Desfile Cultural da 19ª Fenavinho presta homenagens e renova esperança na retomada

Corso reuniu cerca de 800 participantes na Via del Vino, em Bento Gonçalves. Programação ao longo do domingo (30) também teve feira da agroindústria e recebeu público de 7 mil pessoas

O tradicional cortejo do orgulho em ser colono das comunidades do interior, expressado no Desfile Cultural da 19ª Fenavinho, ganhou ares históricos neste ano. Junto à afamada exaltação às origens, o corso trilhou por um caminho de agradecimentos, homenagens e solidariedade, domingo (30), quando cruzou a Via del Vino emocionando os espectadores espremidos à beira da Rua Marechal Deodoro.

Realizado em um momento sem precedentes por conta dos deslizamentos ocasionados pelas chuvas que levaram plantações, casas e vidas, principalmente nos distritos de Faria Lemos e Tuiuty, o desfile foi uma demonstração da união e integração que marca a existência dessas localidades. Uma forma de reforçar que, não importa a situação, Vale dos Vinhedos e São Pedro sempre estarão irmanados a eles.

Assim como toda Bento Gonçalves. Nesse desfile solidário, aqueles que se dispuseram a socorrer as vítimas da crise climática fizeram a merecida abertura do corso, que reuniu cerca de 800 participantes em 12 alas, prestigiados por 7 mil pessoas – o evento ainda ganhou realização de uma feira da agroindústria reunindo produtores dos quatro distritos. A demonstração, na avenida, foi da força coletiva responsável por aplacar os efeitos do desastre climático que mobilizou o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG) a reativar o Unidos por Bento e se aliar aos esforços da prefeitura, das forças de segurança e dos destemidos voluntários que enfrentaram chuva e lama e perigo para salvarem vidas. “Esse é um dia emblemático, que simboliza a retomada das atividades no interior, a partir do agricultor que tão bem representa a Fenavinho e o trabalho nessa cidade”, disse o presidente do CIC-BG, Carlos Lazzari.

A força do interior apareceu com os cerca de dez tratores da ala do Tratoraço. Retroescavadeiras, patrolas e caminhões, responsáveis por abrir caminhos no interior devastado, seguida pela passagem de mais de 15 viaturas da ala das Forças de Segurança e de 25 veículos, como jipes, quadriciclos e camionetes 4X4, dos grupos de voluntários, emocionaram o público. A pé, voluntários cruzaram pela avenida empunhando bandeiras dos Estados brasileiros que enviaram ajuda humanitária ao Rio Grande do Sul. Psicólogos voluntários também desfilaram. “Hoje é um dia para agradecer ao trabalho de cada de vocês. E preciso fazer um agradecimento, mais uma vez, a cada um dos voluntários, aqueles que arriscaram as próprias vidas no momento mais complicado da nossa história. Nossa população arregaçou as mangas e foi salvar os seus irmãos que estavam em Faria Lemos e Tuiuty”, comentou o prefeito Diogo Siqueira.

Ex-distritos também participam

A ala da Prefeitura, com servidores de diversas secretarias envolvidas no atendimento à população, trouxe ao desfile a esperança que volta a mobilizar a comunidade. Ela passou com um carro carregando a Pipa Pórtico, uma alusão ao turismo tão presente nas atividades enoturísticas que representam os distritos. Até ex-distritos, hoje municípios, apareceram no desfile. Monte Belo do Sul abriu a passagem deles, aproveitando para convidar o público para o 12º Polentaço, nos dias 2, 3 e 4 de agosto. Santa Tereza, município que sofreu com a cheia do Rio Taquari, surgiu na avenida destacando sua Associação Trivêneta, com o objetivo de resgatar a cultura italiana. Por fim, Pinto Bandeira, Capital Estadual do Pêssego de Mesa, se juntou à festa representada pela corte da VI Festa do Pêssego e por integrantes do Grupo Teatral Urta Con La Pansa.

A religiosidade, uma das marcas herdadas da imigração italiana na região, também passou pela avenida, com a presença das paróquias São Roque e Nossa Senhora do Rosário, abrangem os distritos de Tuiuty e Faria Lemos, respectivamente.

Fenavinho mostra releituras de carros históricos

As alas do CIC-BG e da Fenavinho encerraram o desfile ratificando o desejo de reconstrução dos distritos responsáveis, justamente, por fazer a festa. Dois carros da Fenavinho causaram nostalgia nos moradores que acompanharam as primeiras edições da festa. O carro oficial da corte da 19ª Fenavinho é uma releitura festiva do original de 1985, que celebra a beleza da azaleia cor de vinho, e transportou a Imperatriz do Vinho, Ana Paula Côrtes Foresti, e as Damas de Honra, Thaís Dall’Osbel Centenaro e Liege Sobirai. Logo atrás, desfilando a pé, estavam as embaixatrizes que concorrem à corte da 20ª Fenavinho.

Outro carro com referência a outras épocas foi o do Vinho Borbulhante. Inspirado na criação alegórica da terceira edição, em 1975, tem uma garrafa derramando vinho numa taça, fazendo alusão ao vinho encanado, em que o vinho jorra pelas ruas de Bento Gonçalves. O carro do Bodegão, espaço criado na última festa para exaltar a cultura das bodegas do interior, e o carro que carrega a pipa da Fenavinho elevaram o astral do desfile e passaram entregando vinho ao público. Dando fim às homenagens, a Ala Esventolão, instrumento que carrega a marca dos antepassados e que hoje solta papel picado como forma de celebrar a vida, passou transmitindo a mensagem de que dias melhores virão. “Vamos nos rever e prosperar mais uma vez”, disse a coordenadora do Comitê da 19ª Fenavinho, Patrícia Pedrotti. O diretor-geral da 32[ ExpoBento, que ocorre junto com a festa de 11 a 21 de julho, disse que muitos empreendimentos contam com a realização de ambas para reestabelecerem seus negócios. “Juntas, feira e festa propõe o movimento de retomada tão necessário nesse momento”, reforçou.

Feira da Agroindústria agrada produtores

Por isso, também, o evento teve a realização de uma feira da agroindústria na Via del Vino. Durante todo dia, produtores dos quatro distritos comercializaram itens como vinhos, espumantes, biscoitos, capeletti, geleias e frutas. “É uma proposta bem válida, justamente para que as agroindústrias possam vir para a rua e mostrar o seu diferencial, visto que nesse momento as pessoas não podem ir até os varejos para visitar”, disse Marcia Gallon, da Sucos Gallon, de Faria Lemos, que perdeu dois hectares de vinhedos devido aos deslizamentos de terra. Impactado de outra forma pelo temporal em São Pedro, o produtor rural Jonatas Debona também aprovou a feira. “Tudo que é incentivo para ter um alcance maior de público, para ter uma visibilidade maior, é muito bem-vindo”, disse ele, cuja produção de morango teve quebra de 90% devido às chuvas de maio e o café da família, Bonna Fragole, perdeu visitação pelos problemas logísticos.

Fonte: Exata Comunicação

Fotos: Gabriel Pfeifer – Rádio Difusora

 

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