha de artesãos. Passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilômetros de Salisburgo.
Foi neste ambiente, por ele próprio definido “mozarteano”, que recebeu a sua formação cristã, humana e cultural. O período da sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família prepararam-no para enfrentar a dura experiência daqueles tempos, em que o regime nazista mantinha um clima de grande hostilidade contra a Igreja Católica.
Precisamente nesta complexa situação, descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo; fundamental para ele foi a conduta da sua família, que sempre deu um claro testemunho de bondade e esperança, radicada numa conscienciosa pertença à Igreja.
Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de junho de 1951. Um ano depois, começou a sua atividade de professor na Escola Superior de Freising. No ano de 1953, doutorou-se em teologia com a tese “Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho”. Passados quatro anos, sob a direção do conhecido professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, conseguiu a habilitação para a docência com uma dissertação sobre “A teologia da história em São Boaventura”.
Depois de desempenhar o cargo de professor de teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising, continuou a docência em Bonn, de 1959 a 1963; em Münster, de 1963 a 1966; e em Tubinga, de 1966 a 1969. A partir deste ano de 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Regensburg, onde ocupou também o cargo de Vice-Reitor da Universidade. De 1962 a 1965, prestou um notável contributo ao Concílio Vaticano II como “perito”; viera como consultor teológico do Cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colônia.
A sua intensa atividade científica levou-o a desempenhar importantes cargos ao serviço da Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional. Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o Arcebispo de München e Freising. A 28 de maio seguinte, recebeu a sagração episcopal. Foi o primeiro sacerdote diocesano, depois de oitenta anos, que assumiu o governo pastoral da grande arquidiocese bávara. Escolheu como lema episcopal: “Colaborador da verdade”; assim o explicou ele mesmo: “Parecia-me, por um lado, encontrar nele a ligação entre a tarefa anterior de professor e a minha nova missão; o que estava em jogo, e continua a estar – embora com modalidades diferentes –, é seguir a verdade, estar ao seu serviço. E, por outro, escolhi este lema porque, no mundo atual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona se falta a verdade”.
Paulo VI criou-o cardeal, do título presbiteral de “Santa Maria da Consolação no Tiburtino”, no Consistório de 27 de junho desse mesmo ano. Em 1978, participou no Conclave, celebrado em 25 e 26 de agosto, que elegeu João Paulo I. No mês de outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II. Foi Relator na V Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos realizada em 1980, que tinha como tema “Missão da família cristã no mundo contemporâneo”, e Presidente Delegado da VI Assembleia Geral Ordinária, celebrada em 1983, sobre “A reconciliação e a penitência na missão da Igreja”.
João Paulo II nomeou-o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de novembro de 1981. No dia 15 de fevereiro de 1982, renunciou ao governo pastoral da arquidiocese de München e Freising. O Papa elevou-o à Ordem dos Bispos, atribuindo-lhe a sede suburbicária de Velletri-Segni, em 05 de abril de 1993. Foi Presidente da Comissão encarregada da preparação do Catecismo da Igreja Católica, a qual, após seis anos de trabalho (1986-1992), apresentou ao Santo Padre o novo Catecismo.
A 06 de novembro de 1998, o Santo Padre aprovou a eleição do Cardeal Ratzinger para ViceDecano do Colégio Cardinalício, realizada pelos Cardeais da Ordem dos Bispos. E, no dia 30 de novembro de 2002, aprovou a sua eleição para Decano; com este cargo, foi-lhe atribuída também a sede suburbicária de Óstia.
Em 19 de abril de 2005, aos 78 anos, o cardeal Joseph Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé,foi eleito 265º Papa da Igreja Católica depois de dois dias de Conclave, assumindo o nome de Bento XVI. O fio condutor deste pontificado foi a vontade de anunciar ao mundo o Evangelho do Amor de Cristo evocado pela sua primeira Encíclica “Deus caritas est”, para restituir “Deus ao centro” em um mundo que “a fé corre o risco de apagar-se” (Carta aos Bispos de todo o mundo, 10 de março de 2009), na consciência de que isto requer a purificação da Igreja e a conversão dos homens e das estruturas.
Seguindo o caminho de seus predecessores – de João XXIII a João Paulo II – e as linhas “programáticas” indicadas na “Deus Caritas est”, Bento XVI foi um Papa que deu muita atenção ao diálogo interreligioso e intercultural (um aspecto, muitas vezes pouco considerado do seu pontificado). Prosseguiu com perseverança, partindo da relação entre fé e razão que, junto a da caridade e verdade, foram a marca do seu magistério. A ideia de fundo que se encontra em muitos de seus discursos e escritos era que “a razão nada perde abrindo-se aos conteúdos da fé”, enquanto que “a fé supõe a razão e aperfeiçoa-a”.
No dia 11 de fevereiro de 2013, anunciou a decisão de renunciar ao ministério petrino. O seu pontificado se concluiu em 28 de fevereiro de 2013. Em seguida, Bento XVI passou a residir na Cidade do Vaticano, no Mosteiro “Mater Ecclesiae”, como Papa Emérito, numa vida de silêncio e oração.
Fonte: Diocése de Caxias do Sul
PG
Foto: Vaticano / Divulgação
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